segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

QUASE VERDADE

Eu juro que vi uma velhinha, com idade acima de noventa anos, levantar um caixote cheio de melancias. Juro que é verdade. Posso chamar um amigo do meu sobrinho, o Zé da Zinha. Isso mesmo, Zé da Zinha. Esse apelido é produto da mistura do seu nome José e o da sua mulher,  Zildinha. Ele presenciou o fato ao meu lado e pode confirmar o que vou contar.
Estávamos numa localidade por nome de Lagoa dos Camarões, que fica lá pelo norte do país. É o  único lugar  do mundo que tem uma lagoa onde se  pega camarões com a mão. São tantos crustáceos, que a pequena cidade, já está vendendo esse produto para toda a Europa.
Quem pode confirmar esse fato (dos camarões) é o Dr. Geovandro, advogado, o mesmo que impediu que o filho do seu Abigorna, fosse decapitado.
Lá na cidade de Lagoa dos Camarões, ainda existe a aplicação da guilhotina. Os lagoenses,  orgulham-se de ter descendência francesa. E foi por essa condição que Aleontino, o filho do senhor Abigorda, quase teve a sua cabeça decepada.
É bom lembrar que Aleontino, é neto da velhinha que levantou o caixote cheio de melancias. O inacreditável fato, presenciado por mim e testemunhado pelo Zé da Zinha.
Voltando à situação do Abigorna, que se envolveu com a justiça por roubar frutas.
O rapaz,  foi apanhado  pulando a cerca do sítio da viúva do senhor Virgulano, dona Fartosina.
O sítio de dona Fartosina  é  todo plantado de goiabeiras. Tinha goiaba branca, goiaba vermelha e até araçá. Apesar do toda essa fartura, a viúva, não permitia que ninguém tirasse sequer uma fruta do seu quintal. Era triste ver todo aquele desperdício.
E foi em tempos de “goiabação”, que a mulher do Aleontino, grávida de oito meses, sentiu vontade de comer a tal fruta. Um daqueles desejos que precisam ser satisfeitos, para que a criança não venha a nascer com cabelo arrepiado.
Existem vários estudos de cientistas lagoenses, que comprovam essa situação. Como exemplo temos o filho de Bartolina, casada com Donivaldo: ele nasceu com  o cabelo arrepiado. O menino já está com mais de cinco anos e não tem gel nem creme que faça o cabelo do garoto assentar.
Motivo: a tal mulher quando  grávida, teve desejo de comer umbu com farinha. Infelizmente, não foi possível satisfazê-la. O pobrezinho do menino, filho de Bartolina com Donivaldo é conhecido na cidade como porco – espinho. Pobre garoto!
Foi por esse motivo que Aleontino, neto vovó das melancias, resolveu pular a cerca e pegar algumas goiabas  do sítio da viúva.
Conta dona Cardolina, que passava pela estrada na hora do acontecido, que a proprietária, quando viu o invasor em seu terreno, pegou uma espingarda a mandou fogo no intruso. Porém,  a arma “deu de coice”.  Devido ao pouco uso e ao excesso de ferrugem  as balas pipocaram dentro do cano do trabuco, deixando a cara da viúva, toda suja de pólvora, sujeira que perdurou por mais de mês.
Levado ao tribunal, Aleontino foi inocentado pela brilhante defesa do Dr. Geovandro, escapando de ser guilhotinado.
Hoje, lá em Lagoa dos Camarões, todos os cidadãos cultivam goiabas em seus terrenos. O prefeito baixou uma ordem para que  goiabeiras fossem plantadas em todas as ruas. São tantas frutas, que os moradores da cidade esqueceram os camarões e passaram a exportar goiabas e seus derivados, como geleia e outros doces.
A senhora que levantava caixotes de melancias, atualmente é funcionária numa empresa exportadora de goiabas. Ela é  carregadora de caixas. Trabalha mais de oito horas por dia e está sendo cotada para integrar o livro dos recordes.
A sua produção,  é superior a de todos os outros trabalhadores.
Você não acredita nessa história?  Então faça uma visita à cidade de Lagoa dos Camarões, cujos eleitores já cogitam mudar o nome do local para Império das Goiabas.
Assino e dou fé no que foi escrito com o testemunho do Zé da Zinha.
Edison Borba
 

