quarta-feira, 31 de agosto de 2011

VERGONHA

Creio, que o sentimento que envolve uma grande parte dos brasileiros, hoje,  é  VERGONHA. Em todos os noticiários, a  manchete gritou em nossos rostos: Jaqueline Roriz (PMN-DF), absolvida por 265 votos contra e 166 a favor e 20 abstenções, a Câmara rejeitou no dia 30 de agosto de 2011 o pedido de cassação da deputada Jaqueline Roriz (PMN-DF), apesar de pesarem contra ela  imagens gravadas em 2006. Ela recebendo dinheiro do pivô do recente escândalo do mensalão do DEM no Distrito Federal. Apesar da exibição dessas imagens para todo o mundo, ela foi ABSOLVIDA.  O mais chocante, é que a própria deputada não nega o acontecimento, porém justifica o fato, alegando que o mesmo aconteceu antes de seu mandato. Será que ainda conseguimos acreditar na tal questão da FICHA LIMPA. Qualquer trabalhador brasileiro, homem ou mulher, ao ter seu nome envolvido em um problema, levará anos para conseguir provar a sua inocência. Já assistimos nos noticiários,  mulher que foi presa por furtar remédio para seu filho. Muitos outros casos acontecem em todo o nosso País. É triste! É vergonhoso! E para ficar pior, junto com a Senhora Jaqueline,  temos uma lista   de inocentados. Vejam alguns que aparecem nos noticiários. Todos ABSOLVIDOS:
Edmar Moreira (sem partido – MG) – acusado de não ter declarado um castelo avaliado em mais de 20 milhões, foi absolvido pelo Conselho de Ética por nove votos a quatro, em julho de 2009. Paulinho da Força (PDT – SP) – acusado de participar de um esquema de desvio de dinheiro do BNDS, foi absolvido pelo Conselho de Ética por dez  votos a quatro, em dezembro de 2008. Jair Bolsonaro (PP – RJ) – acusado de homofobia e racismo, foi absolvido no Conselho de Ética por dez votos  a sete, em junho de 2011 Olavo Calheiros (PMDB – AL) – acusado de quebra de decoro supostamente por ter ligações com o dono da Construtora Gautama, Zuleido Veras, preso na Operação Navalha da Polícia Federal, foi absolvido no Conselho de Ética por 14 votos a zero em novembro de 2007. Sandro Mabel (então no PL – GO) – acusado de distribuição de suborno, foi absolvido em novembro de 2005 pelo plenário da Câmara, por 211 votos a 80. João Correia (PMDB-AC) – acusado de envolvimento na máfia das Sanguessugas, foi absolvido em dezembro de 2006 no conselho de Ética, por onze votos a um. Vadão  Correia (PP-SP) –acusado de participação no mensalão, foi absolvido no plenário da Câmara em maio de 2006, por 243 votos a 161. Pedro Henry (PP-MT)- acusado de participação no mensalão, foi absolvido no plenário da Câmara em março de 2006, por 255 votos a 176. Wanderval Santos (então no PL-SP) – acusado de participação no mensalão, foi absolvido no plenário da Câmara em março de 2006. Professor Luizinho (PT-SP) acusado de participação no mensalão, foi absolvido no plenário da Câmara em  março de 2006. Roberto Brant (na época no PFL-MG) acusado de participação no mensalão, foi absolvido no plenário da Câmara em março de 2006. Romeu Querioz (PTB-MG) acusado de participação no mensalão, foi absolvido no plenário da Câmara, em dezembro de 2005.João Magno (PT-MG) acusado de participação no mensalão, foi absolvido no plenário da Câmara em março de 2006. José Mentor (PT-SP)- acusado de participação no mensalão, foi absolvido no plenário da Câmara em abril de 2006.João Paulo Cunha (PT-SP) acusado de participação no mensalão, foi absolvido no plenário da Câmara em abril de 2006.Josias Gomes (PT-BA) acusado de participação no mensalão, foi absolvido no plenário da Câmara em maio de 2006.
Enquanto isso: As Olimpíadas  e a Copa do Mundo serão realizadas no Brasil.  Esta semana começou mais uma novela. Estamos acompanhando o brasileirão. O carnaval promete ser um dos mais animados de todos os tempos. Quem será a musa do próximo desfile das Escolas de Samba? E o vencedor da Fazenda? E a nossa seleção de futebol conseguirá conquistar a Copa? Quem matou Odete Roitman?  Conselho de ética: para que serve? Deputados desviando dinheiro do povo? Deixa prá lá, temos “coisas” mais importantes para tratar! Será que vai dar praia?
Edison Borba (com vergonha)

ELAS VALEM OURO!

