Num país democrático, o povo tem o
direito à luta, logo, protestar por melhores condições de vida faz parte do
cotidiano de todo e qualquer cidadão. Organizar passeatas, abraçar monumentos,
ocupar ruas e praças, organizar vigílias são formas de protestos aceitos pela sociedade. Fazer abaixo-assinados é uma forma
de luta, que já experimentamos e através dela leis foram alteradas.
A praça é do povo como o céu é do
condor, palavras de poeta e verdade incontestável. É lindo e emocionante
participar de uma passeata, ostentando cartazes e faixas com palavras de ordem.
Multidão organizada de braços dados lutando pelo mesmo ideal, é uma imagem que
mostra como a democracia faz bem ao povo.
Pintar os rostos, sair às ruas já
demitiu até presidente.
Porém, protestar não pode ser sinônimo
de vandalismo. Depredar o patrimônio da cidade, incluindo monumentos
históricos. Destruir propriedade alheia, obstruir o tráfego impedindo a
circulação de veículos, interferindo no ir e vir das pessoas. Incendiar veículos,
apedrejar e colocar à vida de terceiros em risco, não é democrático. Não
podemos confundir baderna, violência e destruição com protesto democrático.
Também sou trabalhador e fui estudante.
O aumento das passagens de ônibus atinge de forma séria o meu salário, mas a
violência e o vandalismo, não irão demonstrar a minha indignação contra essa
atitude dos empresários e governantes.
Há dias que o Rio de Janeiro e São Paulo estão
sendo palco de um movimento que “se diz” dos estudantes, mas pela forma com que
está sendo conduzido, mais parece ação de predadores, que de rosto coberto
quebra e destrói patrimônios. Protestos verdadeiramente democráticos, não podem
servir de trampolim para um bando agir de forma “bandida”. Cidadão que sai à rua para exigir seus direitos, o faz de
cara limpa. Nos tempos da ditadura, ninguém usava máscara, mesmo sabendo que
estava colocando a vida em risco por um ideal. Cobrir a cara para apedrejar,
pichar, queimar e destruir é coisa de marginal.
O que se viu nesses últimos dias não foi
um movimento democrático e muito menos de estudantes e trabalhadores. Um bando
de desordeiros quebrou, queimou e violou os direitos dos cidadãos de bem. Os
ônibus continuarão a custar mais caro, os empresários mais ricos e o povo
pagando a conta do que foi destruído.
O dia que nós brasileiros aprendermos a
lutar com as verdadeiras armas da democracia, as aves daninhas que ocupam o
poder deixarão seus ninhos e irão pousar na cadeia. Infelizmente somos
inocentes. Ainda nos deixamos levar pela máfia que usa a população como massa
de manobra. Os infiltrados são bastante inteligentes para saberem conduzir a
massa.
A única maneira de consolidarmos o
processo democrático em nosso país é através da educação de base. Enquanto a
ignorância e o analfabetismo social prevalecer na sociedade, continuaremos a
levar vida de gado. Somos conduzidos
para os currais eleitorais pacificamente, apertamos o botão da urna eletrônica
sem sabermos o nome e o partido de que indicamos para o poder.
Enquanto agirmos dessa forma,
continuaremos a queimar pneus, pichar monumentos, levarmos tiros de balas de
borracha, quebrarmos vitrines para conseguirmos apenas, ficar com os olhos
vermelhos de tanto chorar pelo spray de pimenta.
Edison Borba
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