 

quinta-feira, 27 de dezembro de 2012

Rio 40 Graus

          Rio 40 graus
          Cidade maravilha
          Purgatório da beleza
          E do caos

                                    Fernanda Abreu
Ultrapassamos os 40 graus. Explodimos em calor. Rio, cidade maravilhosa virou um purgatório. Belezas dissolvidas em suor e cerveja. Abano, leque, ar refrigerado, ventilador vale tudo para amenizar o purgatório.
Sorvete, água gelada, entrar nas lojas e dar o golpe do ventinho (ficar olhando os artigos só para esfriar a cabeça), não se importar se a fila do banco está longa, mas  a refrigeração é perfeita.
Rio mais de 40 graus, temperatura recorde. Asfalto grudando a sola da sandália, aquela que solta às tiras. Pele ardendo mesmo tendo usado aquele creme que o vendedor ambulante garantiu que era importado. Ônibus lotado e desodorante vencido.
Tudo isso e muito mais é o Rio, querido Rio, um purgatório de felicidade. A praia está poluída, mas as águas refrescam nosso corpo e o sol mata as bactérias.
Sonolência, preguiça, indolência e calor. Muito calor. Cinema, delícia de cinema, o filme? Que filme eu quero mesmo é me refrescar.
Rio 40 e muitos graus, da Fernanda Abreu, que cantou esse purgatório do samba, suor e muito chope.
Guarda-chuva vira sombrinha. O magro poste oferece uma sobra de sombrinha, mas que é muito bem-vinda.
As árvores. Nossas árvores, queridas árvores que cortamos e matamos sem piedade. Queremos vocês e suas sombras. Juramos protegê-las. Por favor, voltem a crescer nas ruas do Rio 40 e muitíssimos graus.
Rio do calor e da sensação térmica. Uma coisa é uma coisa. Outra coisa é outra coisa. Calor é quem provoca a sensação térmica, que é maior que o calor. Dizem que é por causa da umidade do ar. Eu que pensei que umidade era sinônimo de “refrescação”.
Que horror, descobri que sou ignorante. Mas com esse calor, como pensar? Meus miolos estão fervendo dentro da caixa craniana. Acho que está saído fumaça pelas minhas narinas.
Rio mais de 40 graus, amo você assim mesmo.
É, um purgatório, mas amanhã chega uma brisa e voltamos a curtir tudo de bom que existe nesse lindo purgatório.
Rio de Janeiro - Cidade maravilhosa!
Edison Borba

IMAGENS PERDIDAS

Durante um espetáculo em que não houve restrições quanto ao uso de material fotográfico, fiquei impressionado com o número de pessoas preocupadas em registrar em suas câmeras, a apresentação dos artistas.
Próxima à mesa que ocupava, uma jovem passou noventa por cento do tempo de show, com sua máquina, captando imagens em sua pequena máquina.
Não sendo ela uma jornalista ou fotógrafa profissional, me surgiu uma dúvida: o que faria com aqueles registros?
Irá colocá-los em sua página da internet para que seus seguidores saibam que ela esteve naquela casa de espetáculos?
As fotos irão comprovar a sua presença, apenas a presença física. Ela perdeu momentos emocionantes. Deixou de ouvir a linda voz da cantora, o solo de violão, o encontro do convidado com todos os músicos.
Ela não conseguiu colocar em sua máquina, as emoções.
A febre de imagens que assola o mundo é assustadora. Imagens, imagens e mais imagens. Apenas imagens sem vida. Dezenas, centenas e até milhares de registros captados e lançados em páginas e páginas de blogs e face-books, para serem esquecidas.
Efêmeros registros de nada servem. Algumas fazem “sucesso” ou causam  impacto ou até mesmo escândalo, e nada mais.
Quantos momentos são perdidos por nossos olhos. Quantas sensações deixam de ser captadas por nossas almas. Quantas emoções perdidas.
Os olhos são o registro da alma. Uma vez captado, eternizado ficará. Nossos cérebros são o grande arquivo, que estão ficando vazios.
Arquivos de fotos abandonados em computadores. Não podem ser levados no bolso e na bolsa. As fotos não podem ser  acariciadas e até beijadas.
Tenho amigos que se orgulham de ter centenas de fotos em seus arquivos. Fica uma pergunta: para que servem?
Eu também tenho fotos em meu arquivo eletrônico. As mais significativas, passo para o papel e as mais queridas estão exibidas em quadros (porta – retratos) espalhados por meu apartamento. Às vezes troco. Mudo de posição ou até mesmo de foto. Porém, elas estão ali perto de meus olhos e de meu coração. Outras, arquivadas em meu cérebro. Às vezes posso revivê-las em minha alma. Quando a saudade bate à porta do coração, deixo que elas escorreguem para que possa sentir as emoções do dia em que foram registradas.
Estou me lembrando da moça que estava no show, o que ela terá feito com tantos registros?
Será que ela guarda alguma emoção daquela noite?
Qual a música que ela mais gostou?
Em que momento o show foi mais romântico? Será que em seu coração existe algum registro ou tudo já está abandonado em mais uma página da internet?
Edison Borba

