quinta-feira, 29 de agosto de 2013

DEPRIMENTE

           Uma das mais deprimentes cenas do cenário político brasileiro, foi a do Senhor Natan Donadon agradecendo de joelhos, aos seus  companheiros (comparsas), que usando do voto secreto, na Câmara dos Deputados, decidiram pela NÃO cassação do seu mandato.
A deprimente cena foi parte da encenação do triste espetáculo circense, que acontece constantemente nos palácios dos políticos brasileiros. O discurso do Senhor Donadon foi estarrecedor, constrangedor, triste, ridículo e debochado.
Nós eleitores, sentimo-nos humilhados diante de tanta sordidez. Impossível não ficar indignado, com a manutenção do voto secreto, dos marginais no poder, das roubalheiras sem limites que assolam o Brasil.
No mesmo dia que o triste espetáculo em Brasília, era encenado em rede nacional, agricultores e criadores de gado no interior do Piauí, choram a morte dos animais e a perda total de suas lavouras. Para tornar o quadro mais chocante, esses trabalhadores rurais são obrigados e renegociar dívidas bancárias, assumidas para manterem suas lavouras.
Assistir as lágrimas do homem do campo e um deputado de joelhos é de matar qualquer cidadão de bem.
Não é possível continuarmos convivendo e vendo cenas como estas acontecerem diante das câmeras de televisão e principalmente diante dos nossos olhos.
Deprimente!
Edison Borba

terça-feira, 27 de agosto de 2013

BATE PONTO ...



No momento em que o Brasil importa médicos para suprir a carência de profissionais. No momento em que se denuncia a calamidade que acontece os hospitais públicos. No momento em que a morte ronda à saúde pública brasileira, vem à tona a “quadrilha do bate o ponto”. Mais uma vez, Isabele Benito, jornalista do SBT (Sistema Brasileiro de Televisão), coloca o dedo na cara de alguns médicos da cidade de Araruama, que apenas marcam o ponto e não trabalham.  Que vergonha! Uma farra de médicos e médicas que sem nenhum escrúpulo deixam pessoas abandonadas à própria sorte. Como definir o comportamento de profissionais que desrespeitam um dos mais sérios juramentos, o de Hipócrates. O pior disso tudo, é que sabemos, que outras quadrilhas do “bate ponto”, existem em diversas cidades de vários estados brasileiros. Os médicos cubanos que chegaram para trabalhar no Brasil, sob protestos de  outros colegas, de profissão, são cada vez mais bem vindos, diante deste tipo de situação.
A “farra do bate ponto”, abre caminho para que outros médicos, de outros países, encontrem os braços abertos dos brasileiros, que não aguentam mais conviver com tantos desmandos e descasos. É lamentável!
Edison Borba

domingo, 25 de agosto de 2013

PARANOIAS “NOVELÍSTICAS”

           As telenovelas têm sido  veículo de demonstração de algumas paranoias humanas. É frequente, assistirmos em diferentes emissoras e nos diversos folhetins, situações interessantes, esdrúxulas e inusitadas, como: “eu quero ter um filho”, “eu quero você”, “eu quero ficar rico”, “eu quero vingança”, “quero deixar de ser virgem” entre outros “mórbidos” desejos, em que o “eu quero, custe o que custar”, transforma galãs em vilões e mocinhas em bandidas.
A enlouquecida vontade de querer ter alguma coisa  ou alguém, transforma-se, em paranoia.
Procriar, produzir um filho, encontrar família biológica ou vingar-se, move as tramas e enriquecem os desejos sublimados de muitos espectadores. Diferentemente do teatro, em que a trama acontece de uma só vez, as telenovelas, alimentam as loucuras através de doses homeopáticas.
Dia após dia os desejos enlouquecidos dos personagens contaminam a população, que toma partido e torce pelos bons, mesmo quando eles demonstram atitudes antiéticas, para satisfazer algum tipo de desejo. Durante a trama surgem questões que prendem o telemaníaco diante do televisor, esperando ansiosamente as soluções para as loucuras do autor, como:
Até quando a donzela permanecerá intacta?
Até quando a herança cairá nas mãos  dos falsos parentes?
Até quando a mulher será enganada pela melhor amiga?
Até quando a mocinha vai estapear a malvada?
Até quando o exame de DNA permanecerá trocado?
Até quando a sofrida mãe vai aguentar as maldades da filha cruel?
Essas dúvidas transformam a vida dos seguidores dos folhetins numa paranoia crescente. Deixa-se de ir ao cinema e ao teatro; compromissos são adiados e atrasos para o encontro são explicados por  desculpas “esfarrapadas”. Tudo isso  para não perder o capítulo, que pode ser revelador. Meses de espera e no dia que mocinho saberá quem é seu verdadeiro pai, aparece um compromisso inadiável. É para enlouquecer um bom noveleiro.
E assim vamos vivendo, novela após novela com o controle nas mãos, para permitir sofrer com duas histórias em emissoras diferentes, mas que são exibidas em horários semelhantes.
Loucas e doces paranoias que se repetem, mas conseguem nos manter diante do televisor sofrendo, chorando e sonhando com o beijo do último capítulo.
Eu sou um noveleiro assumido!
Edison Borba
 

