(por) Edison Borba
Há dias os gritos daquela mulher atravessam os corredores do
edifício. No silêncio das madrugadas seus lamentos circulam por todo o prédio.
Ela chora, lamenta e grita. Grita, chora e lamenta. Pede
socorro.
Alguns vizinhos fecham as janelas e portas tentando se
livrar daquela voz estridente e lamentosa.
Socorro! Me soltem! Quero morrer! Sons quebrando o silêncio
da noite.
Em alguns momentos ela delira e fala sobre o seu aniversário
Estou sozinha, repete! Quero o meu bolo. Ela grita!
Ela pede socorro. Diz que vai morrer e chora!
Seus soluços entram em nossas casas. Nem as trancas
conseguem evitá-los. Ela incomoda! Ela irrita! Ela assusta!
Gritando por seu cachorrinho imaginário, ela diz que o
mataram. Seu choro misturado a gritos e lamentos assustam a todos os moradores
do edifício.
Ela transformou-se numa criança. Que tristes lamentos!
Os gritos da mulher assustam. Acusam. Amedrontam.
Assumimos uma culpa que não tems.
Os lamentos dela são como uma navalha em nossa carne.
Novamente os gritos! Ela está gritando agora! Os gritos!
Estou quase a gritar por ela!
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