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O PODEROSO VERÃO

Quando chega o verão, um “frisson” toma conta dos jornalistas brasileiros. A maioria tece maravilhas sobre a mais brasileira das estações. Praias, banhistas, sorvete, alegria, sol, passeios e felicidade são mostrados como símbolos de tão belo período do ano.

O verão é tratado como o maior bem que os brasileiros recebem. Quase tudo, aqui na terra de Vera Cruz,  gira em torno da estação do sol.

Nessa época o Brasil se transforma numa imensa praia. É possível entrevistar banhistas até em Teresina, capital do Piauí. Loucuras do poderoso verão!

As outras estações do ano não recebem o mesmo tratamento, começam e terminam, sem grandes rapapés.

Quem vive abaixo da linha do equador, tem o sol por testemunha, desse encantamento pelo calor, praia, pele bronzeada e tudo o que se pode viver no verão.

O outono, pobre outono, é colocado num caixote de frutas e encostado  num cantinho qualquer, como se bananas, peras, laranjas, caquis, umbus, tangerinas entre outras delícias do pomar não tivessem a mínima importância para a saúde dos seres vivos.  Ele fica amarelo de vergonha, por não ser lembrado com a mesma alegria do outro, que muitas vezes invade o seu período. Triste e macambuzio,   junta-se às  folhas secas e se recolhe, até  que chegue a vez de ser notado, nem que seja somente no calendário.

O inverno, esse  fica gelado por ser tão esquecido. Aqui nos trópicos,  não tem prestígio. Seus dias são vacilantes e muitas vezes ele é tão fraco que precisa da  amiga chuva, para ser notado. Sua mágoa aumenta, quando os empresários do mundo da moda, não lançam nem um simples casaquinho, nas suas coleções.

Na Europa ele é muito respeitado. Muitas vezes chega arrasando, coloca às temperaturas o chão. Exibe-se  com muita neve e geadas entre outros fenômenos. Os estilistas criam figurinos extravagantes abusando dos casacos e botas.

Vejamos o caso da querida primavera. Ela é a que mais sofre com a presença do poderoso verão. Por ser muito vaidosa, precisa de elogios. Mesmo sendo a responsável pelas cores, odores e  flores e sendo apontada como a estação do amor, fica ofuscada pelo verão. Todas as vezes que se referem a ela, uma associação com o senhor do calor é feita imediatamente.  No mundo da moda, ela nunca está sozinha, as coleções sempre são de primavera – verão.  Ela está rotulada como  uma estação de transição.

Os comerciais,  usam-na  como ponte para a chegada do seu sucessor. Seus  meses são usados para abrilhantar o senhor todo poderoso verão.

Existe um antigo ditado popular, que diz: “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, nesse caso, ele o poderoso verão está com a força. Além ser um cara esquentado, ainda recebe mais lenha dos comerciais. Se acha o dono dos 365 dias do calendário brasileiro. Apoiado principalmente por alguns jornalistas,  está cada vez mais forte. Já existem estudos que afirmam que seus graus estão aumentando gradativamente. A sua intima relação com o sol, faz com que sua força esteja sendo sentida na nossa pele, mas até nesse item ele leva vantagem. Os vendedores de cremes para proteção e hidratação ficam cada vez mais ricos.