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

REFLEXÕES DE UM EDUCADOR

         Durante anos atuando como educador, algumas reflexões foram feitas em salas de aula, em reuniões acadêmicas ou encontros de pais e responsáveis. Outras aconteceram em momentos de solidão, quando  imerso em meus pensamentos, analisava  o meu ofício de ensinar. Muitas reflexões  se perderam com no tempo. No ano de 2010, em uma entrevista, alguns dos meus pensamentos foram registrados. São eles, que estou dividindo com  meus amigos, os leitores.
 Edison Borba
>”O ambiente escolar deve ser propício para que professores e alunos tenham a liberdade de pensar, criar e avaliar as atividades diárias. Não são as leis e as ordens que farão acontecer as interrelações disciplinares, mas o clima democrático que se estabelecer nas Unidades de Ensino”.
>“Cada vez mais a família e o mercado precisam de pessoas com senso de observação, criatividade, curiosidade e com disposição para mudanças”.
 >”É triste sabermos que um país das dimensões do Brasil e tão rico ecológica e geograficamente, não consiga perceber, que para ser respeitado pelo mundo como Nação, precisa cuidar melhor dos profissionais da educação, das suas crianças e jovens”.
> “Não se constrói espírito empreendedor, na idade adulta. Essa ação é inata nos indivíduos. Porém cabe ao processo educativo fazê-la aflorar ou não. Cada sala de aula deve oferecer desafios capazes de fazer com que essa atitude inata possa se desenvolver”.
>”Não podemos continuar com um ensino alienado das questões socioambientais”.
>”Nossos alunos precisam entender que todos os conteúdos escolares estão interrelacionados, e que eles são importantes para a abertura de oportunidades no mundo moderno”
>”Distribuir computadores e outros aparelhos não resolve o problema educacional brasileiro. É preciso capacitar os professores, criando espaço para que eles possam se atualizar constantemente, desenvolvendo novas metodologias educacionais. Para que isso aconteça, as relações entre docentes, gestores e secretários de educação tem que ser harmoniosa e que haja diálogo entre todos os interessados no processo educacional”.
>”O que acontece dentro das escolas não pode ser alienado ao nosso cotidiano. Necessitamos transformar nossos jovens em cidadão capazes de serem empreendedores das suas próprias vidas”.
>”Estamos vivendo uma crise na educação informal (familiar e social) que está se refletindo nas salas de aula”.
>”Atualmente temos grandes dificuldades para fazermos com que as sociedades reduzam a quantidade de lixo produzido diariamente. Temos dificuldades também no que se refere as leis e a sua aplicabilidade. Como educar crianças e jovens, diante dos maus exemplos recebidos constantemente?”
>”As escolas refletem a sociedade nas quais elas estão inseridas. Portanto, trabalhar com educação no Brasil,  é muito difícil”.
>”As questões educacionais não são resolvidas apenas com a criação de leis e regras. Não basta criar disciplinas, estabelecer conteúdos e ordenar aos professores que as sigam. É necessário que mudemos a essência comportamental humana. Isso leva muito tempo!”
>”Infelizmente, no Brasil, o processo educacional não é levado a sério pelas autoridades que dirigem o País. Os professores, estão quase sempre sofrendo pressões e tratados como inimigos do poder”.
>”Pobre da nação que não investe no processo educacional do seu povo”.
Edison Borba – Professor / Educador / Coordenador Pedagógico do PINCE.
 

terça-feira, 20 de agosto de 2013

O POVO UNIDO ...

