quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

O PODEROSO VERÃO

Quando chega o verão, um “frisson” toma conta dos jornalistas brasileiros. A maioria tece maravilhas sobre a mais brasileira das estações. Praias, banhistas, sorvete, alegria, sol, passeios e felicidade são mostrados como símbolos de tão belo período do ano.

O verão é tratado como o maior bem que os brasileiros recebem. Quase tudo, aqui na terra de Vera Cruz,  gira em torno da estação do sol.

Nessa época o Brasil se transforma numa imensa praia. É possível entrevistar banhistas até em Teresina, capital do Piauí. Loucuras do poderoso verão!

As outras estações do ano não recebem o mesmo tratamento, começam e terminam, sem grandes rapapés.

Quem vive abaixo da linha do equador, tem o sol por testemunha, desse encantamento pelo calor, praia, pele bronzeada e tudo o que se pode viver no verão.

O outono, pobre outono, é colocado num caixote de frutas e encostado  num cantinho qualquer, como se bananas, peras, laranjas, caquis, umbus, tangerinas entre outras delícias do pomar não tivessem a mínima importância para a saúde dos seres vivos.  Ele fica amarelo de vergonha, por não ser lembrado com a mesma alegria do outro, que muitas vezes invade o seu período. Triste e macambuzio,   junta-se às  folhas secas e se recolhe, até  que chegue a vez de ser notado, nem que seja somente no calendário.

O inverno, esse  fica gelado por ser tão esquecido. Aqui nos trópicos,  não tem prestígio. Seus dias são vacilantes e muitas vezes ele é tão fraco que precisa da  amiga chuva, para ser notado. Sua mágoa aumenta, quando os empresários do mundo da moda, não lançam nem um simples casaquinho, nas suas coleções.

Na Europa ele é muito respeitado. Muitas vezes chega arrasando, coloca às temperaturas o chão. Exibe-se  com muita neve e geadas entre outros fenômenos. Os estilistas criam figurinos extravagantes abusando dos casacos e botas.

Vejamos o caso da querida primavera. Ela é a que mais sofre com a presença do poderoso verão. Por ser muito vaidosa, precisa de elogios. Mesmo sendo a responsável pelas cores, odores e  flores e sendo apontada como a estação do amor, fica ofuscada pelo verão. Todas as vezes que se referem a ela, uma associação com o senhor do calor é feita imediatamente.  No mundo da moda, ela nunca está sozinha, as coleções sempre são de primavera – verão.  Ela está rotulada como  uma estação de transição.

Os comerciais,  usam-na  como ponte para a chegada do seu sucessor. Seus  meses são usados para abrilhantar o senhor todo poderoso verão.

Existe um antigo ditado popular, que diz: “manda quem pode e obedece quem tem juízo”, nesse caso, ele o poderoso verão está com a força. Além ser um cara esquentado, ainda recebe mais lenha dos comerciais. Se acha o dono dos 365 dias do calendário brasileiro. Apoiado principalmente por alguns jornalistas,  está cada vez mais forte. Já existem estudos que afirmam que seus graus estão aumentando gradativamente. A sua intima relação com o sol, faz com que sua força esteja sendo sentida na nossa pele, mas até nesse item ele leva vantagem. Os vendedores de cremes para proteção e hidratação ficam cada vez mais ricos.

Deixo registrado o meu apreço ao outono, ao inverno e a doce primavera. Não sintam-se rejeitados, vocês formam um ciclo, são interdependentes, ele sozinho não existe, pois “uma só andorinha não faz verão”.

Edison Borba

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