Deixo registrado o meu apreço ao outono, ao inverno e a doce primavera. Não sintam-se rejeitados, vocês formam um ciclo, são interdependentes, ele sozinho não existe, pois “uma só andorinha não faz verão”.

Edison Borba

terça-feira, 25 de dezembro de 2012

ALGUÉM TEM QUE FAZER

Fato: paciente sofre em  hospital a espera de atendimento.. Profissionais da saúde deixam de trabalhar, por conta das comemorações de final de ano.
Fato: já se tornou banal, jornalistas através de entrevistas, questionarem sobre a relação trabalho  / festividades. Perguntam a diversos profissionais, como eles se sentem por estarem exercendo suas funções nas noites festivas. Questionamentos, que levam o trabalhador, a não ter  orgulho de produzir, mas a mágoa de estar atuando enquanto outros se divertem.
Essas entrevistas são perigosas e de forma indireta provocam rancor no profissional.
Fato: alguém tem que fazer a vida continuar.
O transporte, os hospitais, as delegacias policiais, os serviços de manutenção além de outras atividades não podem deixar de serem executadas.
Fato: todo cidadão ético deve saber quais as regras que norteiam sua profissão.
Mais uma vez os noticiários desse dia vinte e cinco de dezembro de dois mil e doze, nos deixam tristes pela falta de atendimento na área da saúde.
Denúncia: plantonistas trocaram seus horários deixando a rede de saúde a descoberto.
Fato: paciente sofre sem atendimento.
Fica difícil entender todas as manifestações de felicidade, amor e harmonia desejadas nesta época, diante da irresponsabilidade de alguns profissionais.
Alguém tem que fazer!
Impossível imaginarmos que as ceias de confraternização se transformem em banquetes para a negligência. Não faz sentido, usar as festividades, o encontro com a família, as comemorações  como álibi para o não cumprimento com o dever.
A educação profissional tem que estar intimamente relacionada com a educação emocional que por sua vez deve estar em sintonia com ética e cumprimento do dever.
É muito importante que se desenvolva a consciência profissional como um ato de prazer. Ser responsável para com o cumprimento das nossas obrigações também leva a felicidade. Não podemos imaginar uma  festa alegre e feliz, tendo como participantes, profissionais que deixaram suas tarefas a descoberto.
Fato: alguém tem que fazer!
Edison Borba
 

