Uma família boliviana, sonhando com um
futuro melhor, deixou o seu país e mudou-se para o Brasil. Em São Paulo,
juntaram-se a outros grupos de outros lugares e iniciaram a nova jornada,
trabalhando em oficinas de costura.
Apesar das condições de vida não serem a
que eles haviam sonhado, era um pouco melhor do que a vivida em sua terra
natal.
O tempo passou, e a família da Bolívia,
começou a sentir-se brasileira. Infelizmente, no mês de junho de 2013, após um
dia de trabalho, a família boliviana estava reunida para conversar, ver
televisão e descansar após a jornada de
tarefas. Lamentavelmente, bandidos invadiram a residência exigindo dinheiro. O
pouco que possuíam, entregaram, e mesmo assim as torturas continuaram.
Um menino de cinco anos, assustado com o
que estava acontecendo, chorou. Chorou, como qualquer criança, diante do
perigo. A mãe ajoelhou-se e aninhou seu filhinho nos braços, consolando-o,
tentando acalmá-lo. Diante do pouco dinheiro e do lamento do garotinho, um dos
assaltantes, sem piedade, atirou na cabeça do menino.
Como classificar essa atitude? Matar uma
criança, diante da família e nos braços da própria mãe.
Quem é esse assassino?
Estamos vivendo dias de perplexidade,
acompanhamos multidões dentro de templos religiosos, orando e cantando em
diversas religiões. Padres e pastores pregando a palavra santa, missas repletas
de fiéis, passagens bíblicas sendo analisadas nas rádios e televisões. Além de
outros milhares de fiéis, praticando seus rituais religiosos, apesar de tudo,
vemos aumentar a crueldade.
Mata-se pelo prazer de matar.
Violenta-se sem nenhum pudor e respeito pelo ser humano. Nunca tantos
assassinatos foram cometidos em tão pouco tempo.
Fico a refletir sobre essa discordância
social, de um lado centenas de fiéis orando e do outro lado pessoas sendo
abatidas como gado em matadouro.
O que está acontecendo com a fé? O que
está acontecendo com o amor? O que está acontecendo com o respeito?
De um lado, milhares de vozes elevam seu clamor ao céu, do
outro lado uma onda de violência não para de crescer.
O menininho boliviano é mais uma vítima
da irracionalidade humana. Ele e tantos outros meninos e meninas, homens e
mulheres estão na lista das vítimas por assassinato.
No momento em que a população
brasileira, grita por justiça social e ética na política e milhares de vozes se
erguem nos templos religiosos o crime continua sendo uma epidemia.
Estou confuso e atônito. Em minha cabeça
vários questionamentos acontecem, como uma cachoeira despejando águas em grande
quantidade. Dúvidas, muitas dúvidas em relação às ações controversas dos seres
humanos passam por mim, num emaranhado de cenas que eu não consigo entender.
Divido meus questionamentos com amigos e
percebo que eles não possuem explicações para as minhas dúvidas.
E você? Como explica tudo isso?
Edison Borba
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