Coração,
órgão de movimentos e atitudes próprias.
Ninguém tem controle sobre ele. Trabalha
independentemente.
Habitando o nosso corpo, tem suas
próprias vontades. Age livremente e não assume as suas atitudes, mas é um
grande amigo, aquele que consideramos amigo do peito!
Usando de independência, acelera
por quem não deve, deixando , muitas
vezes, o seu dono em maus lençóis.
Orgulhoso e vaidoso deixa-se levar por
uma carinha bonita ou palavras sedutoras, ficando todo derretido como manteiga
fora da geladeira.
Por ser imprudente, muitas vezes se
envolve em situações constrangedoras. Nessas horas, o safado, deixa o sangue
subir ao rosto de seu dono, denunciando
a sua travessura, através do rubor.
É um artista, constantemente aparece nas
propagandas de todos os meios de comunicação. Na literatura, vive dando pinta
nos poemas e romances, e na música já foi e continua exaltado em todos os
idiomas.
Pode ser encontrado, gravado em troncos
de árvores, nos cadernos de adolescentes e em todos os lugares onde houver
alguém apaixonado. Nesse quesito, paixão, ele é mestre, é liberal e não tem preconceitos.
É livre, completamente livre para pulsar para quem ele escolhe
independentemente das convenções sociais.
Diverte-se com os apelidos que recebe:
coração bobo, coração bola, coração de manteiga, coração de pedra numa lista inumerável.
Sua importância é tão grande que tem seu
próprio médico. Na hierarquia da medicina, os cardiologistas são colocados
no ápice da pirâmide.
Com os transplantes, tornaram-se deuses!
Pode-se trocar de coração. Seria muito bom se todos os corações malvados
pudessem ser trocados por outros, os bondosos.
O mundo seria só felicidade!
Infelizmente, existe gente sem coração.
São perigosos. Possuem um vazio no peito, e por isso são desprovidos de amor, bondade e compaixão.
Tenho pena desses seres. Nunca saberão o
quanto é bom um coração pulando de alegria por alguém ou por algo.
Há também os ladrões de corações. Geralmente possuem cara de anjo, mas são
piratas cardíacos, roubam corações e os
mantém acorrentados muitas vezes por longos períodos. Já ouvi histórias de
pessoas que perderam seus corações e nunca mais os tiveram de volta. Que pena!
Como deve ser ruim ter o coração prisioneiro!
Tenho uma amiga que está com seu coração
partido. Ele quebrou e até hoje ela não conseguiu colar os pedacinhos. Dizem
que, mesmo depois de colado, esse
coração terá para sempre cicatrizes. Ela, a minha amiga, terá um coração
cicatrizado, marcado por uma desilusão.
As pesquisas estão apontando para novas
descobertas. Os corações nunca envelhecem, eles até podem adoecer, essas coisas
de colesterol bom e mau, provocando batimentos fora do ritmo, nesse caso é
preciso consertar. Porém, quando se trata de amor, e nesse ramo os corações são
especialistas, ele (o coração) não envelhece. São capazes de bater mais forte
quando se apaixonam. Há lindos casos de corações de sessenta batendo acelerado
por outros bem mais novos. Isso é lindo!
Nesses casos, ele (o coração, é claro!)
bate em ritmo de festa, aprimora a circulação do sangue, irriga o cérebro
permitindo ao seu dono escrever poesias, cantar e dançar e viver como
adolescente.
Uma das mais lindas homenagens aos corações
apaixonados está nos versos escritos pelo apaixonado Pixinguinha, Carinhoso:
“Meu
coração, não sei porque, bate feliz, quando te vê”.
Bater
feliz, pulsar tranquilo, executar a sístole e a diástole na batida do surdo de
uma Escola de Samba, assim deveria ser a vida dos nossos corações.
Vamos aproveitar o momento, para
cantar com Elba Ramalho:
Bate, bate, bate coração
Dentro desse velho peito
Você já está acostumado
A ser maltratado, a não ter direitos
Dentro desse velho peito
Você já está acostumado
A ser maltratado, a não ter direitos
Bate, bate, bate coração
Não ligue, deixe quem quiser falar
Porque o que se leva dessa vida, coração
É o amor que a gente tem pra dar.
Edison BorbaNão ligue, deixe quem quiser falar
Porque o que se leva dessa vida, coração
É o amor que a gente tem pra dar.
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