O BAFO DO NOEL

Jurandir levantou as mãos para cima, em um gesto de súplica. Mais uma vez ele fora escolhido para ser o Papai Noel da festa que a família de sua mulher organizava  para comemorar o Natal.
Desde o casamento com Aurora, que sua sogra o elegeu como o bom velhinho. Agora, passados quase dez anos, ele tentava se livrar desse encargo.
Novos genros foram acrescentados à família, portanto, poderia haver um revezamento. Porém, dona Cotinha, mãe de sua querida esposa, insistia na sua representação natalina. Ele sabia que a nobre senhora, curtia vê-lo suando em bicas, vestindo aquela fantasia de veludo, usando peruca e barba postiças. Havia também as botas, o cinto e as luvas. Era uma forma de  vingar-se dele, o primeiro genro, o que casou-se com a sua filha favorita.
Além de vestir a velha roupa vermelha, mofada e roída pelas traças, Jurandir, tinha que aturar as brincadeiras dos convidados. E para finalizar a quente noitada, havia o saco com presentes, que a cada ano ficava mais pesado.
Como se livrar desse doloroso martírio: essa era uma questão que atormentava o Jura.
Mas este ano, o genro sofrido pensou em algo que o livraria definitivamente desta obrigação.
Pensou em algo que deixasse todos os convidados chocados e então sua sogrinha o expulsaria da festa,  assim ele estaria livre do martírio.
Com a cabeça fervendo no óleo da vingança, Jurandir aceitou tranquilamente o pacote com a surrada fantasia de Noel.
Como de costume, no dia da festança, sua mulher saiu de casa mais cedo, para colaborar na organização da ceia.  Seu esposo seguiria mais tarde, dirigindo seu possante automóvel, um Passat verde, 1998, com o saco de presentes no banco do carona.
Mesa posta, bebida no gelo, crianças fazendo algazarra, som ligado e galera se esbaldando. Dona Cotinha, correndo de um lado para outro, fiscalizava tudo. Genros, noras, filhos e filhas, sobrinhos, netos, cachorro, periquito, vizinhos, papagaios tudo misturado numa loucura maravilhosa. A sogra do Jura se orgulhava da festa mais animada da comunidade. Sua casa ficava de portas abertas. Era confraternização total. Sendo assim, o saco com os presentes este ano estava mais pesado, pois além da família, havia também o presente para os filhos dos vizinhos.
Relógio marcando as horas. O tique – taque dos ponteiros informando vagarosamente a chegada da meia noite. Amigos, parentes, convidados e penetras cantavam “jingle-bell” na expectativa da chegada do Jura, o Papai Noel.
As doze badaladas foram ouvidas, todos emudeceram aguardando a entrada triunfante do bom velhinho. Os minutos foram passando, as crianças começaram a chorar, os adultos a comentar e dona Cotinha a se transformar numa cobra pronta para picar e matar o genro.
A confusão deu lugar à preocupação. Aurora, a esposa, chorava nervosamente. Uma das suas cunhadas,  consolava-a, tentando fazer com que  entornasse um copo de vinho tinto, tirado do garrafão. Geladinho!
Após, quase uma hora de espera, um convidado, que ainda estava lúcido propôs saírem à procura do “Juranel”, que havia sido apanhado numa blitz da Lei Seca. Fora recolhido ao xadrez pelo alto teor etílico em seu sangue, dirigir embriagado e desacato às autoridades.
Jurandir passou dois dias na cadeia, distribuindo os presentes entres seus companheiros de cela, feliz e longe da sogra. Seu plano saiu melhor do que ele havia imaginado.
Dona Cotinha foi encontrada no telhado, tentando entrar na chaminé. Atualmente encontra-se numa casa de repouso, Lar Noite Feliz.
Edison Borba
 

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

LISTA DE NATAL

       PROVIDENCIAR:

DOCES
           SALGADOS

FAMÍLIA
           PRESENTES

AFETO
           CRIANÇAS

BRINCADEIRAS
           PINHEIRINHO

RABANADA
            DOCILIDADE

FAROFA
           ABRAÇOS

BACALHOADA
            SINCERIDADE

RISOS
            PERU

            FAROFA                                                             
            SAUDADE

PANETONE
           ALEGRIA

SOLIDARIEDADE
           GARGALHADAS

BRINDES
            HARMONIA

SOBREMESA
           SALADA

BATATAS
            LEMBRANÇAS

CARTÕES
            TELEFONEMAS

FOTOS
           AMIGOS

AMOR

Importante: reservar o melhor lugar à mesa, para o mais importante dos convidados.

JESUS, o aniversariante!

FELIZ NATAL!