          Na década de sessenta, em plena ditadura militar, as vozes se uniram nas ruas usando como palavra de ordem: “o povo unido jamais será vencido!”
O tempo passou, a ditadura acabou e  o grito de ordem se calou. Com o retorno do processo democrático, a reconquista do processo eleitoral, imaginava-se que essa frase ficasse apenas nos livros de história como uma referência a um tempo que marcou de forma triste, a vida dos brasileiros. Porém, o sonho não foi tão lindo como o imaginado. Presidentes eleitos, empossados, aplaudidos e exonerados, foram desfilando diante dos olhos do povo. O reatamento com a tão sonhada democracia fez com que o poder nas mãos de alguns homens se transformasse numa terrível arma.
Lamentavelmente, passados os momentos de euforia, o tão sonhado governo do povo, para o povo e pelo povo, foi se tornando uma nova ditadura. Apenas as formas e os locais de tortura mudaram o padecimento dos brasileiros já não acontece nos quartéis, mas nos hospitais, escolas, ruas, comunidades e até diante das câmeras de televisão.
Os torturadores usam ternos elegantes e não se preocupam em esconder seus rostos. Desafiam a população com discursos hipócritas e sorrisos irônicos. É  uma das piores torturas que se conhece no mundo, pois não acontece nos porões escuros dos quartéis.
Nesse momento, milhares de brasileiros, sofrem em busca de conseguirem algum tipo de atendimento nos hospitais públicos. As cenas são tipicamente de guerra: pacientes nos corredores, em macas sem higiene, alguns atendidos no chão. Partos acontecendo até em banheiros. A calamidade está por todos os estados do Brasil. O sofrimento da população que não tem  dinheiro para sustentar um plano de saúde, é extremamente grande.
Médicos e doentes são torturados aos olhos da população. Anos de corrupção e de verbas desviadas, transformaram os locais de saúde em campos de concentração. Os mortos catalogados em números estatísticos, que são manipulados, como nos tempos da ditadura militar. Infelizmente, a tão sonhada democracia, não aconteceu como se esperava. Em alguns pontos ela até existe (em outros tempos eu não estaria escrevendo esse texto), porém o descaso, e a falta de honestidade, dos atuais governantes é assustadoramente cruel, eles jogam sujo, enganam, subornam, desviam, riem, rapinam, debocham sem pudor e nem piedade. Assustador é saber que seus descendentes (filhos, netos, sobrinhos) estão sendo preparados para dar continuidade às corrupções de seus pais, avôs e tios. Alguns já estão colocando em prática o que aprenderam, e ocupam estados, municípios e cidades e usando de novas e modernas táticas de tortura contra a população.
“O povo unido jamais será vencido!” voltou.
Há uma força jovem, que também herdou de seus ancestrais o desejo de ir à luta, sair às ruas e buscar justiça. Nossos hospitais públicos são os maiores símbolos do sofrimento do povo. As imagens mostradas diariamente pelos veículos de comunicação estão sendo um dos muitos motivos de união e de voltarmos a afirmar, que: “O povo unido jamais será vencido!”
Edison Borba

 