Mulher brasileira, mulher guerreira, mulher vencedora, mulher heroína! Nas ruas, nas casas, no trabalho, nas construções e nos esportes elas estão fazendo a diferença. Operárias, médicas, doceiras, professoras, lavadeiras, vendedoras, bancárias, taxistas, bailarinas, camponesas, atrizes, policiais, advogadas e garis todas valem ouro. Nos esportes, desde Maria Lenk, nossas meninas brilham nas competições. Em todas as modalidades podemos encontrar a presença de brasileiras: vôlei, tênis, judô, basquete, saltos, futebol e ginástica lá estão nossas belas garotas fazendo a diferença. Hortência, Daiane dos Santos, Jacqueline Silva, Sandra Pires, Ketleyn Quadros, Paula, Natalia Falavigna,  Adriana Behar, Daniele Hypolito, Shelda, Adriana Samuel, Marta, Fernanda Oliveira, Isabel Swan, Maria Ester Bueno, Jade Barbosa, Maurren Maggi  e muitas outras brilharam em competições e jogos, deixando claro que o Brasil é O PAÍS em que o forte sexo frágil, não foge à luta. Nossas mulheres, mães, companheiras, colegas e amigas estão cada vez mais construindo um Brasil melhor. Deixaram de ser Gata Borralheira para serem capaz de lutar por seus direitos. Dondoca é uma espécie em extinção. Por isso, não provoque, é cor de rosa choque! Na literatura, nas artes, na economia, nas delegacias e nos tribunais elas estão dando um toque de classe. Juízas de toga ou apitando uma partida de futebol, elas mostram que possuem um sexto sentido que é maior que a razão. Por isso não provoque. É cor de rosa choque. Nas estradas as frágeis mãos dirigem possantes caminhões. Nos campos, empunhando enxada  elas fazem florescer a nossa agricultura sempre exibindo um certo sorriso de quem nada quer. Por isso não provoque. É cor de rosa choque.  Nos lares, são provedoras, lutando lado a lado com seus companheiros. Por isso não provoque, elas são bicho esquisito. Todo mês sangram. Por isso não provoque, é cor de rosa choque. Mulheres medalhistas como Fabiana Murer, que saltou longe. Incontáveis metros levando com ela todas as outras mulheres brasileiras. Reativando sonhos de melhores condições de vida. Sonhos de liberdade. Sonhos de igualdade. Sonhos de fraternidade. Obrigado Fabiana! Você e tantas outras mulheres é que fazem desse país um lugar em que ainda podemos sonhar!
Para minha amiga, Elazir (Neca) – professora, lutadora e vencedora! Meu carinho!
Salve Rita Lee, que definiu a alma feminina no seu sucesso “COR DE ROSA CHOQUE”!
Edison Borba



terça-feira, 30 de agosto de 2011

PERNAS PRA QUE TE QUERO

O organismo humano é uma fantástica obra de engenharia biogenética. Não existe nada que possa se igualar a essa incrível criação. Todas as conexões funcionam com precisão milimétrica. Cada célula, tecido e órgão sob a regência do cérebro fazem com que não exista máquina mais perfeita em todo o universo. Apesar de haver dois padrões, um feminino e um masculino, as peças dessas duas engrenagens possuem funcionamento idêntico e complementar. O mais incrível é que nos bilhões de organismos humanos  de todo o planeta, não existe repetições. O padrão básico é o mesmo, porém as recombinações  do  conjunto genético é infinitamente incalculável. Não há seres humanos iguais. Somos  únicos. Nossas funções ocorrem dentro de padrões específicos para a espécie humana. Por esse motivo, é que os médicos calculam a pressão arterial estabelecendo o máximo, o mínimo e o ideal, para cada indivíduo, levando em conta alguns aspectos, como idade, peso e altura. Essas condições são estabelecidas para o grupo humano, que mantém o padrão bioquímico e matemático básico. Porém, quando algum ser humano, tem a sua área corporal modificada, suas funções neurofisiológicas passam por uma reorganização para  manter o equilíbrio geral daquele organismo. Na área  esportiva, podemos observar esse fenômeno durante as olimpíadas e as paraolimpíadas. Para cada grupo, há marcas específicas a serem conquistadas. Oscar Pistorius, atleta sul-africano, com as duas pernas amputadas e usando próteses, fez a diferença. Conseguiu do Tribunal Arbitral do Desporto, o direito de disputar nas mesmas condições dos atletas sem limitações físicas. Ele, um amputado, correndo em igualdade de condições com os demais atletas. Conhecido como “Blade Runner” (corredor lâmina), esse jovem velocista tornou-se um recordista mundial. Usando próteses feitas de fibra de carbono,  Pistorius merece todo o nosso respeito e admiração. Pernas prá que te quero se ele tem força e garra. Contrariando as leis biológicas, o organismo desse homem se reorganizou e achou o equilíbrio para mantê-lo nas mesmas condições dos atletas olímpicos. Quando teve suas pernas amputadas, ainda sendo uma criança, provavelmente seu cérebro não registrou essa perda. Elas continuaram a existir em sua imaginação. Não foram retiradas de sua mente e nem de seu coração. O complemento feito de carbono só existe para os que olham para ele. Oscar tem pernas, tem asas, tem força, tem vontade, tem esperança, tem garra e seu corpo contrariando todos os prognósticos, o faz campeão. Assim como ele, outros incríveis homens e mulheres superam todos os dias obstáculos de um mundo preconceituoso e egoísta que ainda não atentou para a necessidade de criarmos condições para que todos possam sobreviver dignamente. Parabéns atletas olímpicos e paraolímpicos! Parabéns a todos os que superam as suas dificuldades nos dando excelentes exemplos de força e vitória. Parabéns Oscar Pistorius!
Edison Borba