Edison Borba

sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

UM HOMEM E SUA BARRIGA

Era uma vez um homem alegre, gentil e trabalhador. Não era  absolutamente um modelo de beleza. Não tinha abdômen de tanquinho e não malhava em academias. Mas, era um exemplar razoável da espécie humana.
Seus  conhecimentos sobre diversos assuntos, faziam dele um cara respeitado.  Não havia um assunto, que o interessante cavalheiro (isso ele sabia que era – um “gentleman”) não tivesse algo a acrescentar. Falava bem e cativava a todos com sua palavra. Era um orador carismático.
Porém, o destino havia reservado para ele uma surpresa. Sem que percebesse, seu volume biológico  aumentou gradativamente. Dia após dia, alguns quilos foram acrescentados a seu peso. Como ele não era “antenado” em questões de estética corporal, não se ligou no que o rei Roberto, foi sábio quando cantou – “tudo que eu gosto, é proibido e engorda”. E ele engordou!
Então, essa história muda completamente seu caminho, desde que o respeitável homem aumentou sua área corporal. Desde que as balanças, passaram a rodar o ponteiro quando ele chegava. Desde que suas roupas subiram de número. Desde que em seu cinto, foram acrescentados mais alguns furos. Desde que tudo isso aconteceu ele perdeu espaço na sociedade.
Quando chegava a algum lugar, não era mais  indagado sobre seus estudos. Ninguém perguntava sobre que livros ele havia lido ou  que filmes teria assistido. Seus companheiros e alguns amigos perderam o interesse sobre os seus conhecimentos.
Sua barriga passou a ser o grande destaque! Ganhou personalidade e vida própria. Todos passaram a ter interesse apenas por ela.
Observações  do tipo:  “Como você está gordo!” / “Que barriga!”, passaram a ser usadas em todos os lugares que aquele Homo sapiens chegava.
Foi então que o nobre cavalheiro percebeu que a sociedade poderia ser dividida em grupos.
A partir dessa nova situação, passou  a classificar as pessoas  quanto às observações que lhe eram dirigidas, em:
- Educadas:  as que se calam diante de uma situação que não lhes diz respeito.
- Amigas: aquelas  que de maneira delicada e sutil, perguntam sobre a saúde.
- Pouco educadas:  fazem estardalhaço, falam alto e apontam o dedo para o gordo.
- Hipócritas: destilam sutis sugestões estéticas para demonstrarem o quanto são esbeltos e belos.
- Perversas: praticam o bullying social.
- Indiferentes: nem percebem quem engordou ou emagreceu.
Além desses tipos, outros foram catalogados num extenso dicionário de seres humanos.
O homem dessa história atualmente vive tranquilo com sua barriga. Ela se tornou a sua grande amiga. Além de companheira é sua confidente. São inseparáveis. Nela ele confia plenamente. Muitas vezes podemos vê-los conversando animadamente, nas ensolaradas tardes de verão.
Edison Borba
 
 

FIM DO MUNDO

Depois de passar o dia todo ouvindo comentários sobre o fim do mundo, mergulhei no baú da saudade e encontrei essa  música de Carmem Miranda, “E O MUNDO NÃO SE ACABOU”. Apesar de se tratar de uma letra escrita nos anos trinta, ela continua atual. Em pleno século vinte e um, diversas pessoas, adotaram atitudes bem semelhantes das que estão na letra desta interessante música.
Leiam com atenção e vejam que o ser humano, mesmo tendo progredido muito principalmente na área tecnológica, em relação ao comportamento relacionado às superstições, as atitudes continuam semelhantes.
Vale a pena curtir essa letra com calma e relacionar com as diversas notícias publicadas em jornais e revistas nas últimas semanas.

Boa diversão!

E O MUNDO NÃO SE ACABOU

Anunciaram e garantiram que o mundo ia se acabar
Por causa disso a minha gente lá de casa começou a rezar
E até disseram que o sol ia nascer antes da madrugada
Por causa disso nessa noite lá no morro não se fez batucada

Acreditei nessa conversa mole
Pensei que o mundo ia se acabar
E fui tratando de me despedir
E sem demora fui tratando de
aproveitar

Beijei na boca de quem não devia
Peguei na mão de quem não conhecia
Dancei um
samba em traje de maiô
E o tal do mundo não se acabou

Chamei um gajo com quem não me dava
E perdoei a sua ingratidão
E
festejando o acontecimento
Gastei com ele mais de quinhentão
Agora eu soube que o gajo anda
Dizendo coisa que não se passou
Ih, vai ter barulho e vai ter confusão
Porque o mundo não se acabou
Edison Borba

 

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

ENTÃO É NATAL

      Mais uma vez as ruas estão iluminadas, pessoas apressadas lotam as lojas em busca de presentes. Podemos sentir no ar o cheiro agradável das guloseimas que serão servidas durante a ceia. Listas de convidados, relação de amigos e brincadeiras são organizadas.
Em todos os lugares do mundo, famílias se agitam para o encontro em torno do pinheiro colorido. Sem dúvida, é um período mágico. Mesmo, os mais pessimistas e alguns rabugentos não conseguem diminuir essa onda de alegria que envolve os lares.
Brinquedos, roupas, perfumes, sapatos e tantos outros objetos serão distribuídos entre amigos e parentes. Receitas  reativadas e nas mesas serão servidos quitutes da vovó, bolinhos da querida tia e até o assado que só aquela prima que mora em outra cidade, mas que virá para a festa, sabe fazer.
Tudo se transforma numa doce loucura. Reencontros, lágrimas de felicidade, gargalhadas e muito barulho das crianças.
Sem que possamos controlar, vem aquela saudade de pessoas queridas. Alguns estão longe, em outras cidades e até países. Outros porque estão morando em outra dimensão. Lembrá-los causa nostalgia e muitas vezes, uma  lágrima deixa claro, que eles ainda fazem falta.
Então é Natal, e a magia dessa data nos enche de esperanças.
Deixemos que o encantamento desse dia entre em nossas casas e transforme nossas vidas.Mais uma vez é chegada à hora de celebrarmos o nascimento do Salvador.
Vamos cantar parabéns para o verdadeiro dono da FESTA.
JESUS é o aniversariante.
Não podemos esquecer que é DELE o lugar mais importante à mesa.
A ELE todas as honras e glórias.
Edison Borba
 