domingo, 11 de agosto de 2013

REENCONTRO

            Após muitos anos de sua partida, eu ainda sinto a sua falta. Creio que hoje, a saudade é bem maior do que era ontem, Sinto uma vontade de reencontrar, abraçar, conversar ou até ficar em silêncio, ao seu lado, sentindo o calor de seu corpo.
Tenho receio, que com o passar dos dias eu perca contato com os pequenos detalhes de nossa amizade.
De sua voz, pouco ficou, era um homem calado, digo até silencioso, a sua presença era tão forte, que seus gestos transmitiam as mensagens que eu precisava ouvir. Era alto, para mim, um gigante. Mãos calejadas transmitiam o quanto de trabalho ele executava. Seu avental era um símbolo do seu ofício. Não consigo visualizá-lo sem o seu uniforme manchado, indicando para mim o quanto esse homem produzia para manter a família. Havia em um dos seus dedos, na mão esquerda um anel de ouro com a imagem de São Jorge, santo de quem ele era amigo. Talvez, grande parte da sua força viesse da sua devoção ao santo guerreiro.
Cresci imaginando histórias sobre aquele homem, que saía de casa antes do meu acordar e que muitas vezes eu não  via chegar, pois o sono era mais forte do que meu desejo de vê-lo. Quantas vezes,  rezei para “Papai do Céu”, implorando para que a fada do sono, não viesse fechar meus olhos, antes do seu retorno. Algumas vezes fui atendido e lembro-me  da alegria de vê-lo abrir a porta, rosto cansado, mas sempre tranquilo. Numa sacola o pão, que nunca faltou em nossa mesa, à marmita e as suas ferramentas.
 Eu gostava de ver esta cena e o imaginava um gigante, um herói, e criava em minha cabeça cenas cinematográficas em que ele sempre vencia as batalhas.
Hoje, após tantos anos sem a sua presença, percebo que as minhas fantasias de criança, eram verdadeiras, ele foi um herói, todos os dias enfrentava como um gigante as árduas tarefas que seu trabalho exigia, para manter sua família, sua casa, seu lar.
Cresci  tornei-me homem e sai pelo mundo, levando comigo  os exemplos desse anônimo cidadão brasileiro. Nos momentos difíceis, sua imagem me animava e me ajudava a continuar. Pensava no anel, e pedia a São Jorge, que me ajudasse a vencer os dragões da maldade.
Certo dia, meu herói deixou o campo de batalha e seguiu  outra estrada. Levado por anjos ele caminhou por um caminho de luz.
Chorei como menino que caiu da bicicleta; zanguei reclamei e até desafiei a natureza por tê-lo tirado de minha vida.
Hoje, sonho com um reencontro. Sei que ele nunca deixou de cuidar de mim e de toda a família. Guardo em meu coração a sua imagem,  sigo seus exemplos e tento ser para os meus descendentes um cidadão de bem, um gigante, um herói, como o meu pai.
De Edison Borba para “seu” Oswaldo e para todos os pais do universo!

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

A DIFÍCIL BUSCA PELA PAZ

         Desde que no Rio de Janeiro, foram implantadas as UPPs (Unidades de Policias Pacificadoras), estamos acompanhando a dificuldade de se resgatar, uma sociedade que passou muitos anos, vivendo sob o domínio de um força “extra-terrena”, da qual  ordens e até mesmo certos “cuidados e agrados”, emergiam.
Está ficando cada vez mais evidente, que ainda estamos na fase de ocupações, as pacificações estão longe de serem conseguidas. Apesar das muitas mudanças, o processo ainda levará algum tempo, pois se trata de uma via de mão dupla. A polícia encarregada de “pacificar” as comunidades, precisa se adaptar aos hábitos e costumes de cada local ocupado. Ao se colocar num grupo social, elementos de  outro grupo, cria-se uma expectativa de ambos os lados. Diversos incidentes já aconteceram tendo os militares como os causadores do desequilíbrio,   deve ser dificílimo para um  policial, viver num local adverso ao seu.
O processo de adaptação é ambivalente. Os moradores, sabem que resíduos da  “marginalia” ainda são encontrados nos becos e vielas, mantendo uma ameaça velada. Os policiais que sabem da existência desse resíduo  tornam-se sensíveis a qualquer movimento. Esta instabilidade ainda deverá durar algum tempo. O processo de ambientação é demorado e exige mudanças comportamentais bastante sérias.
Para tornar o processo de pacificação mais rápido e consistente  será necessário o óbvio: saneamento, escolas, creches, limpeza urbana, melhores condições de locomoção, humanização ambiental que aliados à segurança policial, poderá fazer com que a paz seja implantada.
Porém, mesmo com tudo o que foi descrito acima, a paz para ser alcançada num sentido amplo, e não apenas em comunidades e localidades, de forma endêmica, é necessário mudanças no país. Enquanto houver desvio de verbas destinadas principalmente à saúde e educação essa tão almejada paz está muito longe do território brasileiro. Prefeitos ladrões, senadores que não temem a justiça  usando o Brasil como parque de recreações, deputados carreiristas e vereadores corruptos, continuaremos a ser a república das bananas.
 O Brasil precisa aprender a varrer a casa deixando o velho hábito de colocar o lixo sob o tapete. Com o passar dos anos a quantidade de resíduos já começou a apodrecer e não há mais tapete que consiga cobrir tanta sujeira.
Nossos políticos, empresários, emergentes, secretários e tantos outros que ocupam lugar de destaque nas colunas sociais, com raras exceções, são responsáveis pela dificuldade em se obter a tão sonhada paz.
O problema brasileiro é epidêmico, mesmo pacificando comunidades, vilas  e bairros, a doença continuará até que se descubra um soro que inocule moral e ética e paralela a ele, uma vacina, que possa erradicar o mal ou então os malvados.

