Quinze de outubro ficou oficializado como sendo o
dia do Mestre ou do Professor. Atualmente esses dois termos estão sendo
substituídos por: Profissionais da Educação ou então “Tia”.
Sinceramente não sei se me agradam esses dois
últimos rótulos. Reconheço que Profissional da Educação é um termo abrangente e
mais democrático. Nele estão incluídos, todos os que labutam com a educação:
professores, funcionários, merendeiras, gestores, supervisores, coordenadores
entre outros.
Quanto à “Tia”, é difícil aceitar esse falso grau
de parentesco. Professor ou professora são profissionais que recebem
remuneração para trabalhar. O exercício do magistério não envolve
familiaridade. Não desmerecendo o carinho dos alunos, quando usam esse termo,
ele torna o profissional menos profissional.
Portanto, sou professor. Minha função é trabalhar
com um conteúdo específico e com um processo educativo abrangente. Minha
formação é para atuar pessoa a pessoa, através do processo de ensino e de
aprendizagem.
Tenho um juramento a cumprir e, lembro-me dele
todos os dias. Pertenço ao grupo de profissionais da educação, porém eu tenho
uma tarefa claramente determinada dentro dele. Tenho sobrinhos, filhos de meus
irmãos, logo sou tio e como tal não recebo nenhuma remuneração financeira,
apenas o carinho dos meus familiares.
Sou Professor! Tenho a honra de ostentar esse
título. Sou um profissional indispensável para a melhoria da qualidade de vida
de meu país. Uso a inteligência e a fala para estabelecer contato com meus
alunos. Diariamente, busco alternativas diferentes para que as minhas
explicações possam ser compreendidas por todos os que me ouvem.
Estou acima dos computadores e de todos os outros
instrumentos, que obviamente, uso para facilitar a transmissão de conteúdos.
Mas, o que acontece em minhas classes, é algo que as máquinas não conseguem dar
e nem fazer: diálogo, afeto, carinho, atenção, paciência e capacidade de me
diversificar e ser muitos sendo apenas um.
Meus dias são longos. Minhas tarefas se estendem
para além das salas de aula e dos colégios onde leciono. Preocupo-me se meus
alunos não conseguem bons resultados. Alegro-me e vibro com o sucesso de cada
um deles.
Tenho que ter muita sensibilidade para não tirar
deles a capacidade de sonhar. Preciso estar alerta para acompanhá-los e
guiá-los pelos intrincados caminhos da aprendizagem. Tenho medo de perdê-los
para as drogas e outros perigos que rondam as nossas classes.
Dias de professor são sempre ricos em emoção.
Nossos relacionamentos são instáveis. Mas nossa amizade é verdadeira. Nas salas
de aula, acontece o encontro de gerações. Ensinamos e aprendemos todos os dias.
Nas nossas divergências aprimoramos conhecimentos e consolidamos o respeito e a
amizade.
Os dias de professor são repletos de dúvidas. Será
que todos entenderam? O que fazer com os que estão em dificuldades? Como voltar
a abordar esse assunto?
Nosso trabalho só é percebido com o passar dos
anos. Trabalhamos com crianças e jovens e temos que esperar muito para vê-los
adultos. A cada ano eles voam para longe e os perdemos de vista. E novas
dúvidas repletas de saudade, nos fazem lembrar alguns e esquecer outros. Como
estarão? Será que meus ensinamentos os ajudaram?
Profissão misteriosa. Cada dia é um novo dia. Cada
turma é uma nova turma e cada aluno, um enigma a ser decifrado.
Dias de professor são dias de plantar e esperar
para colher.
Dias de professor são dias de luta e principalmente
de esperança de que essa Terra chamada Brasil, consiga despertar para a
importância da educação para a melhoria da qualidade de vida de seu povo.
Edison Borba
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