 

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

ANATOMIA COMPARADA


Tenho um amigo com = olhos de lince.

 Uma  vizinha com = língua de serpente.

 Um  chefe que  comanda = com garras de leão.

 Meu dentista quer  = que eu tenha dentes de jacaré.

Conheço gente  com = abraço de urso.

Minha sogra tem  = voz de araponga.

Conversei com  um cara com = hálito de urubu.

Meu professor tem  = memória de elefante.

Minha tia quando ri = lembra uma hiena

Tenho uma prima que = é lenta como uma tartaruga.

Tem muito político que = chora lágrimas de crocodilo.

A amiga de minha irmã = é alta como uma girafa.

Porém

Meu amor = tem lábios de "mel".

Edison Borba

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

ANJOS

      Saí de casa  atordoado com uma notícia recebida por telefone. Nervoso, aguardava o ônibus que teimava em demorar a chegar. A espera me deixava mais tenso. Mergulhado em toda a angústia que dominava meu cérebro, não conseguia segurar as lágrimas.
Foi nesse momento de tensão que reparei num menino, que do lado oposto da rua me olhava com carinho e sorrindo, me acenou com sua pequena mão.
Numa fração de segundos em meu coração se fez a paz. Me senti tranquilo e toda a aflição que estava sentindo desapareceu.
O tempo passou, a situação foi resolvida e a imagem daquele menino se manteve em meus pensamentos.
Desde então passei a observar, que existem criaturas circulando entre nós,  que pertencem a outra dimensão, são os anjos.
A pressa, o excesso de compromissos, as agendas lotadas, as múltiplas atividades que exercemos, nos tiram a capacidade de percepção da existência desses seres divinos.
Eles surgem, nos momentos difíceis de nossas vidas, disfarçados em crianças, animais, homens ou mulheres. Acenam para nós, sorriem, fazem gestos sutis de gentileza, são amáveis e  desaparecem.
Muitas vezes só percebemos que um deles cruzou nossos caminhos, quando lembramos o sorriso, a mão estendida, a palavra de consolo, o gesto carinhoso que nos trouxe tranquilidade.
Esses incríveis seres, são  leves como as plumas e suaves como a brisa. Surgem sutilmente,  desaparecendo sem nos dar tempo de agradecermos a gentileza recebida. Deixam o ar perfumado e uma incrível paz. Eles estão em todos os lugares do mundo e são responsáveis por momentinhos de felicidade, que sentimos sem saber o motivo.
Desde o dia em que tive a honra de ter um deles acenando para mim,  tenho tido o cuidado de percebê-los e acatá-los para poder retribuir o encantamento que recebi.
Imagino que o mundo seria muito ruim; sem a presença desses seres angelicais. Apesar de tantas atribulações e conflitos que acontecem diariamente, sentimos que algumas tragédias poderiam ter sido mais graves do que foram.
As forças do bem existem para manter o equilíbrio em nosso planeta. São os anjos, criaturas divinas, que nesse momento podem estar próximos de nós, sem que possamos percebê-los.
Edison Borba
 

 

domingo, 16 de dezembro de 2012

SALVE O CORINTHIANS


“Salve o Corinthians o campeão dos campeões”.

“Eternamente estás em nossos corações”.

“Tu és o orgulho dos recordistas do Brasil”.

Hoje, domingo, dia 16 de dezembro de 2012, o Brasil vibrou com a vitória do Corinthians. Clube de São Paulo, que levou para o outro lado do mundo as suas cores misturadas com o verde e o amarelo brasileiro.