NOTA: -DIAS 8 E 9 DE AGOSTO DE 2013.

Rio - Dois suspeitos morreram após confronto com policiais militares durante operação em comunidades do Lins de Vasconcelos, na Zona Norte, na manhã desta sexta-feira. A dupla ainda foi encaminhada para o Hospital Salgado Filho, no Méier, mas não resistiu aos ferimentos. Um adolescente de 17 anos foi apreendido.  Os PMs encontraram ainda 3,5 kg de maconha, 1,5 kg de pasta de cocaína e 100 papelotes da droga. O material foi levado à 25ª DP (Engenho Novo).

A ação é realizada por cerca de 300 militares dos Batalhões de Operações Especiais (Bope), de Choque (BPChq), de Ações com Cães (BAC) e do Grupamento Aeromarítimo (GAM). Veículos blindados e helicópteros dão apoio aos policiais. O objetivo da incursão é cumprir mandados de prisão e checar informações do setor de inteligência.

Mais de 1.500 alunos ficam sem aula

A Secretaria Municipal de Educação informou que, de acordo com a 3ª Coordenadoria Regional de Educação, uma escola municipal e cinco creches municipais estão sem atendimento nesta sexta-feira, DIA 8 DE AGOSTO,por conta da operação policial no Lins. As unidades atendem 1.558 alunos.

Continua sem solução o caso do pedreiro Amarildo, desaparecido na Comunidade da Rocinha.

COMO É DIFÍCIL ENCONTRAR A PAZ!

Edison Borba

MENINO NÃO MATA

           Em setembro de 2011, esta crônica foi escrita e publicada no livro “Complexo de Viúva e outras crônicas” lançado em junho de 2013. Após mais de um ano, ela se torna atual, através da tragédia ocorrida em São Paulo, na qual um menino aparece como o possível agente da sinistra trama.
Mais uma vez ficamos na dúvida se a vida imita a arte ou a arte imita a vida. Só  resta refletir sobre o ocorrido e tentarmos evitar que mais meninos e meninas sejam os protagonistas de grandes tragédias.
Edison Borba
      “Menino empina pipa e roda pião. Coleciona figurinha e brinca de “bafo-bafo”. Joga bola e brinca de pique-esconde. Menino constrói carrinho de rolimã, vira cambalhota e sobe em árvores. Menino corre pelo campo, apostando corrida com o vento. Junta botões para fazer um time. Pula carniça e deita na grama olhando o céu passeia pelas estrelas. Com galhos de goiabeira, faz bodoque coloca elástico, e tem atiradeira para caçar pássaros imaginários. Desce pelo escorrega e balança em gangorra. Brinca no parque, onde o balanço faz o menino voar bem alto e chegar quase no céu. Guarda bolinhas de gude em saquinhos de pano e na hora do jogo, teca de longe empurrando a redondinha para dentro da búrica. ”Marraio, feridor sou rei” é grito de guerra antes de iniciar a partida, valendo tampinhas de refrigerante. Quanta coisa faz parte do mundo de um menino.
Ler gibi, e pensar que é um super-homem, correndo com um pano vermelho amarrado no pescoço ele é capaz de vencer todos os bandidos do mundo. Lutando espada com cabos de vassoura vira pirata pronto para salvar a mocinha.
Mundo de menino está sempre recheado de fantasia. Herói, rei ou cowboy num passe de mágica tudo se transforma. Um pedaço de corda, um galho de árvore e lá vai o Tarzan dominando a floresta, montando elefantes e nadando em rios de alegria.
Uma varinha, um cachorro, um pedaço de pau ou uma pedra fazem parte da coleção de meninos. No bolso de sua roupa, existe um mundo de objetos, que ele é capaz de recolher pelas suas andanças, porque menino é caminhante e colecionador.
Patinetes, patins e tombos. Joelhos ralados e iodo. Mãe soprando para passar a dor. Casquinha do machucado exibida como troféu. Pernas de meninos são para correr, pular, subir em muros, árvores e viver cheinha de cicatrizes. Menino é menino. Sua ocupação maior é inventar brincadeiras. Estudar também faz parte do seu mundo encantado. Livros coloridos de histórias e desenhar um montão de coisas são momentos de paz e tranquilidade na sua rotina.
Arma de verdade. Balas de verdade. Tiros de verdade. Professora atingida e menino suicida. Sangue no uniforme, no chão, nos cadernos, na vida. Isso não é coisa de menino!
Morte. Infância perdida. Pavor. Escola fechada. Não faz parte do mundo dos meninos!
Menino não brinca com revolver. Menino responde a chamada. Copia do quadro a lição ensinada. Decora as datas estuda tabuada. Faz conta e faz de conta que é um príncipe.
Mas, menino assustado com medo dispara. Adeus brincadeiras. Adeus companheiros. Menino foi embora dormir nas nuvens, vagar no universo. Conquistou vida eterna.
Adeus menino! Descanse na paz!
            Menino não mata! Não se mata!”
Livro – COMPLEXO DE VIÚVA E OUTRAS CRÔNICAS
Autor: EDISON BORBA  - All Print Editora / SP / 2013

