segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

TESTAMENTO

Quando eu morrer, não me deixem exposto à visitação pública.
Não quero que meu rosto seja motivo de susto para ninguém.

Portanto, que o caixão esteja lacrado.
Não me vistam com paletó e gravata e,  por favor,  sapatos, não!

Avisem aos amigos, conhecidos e familiares, sobre o falecimento,  através de  uma simples nota em jornal.

Tratem de todo o cerimonial discretamente.
Cuidem apenas do estritamente necessário.

Evitem demonstrações exageradas de dor e sofrimento.
Se possível, não chorem!

Busquem os menores preços para os indispensáveis serviços funerários.
Não enviem flores.

Usem o dinheiro das coroas para doações a orfanatos ou asilos que sejam éticos.
Não lamentem a  minha morte.

Lembrem-se apenas dos bons momentos que eu possa ter proporcionado ao mundo.
Providenciem a cremação.

As cinzas, por favor, coloquem num campo verde ou num jardim.
Nunca no mar!

Que os amigos se reúnam para festejar a minha partida.
Comemorem a  “viagem”, como se eu estivesse partindo para uma temporada de férias na Europa.

Tratem com carinho, os objetos que encontrarem na minha casa.
Livros e discos podem ser divididos entre os amigos mais chegados.

Aparelhos elétricos e mobília,  distribuam entre pessoas que realmente necessitem.
Meus escritos, textos, memórias, deixem com alguém que valorize esse tipo de material.

Caso não haja interesse, por favor, queimem. Não gostaria que o lixo fosse escolhido para receber os meus pensamentos, sonhos e ideias.

E quando ouvirem o ruído do vento através das folhagens das árvores, lembrem-se de mim, como um homem que tentou viver dignamente.

Que lutou por um mundo mais justo e sem preconceitos.

Um simples “cara” que acreditou que o amor é o maior e mais nobre de todos os sentimentos.

Edison Borba

 

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