segunda-feira, 29 de agosto de 2011

AMY JADE WINEHOUSE

Em 14 de setembro de 1983, nascia em Londres, uma menina, que cresceria doce como vinho (wine) e se transformaria numa brilhante cantora e compositora. No palco era luz verde de esperança (jade). Em seu pouco tempo de vida, transmitiu alegria, felicidade gerando ao seu redor uma aura de fraternidade e amizade (amity). A garota  se transformou em mulher, sensível, capaz de escrever  poesias e envolvê-las em lindas melodias, como papel celofane que embrulha saborosos bombons. Logo, uma multidão passou a amá-la e a querer levá-la para suas casas (house). E ela cantava e encantava. E ela dançava e voava como pássaro pulando de flor em flor colhendo néctar para depois nos deliciar com suas composições. Apesar de exibir atitudes fortes, era frágil como cristal. Tímida buscou no brilho falso do pó, condições de enfrentar um mundo cruel, para o qual não estava preparada. Rosto pintado, cabelo planejado e atitudes programadas escondiam uma criança que o mundo não soube amar. Pedimos muito, exigimos demais, cobramos além de suas forças. Mas, menina obediente, cantava e dançava só para nos alegrar. Escrevia, rimava, musicava para agradar seus fãs. Obrigado Amy por nas acalentar com suas músicas. Desculpe por não percebermos que era você que deveria estar sendo adormecida em nossos braços. Doce vinho (wine) te bebemos  até a última gota. Mas ainda existe em nossos lábios o doce sabor dos seus sons. Em nossos lares (house) ouvimos sua voz e seu rosto está nos espelhos  dos camarins dos teatros. Pedra verde (jade) seu brilho é inconfundível. Nossas florestas, não deixarão que esqueçamos você. Esperança verde esperança de um dia voltar a vê-la. Perdão Amy! Perdoe-nos, que por amá-la tanto não percebemos que para tê-la precisávamos protegê-la. Quem sabe numa linda caixa forrada de cetim, com lindas almofadas e música suave. Deixar você descansar, dormir, relaxar. Desculpe menina, pela falta de sensibilidade e fotos indiscretas. Pelas perguntas e entrevistas maldosas. Pela falsa piedade. Sabemos que agora você está tranqüila e repousa sobre as nuvens, acalentada pelos anjos, que cantam baixinho as suas lindas melodias.

