Senhora Josefa Aparecida, chorava mais uma vez a perda de um filho. Durante o velório de
Fernando Guerreiro Abdalla, de 29 anos, assassinado em São Paulo, dia 30 de abril de
2013. Há seis anos, seu irmão Sergio Guerreiro Abdalla, também foi assassinado,
com três tiros. Nenhum dos bandidos foi preso, o lamento de mãe que enterra
dois filhos, mortos por assassinato é impossível de descrever. Ela que ainda
sente a dor pela perda de um filho, agora perde mais um, para ladrões
inescrupulosos.
Também em São Paulo, outra mãe, lamenta
a perda de sua filha Monique de 13 anos. A menina morreu atropelada por um
jovem de 17 anos, que dirigia um automóvel roubado em alta velocidade. Ao fugir
da polícia, perdeu a direção bateu em vários carros atropelou e matou Monique.
Dona Lúcia, em desespero, abraçada ao caixão da filha,
lamentando a terrível perda, em prantos, falou: “- não dá para continuar a deixar, maltratarem nossos filhos! Onde está a lei para esses
menores? Onde está a lei? Eles estão tomando conta do Brasil! Onde está a
justiça? Não sei de onde estou tirando forças para aguentar? Um assassino tirou
a vida da minha bebê! Minha filha está morta e ele, por ter 17 anos ficará
livre!”
Duas mães em desespero diante da morte
de seus filhos. Não consigo imaginar o tamanho dessa dor. Dizem que não há nada
pior do que enterrar um filho. Não é
apenas a morte de uma pessoa, de um cidadão qualquer, é um filho. Morre junto com ele os
sonhos, os cuidados, a gestação, as alegrias, as esperas, os abraços, os carinhos
a família, o futuro e a esperança de continuar vivendo.
Como preencher o vazio? Como ficar esperando à volta do trabalho ou da
escola? Como entrar no quarto vazio e
ver uma cama que nunca mais será desfeita? O que fazer com a roupa ainda por
lavar e que guarda o cheiro do filho morto?
Que o lamento dessas duas mães, possa
sensibilizar nossos políticos e autoridades, no sentido de reverem as leis e os
códigos penais usados no Brasil. A polícia prende e a justiça liberta. Os juízes
afirmam que estão agindo segundo o que consta no código penal. Enquanto essa
discussão permanece, outras mães irão lamentar a perda de seus filhos.
No segundo domingo de maio, quando
comemoramos o dia das mães, quem terá coragem de abraçar Dona Josefa e Dona
Lúcia?
Edison Borba
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