Um milhão de cidadãos nas ruas do
Brasil, por apenas vinte centavos? Por que uma quantia tão pequena movimentou
tanta gente? Duas moedas de dez centavos, ou quatro de cinco ou vinte de um
centavo que somadas chegam ao total de
vinte. Importância tão insignificante que algumas pessoas, não a recebem como
troco.
Moedas de metal, que descartamos nas
mãos de mendigos ou colocamos nos cofrinhos. No final do ano, são depositadas
nas caixinhas dos balcões das diversas lojas. Muitas vezes, as deixamos também
sobre as mesas de bar, como pequenas gorjetas para os garçons.
Apenas vinte centavos mobilizou um
país. Crianças, jovens, homens e mulheres, estudantes e trabalhadores ocuparam
ruas, avenidas e praças, por quantia tão pequena.
Brasileiros de mãos calejadas e
corpos cansados conseguiram coragem para gritar por seus direitos. São centavos
roubados da saúde, da educação, dos transportes, das moradias, dos salários, da
dignidade, da paciência, da espera, da resignação, da honestidade e de tantas
outras condições inerentes à sobrevivência humana.
Foi assim em outros momentos, o
brasileiro, conhecido como povo pacífico, pacato, indiferente e que se contenta
com samba e futebol, quando há necessidade, ele sai em busca de seus direitos.
Atenção senhores políticos, as
mordomias, os roubos, as falcatruas, as coligações e tantas outras “safadezas”
cometidas pelos senhores, está ameaçada. As dezenas de partidos e suas siglas
incontáveis estão com os dias contados. O povo foi às ruas sem partidos, isto
é, foi unido e não “REPARTIDO”. Não houve carros de som e nem líderes para
apregoar mentiras. O povo foi de povo!
Acredito que nesse momento, muitas
contas no exterior, devem estar sendo movimentadas. O envio de dólares e euros
possivelmente está saindo às pressas, escorregando para contas particulares.
Talvez algum medo esteja atormentando os nossos políticos. Talvez! É possível
que alguns estejam com receio do povo e comecem a repensar suas vidas.
Provavelmente até rezem e procurem seus orientadores espirituais para salvarem
suas almas.
Estamos numa encruzilhada: o povo
foi às ruas por vinte centavos. Mobilizou-se e outras questões surgiram. E
agora? Para onde caminhará essa multidão? O que fazer com os sonhos de mudança?
Os centavos foram devolvidos ao povo, mas a dignidade de habitar um país justo
e ético ainda não foi devolvida.
E agora? Quem vai manter a ocupação
das avenidas? Quem terá a coragem de continuar a gritar contra toda a sujeira
que envergonha nosso país? Não se pode recuar depois de tanto sonhar com
mudanças!
Quando acordarmos da ressaca de
brasilidade, corremos o risco de sermos novamente envolvidos por discursos
baratos, promessas que nunca serão cumpridas, jogos do campeonato, desfile das
escolas de samba, reality shows, mulheres frutas e tantos outros engodos que de
tanto serem degustados, já fazem parte do nosso cardápio.
O que vamos fazer? Voltar para casa
e silenciarmos por mais dez anos?
Com a palavra Carlos Drummond de
Andrade
E agora, José?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
A festa acabou,
a luz apagou,
o povo sumiu,
a noite esfriou,
e agora, José?
e agora, você?
NÃO
À VIOLÊNCIA! NÃO AOS BADERNEIROS! ESSES NÃO FAZEM PARTE DA MAIORIA TRABALHADORA
QUE TEM DIREITO A CLAMAR POR SEUS DIREITOS! SOMENTE UMA SOCIEDADE ORGANIZADA É CAPAZ
DE RECONDUZIR NOSSO PAÍS AOS CAMINHOS DA ÉTICA!
Edison Borba
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