Sem
ter o que fazer, fui até a estante peguei um livro e comecei a ler. Depois de
algum tempo de leitura percebi que já havia lido aquele romance. Insisti no meu
ato e fui descobrindo que o ato de reler é muito interessante.
Comecei
a mergulhar nas situações, que eu já havia lido, de uma forma diferente e
alguns pensamentos começaram a fluir em minha memória:
Será
que a história mudou? Ou será que fui eu?
Será
que eu mudei tanto que a história também mudou?
Na
realidade, as duas coisas aconteceram. Eu cresci, amadureci, vivenciei diversas
situações que durante a primeira leitura não havia acontecido, portanto eu
mudei, o meu entendimento mudou a minha leitura. O texto permaneceu o mesmo,
porém o tornou-se diferente para mim um
VELHO NOVO LEITOR.
Como
é interessante o ato de ler e reler.
Ler
é a arte de sonhar com os olhos abertos. Ler um livro, um texto, uma revista ou
um jornal. Ler pelo prazer de ter nas mãos histórias, aventuras, ideias com as
quais eu posso compartilhar. O autor liberta e libera os sonhos para que o
mundo possa traduzi-los em diversos idiomas e pensamentos.
Arte!
Ler é arte de fazer personagens amigos, com que eu posso dialogar, e reler é a
arte do reencontro.
Ler
é a arte da transformação. Transformamo-nos em artistas quando lemos. Artistas
de ideias de pensamentos.
Podemos
imaginar, sonhar, viajar e flutuar. Tudo
isso apenas pelo fato de ler.
O
mundo da leitura é tão individual. É tão fascinante! É tão intrigante! É
apaixonante! Mergulhar num texto, é ... vislumbrar um oceano de possibilidades.
Ao
lermos nos apoderamos do texto. Ele passa também a ser nosso. Eu tenho a
liberdade de criar um mundo diferente daquele que o autor inventou.
Capitu!
Machado
de Assis não imaginou a quantidade de enredos que os leitores criariam sobre aqueles
olhos de ressaca.
Traição?
Houve ou não houve? Cada um de nós tem a total liberdade para condenar ou
absolver os personagens deste ou de qualquer outro romance.
Se
ao lermos uma história podemos fazer as mais variadas interpretações, imaginem
as leituras que podemos fazer da vida! E se a vida for dos outros, melhor
ainda.
Cena:
um casal conversando, sentados em um banco de jardim.
Leituras:
Estão
namorando? Brigando? Apenas conversando? Que assuntos estão tratando? Quem são
eles?
E
a leitura ficará melhor, se colocarmos uma "pitada" de mistério.
Será
que são casados? Haverá traição? Estão combinando um novo encontro! Canalhas!
Traidores! Como podem fazer isso com seus cônjuges?
Será
que as pessoas de muita leitura, aqueles que já leram muitos livros, os
letrados; são os que mais possuem a capacidade de fazer releituras?
E
os iletrados, os soletrados, os que só conseguem ler devagar letra por letra,
como é que eles fazem a leitura da vida?
Será
necessário ser muito lido para ler a vida? O que é ler a vida?
Falando
em ler a vida, temos uns especialistas nesse tipo de leitura. Como é intrigante
e fascinante o mundo das cartomantes.
Presente,
passado e futuro: as cartas (não mentem jamais), as mãos (todos nós trazemos
nossos destinos escritos nas palmas das nossas mãos).
Diante
de tanta incerteza, prefiro a leitura dos matemáticos. Os números são sempre
exatos. “A ordem dos fatores não altera o produto”.
Mas
na vida o produto é alterado constantemente pelos fatos e pelos autores dos
fatos. Ou será que os fatos alteram os atores que nem são os autores. Eles
apenas cantam e dançam como marionetes, pendurados pela corda.
Assim
é a nossa vida. Cheia de leituras e releituras.
Às
vezes quando relemos o nosso passado, encontramos tantas vírgulas colocadas em
lugares errados. Se tivéssemos mudado a pontuação, talvez aquele amor não
tivesse terminado.
Por
que não coloquei uma exclamação?
Por
que fui colocar uma interrogação?
Ficamos
aqui nesta encruzilhada, sempre procurando reler aquilo que jamais poderá ser
reescrito.
Edison Borba
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