Foi
aplaudindo, que grande maioria da população brasileira recebeu a informação de
que o Brasil seria a sede da Copa Mundial de Futebol. A forte campanha que
antecedeu à escolha amorteceu a capacidade de perceber que o problema não
estaria nos jogos, mas na grande armação que aconteceria a partir deste
fatídico dia, 30 de outubro de 2010.
Uma
fantástica campanha promocional anunciava que o futebol voltava para casa, após
a grande derrota de 1950. Chegara finalmente a hora da vingança! Cada
brasileiro sentiu-se um jogador e vestiu a camisa canarinho.
Iniciava-se
naquele momento a orgia financeira.
Quando
os organizadores do evento escolheu doze estados para sediar os jogos, já havia
uma divisão de bens, sendo planejada. . A grande extensão territorial do país
deu margem para uma enganosa democratização da festa. Nenhuma região deixaria
de participar do grandioso espetáculo e todos os governadores teriam seus “ganhos”.
Provavelmente,
o primeiro sentimento contrário à realização da Copa, veio da “distraída” boca
do jogador, Ronaldo, ao falar impensadamente que os estádios eram mais
importantes que os hospitais, com a frase: “Não se faz copa do mundo com
hospitais!”
Neste
momento ficou claro, que morra o povo, mas salvemos o jogo!
Reações
populares foram ouvidas em vários cantos do país, que passou a olhar com mais
cuidado para as fortunas gastas na
construção das arenas.
Porém,
em meio à pobreza e miséria, um a um, os majestosos estádios foram erguidos,
com sangue e cimento.
A
ganância dos empresários e políticos, sob o manto da FIFA, deu início, a um dos
maiores escândalos financeiros do Brasil. Obras, adiadas, verbas recalculadas, prazos
modificados, tudo acontecendo a céu aberto como numa grande partida entre o
povo e poder. Os juízes exigindo um padrão FIFA, para as arenas mesmo que para isso
a população fosse jogada aos leões. Os hospitais, como afirmou o famoso atleta,
continuaram sangrando as escolas
emudecidas e o povo vagando sem rumo.
Como
massa de manobra, a população, rendeu-se à intensa propaganda esgotando os
ingressos, que foram comercializados a preços exorbitantes.
Mais
uma comprovação, do que cantou Zé Ramalho:
“Se tem água de chuva e luz do sol
Pode ser o país do futebol
Mas não é com certeza o meu país”
E
novamente em outra de suas composições:
" Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz
Eh, ôô, vida de gado
Povo marcado, ê
Povo feliz"
A
força da mídia, continuou agindo, construindo obras de propaganda, muito bem
direcionadas, para cada região do país, incluindo até o acarajé da Bahia, para
derrotar as equipes de futebol, rivais ao Brasil.
As
cidades que abrigarão as diversas comitivas estrangeiras têm seus egos
alimentados e sentem-se honradas com este privilégio. Todos, ou quase todos os
brasileiros, esqueceram os problemas socais e abraçaram o evento.
INFELIZMENTE,
o problema não está na realização dos Jogos da Copa Mundial de Futebol.
INFELIZMENTE,
o problema está no Brasil, mais especificamente nas mãos de alguns brasileiros,
que fazem desta pátria uma oficina de prazer.
Por
que doze arenas? Por que tantas suntuosas construções? Por que padrão FIFA? Por
que tantas alterações nos calendários das obras? Por que alguns empresários são
beneficiados? Por não aproveitar o que já existia? Por que não realizar os
jogos no padrão brasileiro? Por que temos que ser obedientes à FIFA?
Estas
e outras questões estão nos nossos pensamentos, e ainda existem outras, muito sérias:
O
que vai acontecer com estas arenas? Quem irá mantê-las? Qual o futuro destes
“elefantes brancos”? Quem vai pagar por toda essa farra?
INFELIZMENTE,
deixamos o joio crescer no meio do trigo e estamos embaraçados pelos cipós que
nos amarram através de uma intensa lavagem cerebral, feita de forma excelente
pela mídia. Os jogos irão acontecer!
Talvez
seja a hora de seguirmos uma proposta de outro atleta brasileiro, que é
considerado o atleta do século:
“Pelé pede para
brasileiros esquecerem a manifestação e apoiarem a seleção”
INFELIZMENTE
...
Edison
Borba