Salve seus jogadores.

Salve seu  treinador.

Salve a nação corintiana.

Sou vascaíno por tradição e coração.

Sou vascaíno e trago a cruz de malta em meu peito.

Sou torcedor do gigante da colina.

Sou vascaíno do estádio de São Januário.

Sou bacalhau com  muito orgulho.

Sou brasileiro.

Onde houver algo que represente o gigante da América do Sul, meu país, com todas as qualidades e defeitos, lá eu estarei.

Hoje, estive no país do sol nascente, como vascaíno, brasileiro e momentaneamente corintiano.

Salve o Corinthians!

Edison Borba

 

 

sábado, 15 de dezembro de 2012

A LÁGRIMA DO PRESIDENTE

        A furtiva lágrima que teimou em deslizar pelo rosto do Senhor Presidente, transformou-se num oceano, ao se juntar com  as outras lágrimas que brotaram dos olhos de todos os homens e mulheres de bem  do planeta terra.
         O homem responsável por uma grande nação, um Senhor respeitado e poderoso, chefe de um importante país, mostrou-se  humano,  sensível, ao expressar a dor de pai.
         Impossível não ficar chocado, assustado, emocionado, estarrecido diante do massacre de qualquer ser vivo, principalmente de crianças.
         Não existe explicação para o acontecido. Lamentavelmente, outros países, incluindo o Brasil, já vivenciaram  tragédia semelhante.
         Às vésperas de um novo ano, em pleno século vinte e um, cercados por incríveis aparelhos tecnológicos e por descobertas científicas importantíssimas, ficamos estarrecidos com o comportamento da nossa espécie.
         Diante de tão brutal acontecimento, precisamos refletir sobre algumas questões:
         Será que a selvageria do homem das cavernas ainda está presente no genoma humano?
         Que mecanismos acionam esses fatores, determinando atitudes bestiais?
         Apesar de tanto progresso, como estamos educando nossas crianças?
         Essas muitas outras questões precisam ser pensadas e analisadas para que não tenhamos que chorar por vidas perdidas.
         A lágrima do Senhor Presidente, deve servir de alerta para o mundo.
         Guerras, terrorismo, massacres, vandalismo, preconceitos e tantas outras atitudes que assolam o nosso planeta, estão se tornando cada vez mais frequentes. É hora de procurarmos soluções pacíficas para o nosso mundo.
         Talvez, se todos os presidentes de todas as nações  aprendessem a chorar, suas lágrimas provocassem uma grande onda capaz de gerar a paz em todos os nossos corações.
Edison Borba
 

SER SÓ

      Sou

      Sozinho

      Solitário

      Somente

      Só   

      Sem

      Segredos

      Silencioso

      Sentimental

      Sou

      Só

      Sentimentos

      Sentindo

      Solidão

      Sou

      Sereno

      Sei

      Ser

      Só

      Serenamente

      Só.

 Edison Borba

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012

APRENDENDO A SER.

Impossível reconhecer minha imagem refletida no espelho.
Você está em  todas as recordações que tenho.
Sua face se mistura a minha, deixando-me irreconhecível.
Nas horas em que escrevo,  sua figura se confunde com o texto.

Tento me libertar dessa prisão sem algemas.
Tento reconstruir minha vida.
Tento refazer os sonhos.

Mas você aparece em meus pensamentos.
Altera minhas vontades.
Modifica meus desejos.
Invade meu espírito.

Venho tentando encontrar-me.
Mas, ao longo de minha vida,
Eu só existo contigo.

Quero renunciar.
Quero repudiar.
Quero transformar você num velho livro.
Abandonar  na prateleira e esquecer a história.

Quero simplificar sentimentos e reaprender a viver.
Quero superar vontades e sublimar necessidades.

Luto para quebrar as correntes que me prendem ao passado.
Mas, ao tentar romper os elos percebo que só existo em você.
Impossível conseguir a liberdade se não sou escravo.

Sou produto indecifrável.
Texto ilegível.
Obra inacabada.
Palavra calada.

Não sou.
Nem sou.

Preciso me reaprender.
Preciso me reconhecer.
Preciso do saber.
Preciso apenas ser!

Edison Borba