sexta-feira, 2 de agosto de 2013

VOLTE PAPA! VOLTE!

            Após uma semana da partida do Papa Francisco do Rio de Janeiro,  a cidade voltou a servir de encontros e desencontros entre policiais e traficantes. Tiros, balas perdidas, escolas e creches fechadas e população assustada. As passeatas, tomadas por vândalos voltou a colocar a violência nas ruas.       
Volta Papa, volta,  por favor! Quem sabe  a sua presença possa ajudar a esclarecer o paradeiro do Amarildo e a justificar os atos pouco coerentes de uma polícia que deveria ser pacificadora, mas que vive, perdendo o controle.
A sua presença nas passeatas, talvez ajude a afastar os violentos, de cara coberta e o “demo” no coração dos movimentos realmente democráticos.
O Senhor,  através do seu sorriso e palavras sutis, poderia nos ajudar a mudar as atitudes de alguns dos nossos governantes e empresários. Quem sabe os seus conselhos sobre humildade, conseguisse conter um pouco (apenas um pouco) a roubalheira que assola o Brasil.
Volte Papa! Os brasileiros vão fazer uma “vaquinha” para pagar a sua passagem de avião na classe turística, do jeito que o Senhor gosta, além de ajudá-lo a carregar a sua pequena mala.
Venha para ficar mais dias, talvez fixar residência aqui no Brasil. Acredito que a sua permanência deverá ser longa. Nossos problemas são muitos, mas o pior de todos é a índole de alguns brasileiros. Sem distinção de classe social, a discriminação por aqui é sutil e velada, mas é bastante veemente. Pessoas são rejeitadas, isoladas e agredidas por questões raciais, sexuais, religiosas e culturais.
Senhor Jorge Mario Bergoglio, Papa Francisco, volte e traga para nós a paz do outro Francisco, o de Assis. Venha para nos ensinar a ter mais cuidado com a natureza, precisamos aprender a amar as plantas e os animais. Continue aqui, não precisa ser no Rio de Janeiro, pode ser no Amapá, São Paulo ou no Tocantins, o importante é tê-lo aqui junto a nós. Só temos receio do Senhor, optar por Brasília, e querer se hospedar na área  política da cidade. Será muito perigoso para Vossa Santidade, sozinho provavelmente não terá forças para tocar em tantos corações maldosos. Apesar de confiarmos na sua força espiritual, tememos pela sua saúde e segurança, uma vez naquela área, V.Sant., poderá ficar refém de uma poderosa máfia, e nesse caso, somente um grande milagre poderá salvá-lo, ou então, a volta do homem das sandálias de pescador.
Papa Francisco, estamos começando uma grande campanha: “Volte Francisco, volte!”
Por favor, não demore, ou então será tarde demais!
Edison Borba
 

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

BRASIL AUSENTE!

