Quando criança, na minha infância, muitas vezes, ouvi a minha mãe cantarolar esses versinhos:
“Menina dê-me uma lima
Da limeira do seu paiSe a limeira não é lima
Assim mesmo ainda vai”
Pra pegar nas ferramentas
Pra fazer operação”
Nunca soube a origem dessas rimas,
provavelmente devem ser de alguma canção de raiz, do povo que vive “lá pras bandas”
do norte do estado do Rio de Janeiro, ou então Espírito Santo, terras onde ela
nasceu e viveu até a adolescência.
O tempo passou e “vez em quando” eu “me
alembro” deles e me pego a cantarolar esses versinhos. É uma melodia simples meio
toada que provavelmente deveria ser acompanhada pelas cordas de viola.
Tenho quase certeza de que foram com eles que ela me embalou, no berço, nos primeiros
dias de minha vida.
Percebo que no meu inconsciente a
voz daquela mulher, ainda existe, através das zangas, quando eu fazia alguma
traquinagem, ou então carinhosamente, quando me acalentava em seus braços.
Ouço a sua benção, quando corria
para o colégio, de mãos dadas com meus irmãos e, quando rapaz, as suas
orientações, para que eu me tornasse um homem digno e ético. Suas orientações,
sua sabedoria foram de máxima importância na organização da família.
Quando adulto, e dono das minhas
ações, lembro-me de sua voz cansada, sempre preocupada com a minha saúde. Até os
seus últimos dias, junto à família, ela sempre manteve a voz doce e preocupada
com o bem-estar de todos.
Mas, o que considero magnífico, é
que esses versinhos e a melodia que os acompanhava, estava sempre presente através
de tudo o que ela ensinou aos seus filhos: boas maneiras, bondade para com o
próximo, nunca ter preconceitos, orações, informações simples para o dia-a-dia
e tantos outros aconselhamentos que ainda estão enraizados em minha mente e
acredito na dos meus irmãos.
“Menina dê-me uma lima
Da
limeira do seu pai”
Quantas limeiras e limas, essa “menina”
minha mãe trouxe para casa, para seus filhos, marido e a quantidade de amigos e
parentes que sempre estiveram presentes em torno da grande mesa de madeira “ladeada”
de dois bancos feitos com tábuas de caixotes.
“Se a limeira não é lima
Assim mesmo ainda vai”
“Benção mãe!”
Edison Borba
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