sexta-feira, 21 de dezembro de 2012

UM HOMEM E SUA BARRIGA

Era uma vez um homem alegre, gentil e trabalhador. Não era  absolutamente um modelo de beleza. Não tinha abdômen de tanquinho e não malhava em academias. Mas, era um exemplar razoável da espécie humana.
Seus  conhecimentos sobre diversos assuntos, faziam dele um cara respeitado.  Não havia um assunto, que o interessante cavalheiro (isso ele sabia que era – um “gentleman”) não tivesse algo a acrescentar. Falava bem e cativava a todos com sua palavra. Era um orador carismático.
Porém, o destino havia reservado para ele uma surpresa. Sem que percebesse, seu volume biológico  aumentou gradativamente. Dia após dia, alguns quilos foram acrescentados a seu peso. Como ele não era “antenado” em questões de estética corporal, não se ligou no que o rei Roberto, foi sábio quando cantou – “tudo que eu gosto, é proibido e engorda”. E ele engordou!
Então, essa história muda completamente seu caminho, desde que o respeitável homem aumentou sua área corporal. Desde que as balanças, passaram a rodar o ponteiro quando ele chegava. Desde que suas roupas subiram de número. Desde que em seu cinto, foram acrescentados mais alguns furos. Desde que tudo isso aconteceu ele perdeu espaço na sociedade.
Quando chegava a algum lugar, não era mais  indagado sobre seus estudos. Ninguém perguntava sobre que livros ele havia lido ou  que filmes teria assistido. Seus companheiros e alguns amigos perderam o interesse sobre os seus conhecimentos.
Sua barriga passou a ser o grande destaque! Ganhou personalidade e vida própria. Todos passaram a ter interesse apenas por ela.
Observações  do tipo:  “Como você está gordo!” / “Que barriga!”, passaram a ser usadas em todos os lugares que aquele Homo sapiens chegava.
Foi então que o nobre cavalheiro percebeu que a sociedade poderia ser dividida em grupos.
A partir dessa nova situação, passou  a classificar as pessoas  quanto às observações que lhe eram dirigidas, em:
- Educadas:  as que se calam diante de uma situação que não lhes diz respeito.
- Amigas: aquelas  que de maneira delicada e sutil, perguntam sobre a saúde.
- Pouco educadas:  fazem estardalhaço, falam alto e apontam o dedo para o gordo.
- Hipócritas: destilam sutis sugestões estéticas para demonstrarem o quanto são esbeltos e belos.
- Perversas: praticam o bullying social.
- Indiferentes: nem percebem quem engordou ou emagreceu.
Além desses tipos, outros foram catalogados num extenso dicionário de seres humanos.
O homem dessa história atualmente vive tranquilo com sua barriga. Ela se tornou a sua grande amiga. Além de companheira é sua confidente. São inseparáveis. Nela ele confia plenamente. Muitas vezes podemos vê-los conversando animadamente, nas ensolaradas tardes de verão.
Edison Borba
 
 

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