Atenção senhores governadores, prefeitos e secretários para a chamada. Vamos começar a nossa aula sobre “Aspectos da Educação Brasileira”. Responda SIM, os que estiverem interessados no tema deste encontro:
ACRE (ausente); ALAGOAS (ausente);  AMAPÁ (ausente); AMAZONAS (ausente); BAHIA (ausente); BRASÍLIA  (ausente); CEARÁ (ausente); DISTRITO FEERAL (ausente); ESPÍRITO SANTO (ausente);  GOIÁS (ausente); MARANHÃO (ausente); MINAS GERAIS (ausente); MATO GROSSO (ausente); MATO GROSSO DO SUL (ausente); PARAÍBA (ausente); PARÁ (ausente); PERNAMBUCO (ausente); PARANÁ (ausente); PIAUI (ausente); RIO GRANDE DO SUL (ausente); RIO GRANDE DO NORTE (ausente); RIO DE JANEIRO (ausente); SANTA CATARINA (ausente); SERGIPE (ausente); TOCANTINS (ausente).
Lamentavelmente, a turma toda está ausente, ignorando tudo o que se refere à educação. Não demonstram nenhum interesse pelo assunto, nem pelos professores e alunos. Os prédios, chamados de escola, a maioria está em péssimo estado de conservação. A turma de faltosos não faz o trabalho de casa, não estudam e vivem gazeteando as aulas. O que eles querem é aproveitar a hora do recreio, para comerem a merenda dos estudantes, o que fazem com grande prazer.
Até quando vamos continuar a assistir de camarote a morte da inteligência brasileira. Morrem sonhos, ideias e ideais, quando falta educação de qualidade. O descaso com o nosso sistema de ensino,  é notável. O desvio das verbas é constante e se repete em muitos municípios, como também se repetem os  políticos, e a descendência dos que estão no poder. São gerações e gerações, filhos, netos além de outros graus de parentesco garantindo a manutenção do feudo brasileiro. Seus descendentes estão matriculados em escolas privadas ou estudam no exterior, sendo preparados,  para dar continuidade a tudo o que seus pais e avós fazem, isto é, nada a favor do povo trabalhador.Uma nova geração de malandros já começa a surgir nas eleições. Enquanto isso, muitos  brasileirinhos são obrigados a caminhar horas para chegar às escolas. Caminhos de lama e sofrimento que também são percorridos pelos professores. Veículos públicos escolares, quando existem, colocam em risco a segurança dos alunos, que chegam para as aulas cansados,  com pouca energia para o aprendizado.
O Brasil ausente tenta cobrir o sol com a peneira, quando inauguram escolas  maquiadas, geralmente em cidades prósperas e com bom retorno de votos. Doam alguns computadores e alardeiam que estamos vivendo imersos no mundo  “internético”. Grande mentira, estamos atrasados, muito atrasados, quanto ao nosso processo de ensino e de aprendizagem. Não é por falta de inteligências e nem de boa vontade dos educadores, a maior causa do nosso atraso está diretamente ligado à falta de responsabilidade de um sem número de governadores, prefeitos e secretários de educação, além de outros que formam uma grande máfia, que sucateiam os cofres públicos.
É lamentável! É triste! É de se chegar às lágrimas! Sem medo de estar exagerando: o quadro educacional do Brasil é um dos piores do mundo. Quem estiver duvidando, consulte dados principalmente dos municípios de interior brasileiro. Lembrando,  que o Brasil não é só capital e litoral. É preciso pensar num país de dimensões continentais, com uma enorme diversificação cultural, onde muitos municípios ficam tão  isolados, que suas prefeituras, criam leis, e agem sem que ninguém consiga intervir nos desmandos de vereadores e prefeitos.
Para os alunos faltosos na aula sobre a situação educacional brasileira, nota ZERO!
Para refletir:
Enquanto escrevia esse texto um menino de sete anos, aluno de uma escola municipal de Apodi, no Rio Grande do Norte, era atropelado por um caminhão “pau de arara”, usado para transportar alunos da região.
A secretária de Educação local afirmou: “Esses carros só são usados no transporte da zona rural onde os ônibus não têm acesso. É muito difícil conseguir ônibus para trabalhar nessas regiões”.
Lamentável!
Edison Borba