Mulher franzina, magrinha, alegre
e sorridente. No horário da manhã ela é faxineira e a partir das 14 horas é vendedora de balas e
doces, na esquina das ruas General Dionísio com Voluntários da Pátria, no
bairro do Humaitá, cidade do Rio de Janeiro.
Dona Neide, atende aos seus
clientes sempre rapidamente e com palavras de felicidade. Em pé ou sentada na
calçada, essa brasileira é uma mulher “antenada”. Sempre disposta a uma
conversa animada, mas também séria, quando o assunto é a nossa cidade ou país.
Eu a conheço faz anos, muitos
anos. Sempre que retorno do trabalho, trocamos algumas palavras. Da janela do
meu apartamento, vejo-a na luta. Correndo para atender os motoristas que
buzinam pedindo algum doce, ou alegrando crianças e jovens que passam por ela. Senhoras,
homens de negócios, gente que vai e volta das compras ou do trabalho recebe de
Dona Neide um sorriso amistoso.
Já perdi a conta dos doces e balas
que saboreei e dos quilinhos que ganhei, por ser um homem guloso. Mas, o que
melhor consegui, foi uma lição de vida.
Dona Neide é uma excelente
representante de cidadã atuante. Além das diversas tarefas do seu dia, ela não
satisfeita com a situação dos canteiros, situados exatamente na esquina onde
ela tem a sua banca de trabalho, ela, sozinha e arcando com todos os ônus,
adotou as jardineiras, que estavam abandonadas.
Retirou o lixo, o capim e a
sujeira que incomodava a todos, mas que ninguém teve a coragem de agir (eu
estou incluído neste grupo). Como sempre, culpávamos os órgãos competentes
enquanto as plantas morriam o lixo aumentava.
Foi necessário que uma franzina
senhora, colocasse as mãos na massa.
Há dias, trabalhando como uma
formiguinha, Dona Neide deu conta do recado. Mesmo, quando ouviu piadas e críticas,
ela continuou.
Os canteiros estão limpos e agora
ela está na fase de plantar novas mudas de flores. Nesse período em que ela
trabalhava nos canteiros e corria para vender seus doces, tive a oportunidade
de conversar com ela. Questionei a sua ação de lutar sozinha. Ela foi clara em
sua argumentação:
“Vendo meus doces e balas aqui e
não gosto de sujeira. E, se ninguém faz,
eu mesma faço”.
Confesso que fiquei envergonhado!
Dona Neide faz parte daquele grupo
de amigos que não frequentam as nossas casas, mas que sabemos, gostam da gente.
Conversamos, filosofamos, trocamos
informações sobre o tempo e rimos juntos
sobre algum assunto. Ela sempre preocupada em perguntar por meus amigos e minha
saúde. Eu em retribuição devolvo sorrisos e carinhos.
Mas, hoje, estou destacando Dona
Neide, como um grande exemplo de cidadania. No momento que ocupamos as ruas
para lutar por melhores dias, essa brasileira está agindo sozinha para tornar
nossas ruas mais limpas e bonitas.
Cada flor que brotar nas
jardineiras que ela cuidou, representará a força de cada cidadão brasileiro,
que anonimamente trabalha e ajuda essa Nação e crescer de forma ética, para ser
respeitada por todo o mundo.
Obrigado Dona Neide. Obrigado a
todas as mulheres guerreiras do Brasil!
Edison Borba
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