Ouvi esse
termo numa entrevista televisiva e fiquei realmente assustado. O tema analisado
pelo jornalista era a violência no Brasil. Foram mostrados quadros comparativos
entre o que acontece aqui e em algumas
regiões do mundo, consideradas perigosas,
como o Iraque. Para minha surpresa, o Brasil está muitos números acima dos
países considerados extremamente violentos.
Outro
momento da matéria foi realizado nas ruas. Perguntou-se a algumas pessoas, se
elas achavam natural o número de assassinatos. E mais uma vez, fiquei
pensativo: a maioria respondeu que já
estava acostumada com a violência diária.
Foi
analisando o comportamento da população diante desse quadro apavorante, que o
pesquisador usou o termo “anestesia moral”.
Estamos
ficando anestesiados, isto é, um grande número de cidadãos não sente mais nada
quando se depara com algum ato violento ou situação de pobreza. Crimes,
assaltos, acidentes, assassinatos,
usuários de drogas e miséria, já não comovem.
A vida
continua sua rotina, enquanto corpos caem ao nosso lado. É preciso manter a roda
da fortuna girando e girando. Precisamos seguir olhando para frente e dando
vivas porque a bala perdida ainda não nos achou. O motorista bêbado não nos
atropelou e a seca está acontecendo no nordeste brasileiro.
Precisamos
correr e aproveitar o máximo, pois cada minuto de vida é uma vitória.
Essa
situação anestésica foi vivenciada durante a segunda guerra mundial. Diante de
tantas atrocidades, nada mais comovia os sobreviventes. Foram necessários
muitos anos até que a população mundial resgatasse suas emoções.
Nas
últimas semanas, fomos tão atingidos por um grande número de violências e
mortes, que não temos mais vontade de escrever, comentar, analisar ou conversar
sobre esse tipo de assunto. Estamos entrando numa zona de letargia extremamente
perigosa. Quando as tragédias, não provocam nenhuma atitude de raiva, repulsa e
indignação é que estamos bem próximos de
nos tornarmos zumbis.
Muitos
brasileiros sofrem com a seca. A fome, a miséria, animais mortos, famílias
abandonando seus lares, crianças desnutridas e a falta de trabalho já nem
produzem notícias nos principais meios de comunicação. Creio que existam muitos
brasileiros que ainda não tomaram conhecimento desse trágico momento, uma das
maiores secas atinge o sertão nordestino. Nenhum movimento, nenhuma campanha
está sendo anunciada. Estamos ignorando o Brasil nordestino, sem darmos conta
de uma gigantesca tragédia nacional.
Todos
estão preocupados em se manter em equilíbrio, sobrevivendo na corda bamba do
aumento do preço dos tomates e de imaginar se estamos vivendo um momento de crescimento real ou envolvidos numa
gigantesca mentira.
Não podemos
deixar a anestesia moral tomar conta das nossas vidas. Temos que nos indignar,
reclamar, exigir mudanças e também colaborar para que essas mudanças aconteçam.
A
História é viva! A História é vida!
Edison
Borba
As reflexões pelos meios de seu discurso são realmente muito apaixonantes. Mas vale observar que o discurso do entrevistado que vc cita sugere uma ideia um tanto impulsiva das morais de se doutrinar quando diz que "a retomada dos direitos civis deve ser um processo muito monitorado e muito rigoroso, a ponto que um indivíduo que saia de uma prisão esteja convencido de que o crime não compensa". Se 'A História é viva! A História é vida!', observe natureza do discurso daquele homem.
ResponderExcluir