 Amizade Pedra Verde Vinho Casa – Amy Jade Wine house.
Edison Borba

domingo, 28 de agosto de 2011

EMOÇÕES CRUZMALTINAS

Sou Vascaíno, torcedor do Clube de Regatas Vasco da Gama. Meu time tem nome e sobrenome. Há 113 anos o Gigante da Colina, brilha entre os melhores e maiores do mundo. Um coração centenário,  que rejuvenesce a cada dia. Bate forte sempre! Não somos derrotados, mesmo quando o placar favorece ao adversário. Derrota não é palavra da nação Vascaína. A nossa cruz de malta é nosso escudo protetor e o farol que nos guia para o sucesso. Nosso coração sangra sempre de alegria. Somente um  cruzmaltino é capaz de entender o tanto de orgulho que sentimos quando vemos nosso pavilhão tremular. É uma emoção que está acima dos gols, dos títulos, das vitórias e dos troféus. É um sentimento de amor e lealdade que une toda uma população espalhada pelo cinco  continentes. Assim como Vasco da Gama, o navegador que singrava os mares, desvendando os mistérios das águas  descobrindo novos mundos, nós vascaínos redescobrimos nosso amor pelo VASCO, todos os dias de nossas vidas.  Temos a honra do nosso pavilhão e da nossa camisa. Nosso clube é nossa casa. A torcida uma família. Nosso hino nos embala e fortalece. O trem bala da colina é democrático e feliz. Nosso lema é a PAZ. Sabemos respeitar os adversários. Ser vascaíno é ser acima de tudo um cidadão ético, capaz de conviver em qualquer espaço. Nosso sentimento é de união das famílias qualquer que seja o final de um jogo. Hoje, domingo 28 de agosto, diante de seu antigo rival Flamengo, nossos corações foram a mil por hora. Zero a zero. Empate em um jogo cheio de emoções. Boas jogadas de ambos os times. O grito de gol ficou travado em nossas gargantas, não faltando garra e empenho dos nossos atletas. Mais um belo jogo nesse disputado brasileirão. Bola rolou bonito no gramado do Engenhão. Boas defesas, carrinhos, dribles, escanteios, substituições e cartões. Acréscimo é duro de acompanhar. Mais minutos, mais jogo, mais emoção. Aqueles segundos finais demoram mais do que os noventa de todo o jogo. O Vasco fez uma grande partida. Como dizem os conhecedores do esporte bretão: “futebol é uma caixinha de surpresas” e “jogo só acaba quando termina”, nem sempre o gol acontece para a melhor equipe em campo. Muitas preocupações para o homem treinador, o nosso professor Ricardo Gomes, cujo coração bateu forte demais. Agüenta firme companheiro, ainda temos muitos jogos e emoções cruzmaltinas nesse ano de 2011!
Edison Borba

MEUS PROBLEMAS ACABARAM!

Você ainda não tem uma filmadora? Quer ter um bumbum durinho? Faça a sua reserva já! Ligue para 0800 e uma das nossas atendentes vai ajudá-lo! Faça seu pedido! Inteiramente grátis! A primeira parcela só para daqui  três meses! Aproveite a oportunidade! Fique livre das gordurinhas!  Temos o melhor preço total! A hora de economizar é agora! Cabelos crespos, nunca mais! Shampoo cabelo pontas vai te deixar lindo por muito mais tempo! Você compra um e ainda leva presente surpresa! Quer uma picape? Sinta-se livre! Na picape e usando o absorvente ideal! Mas se adquirir agora o nosso celular você vai poder falar ilimitado! Seu mundo ficará mais bonito! Beba, beba, beba a da gerência, a que desce redondo e todas as outras. Porém, não dirija aquela picape e nem aquele  novo carro que só tem três portas! Leve esse presente para a sua família! Seus filhos vão amar! É o seu estilo! Mas qual é o meu estilo? Acho que vou experimentar o desodorante antitranspirante! Assim eu terei um jeito inovador de ser! Meu mundo ficará mais bonito! Minha mulher com os cabelos lisos. Adeus aos cachos! Meus filhos conectados; todos num só plug e,  minha sogra vai perder medidas! Acho que por apenas um e noventa e nove terei uma vida de super herói! Agora que estou me alimentando com os biscoitinhos mais crocantes, sei que o mundo não é movido pelas respostas, mas sim pelas perguntas! Qual sabão eu devo usar? Dizem que um lava mais branco, mas só o outro tira realmente as manchas! Eu quero ser como milhões de brasileiros, queimar  calorias sem sair do sofá. Vou usar a cinta modeladora, que é eficaz e vai melhorar  minha aparência. Além de ativar a  circulação. Assim eu vou poder comer aquele novo refogadinho, que lembra o tempero da minha avó! Preciso urgente de um novo refrigerador, que seja mais potente e me permita estocar mais alimentos! Meu cachorro comeu  aquela ração e agora não para de pular! Minha vida virou uma aventura! Meu mundo não tem fronteiras. Liguei. Comprei. Lucrei e me endividei. Mas com as oportunidades da conta sem limites do meu cartão, ficarei feliz e não vou perceber os juros que viverão comigo por muito e muitos anos. Tive uma nova odeia! Abrirei novas possibilidades em minha vida, serei um revendedor ou um consultor!  Perfumes e jóias fáceis de vender. Vou comprar meu primeiro carro zero. Não vou precisar do novo comprimido para dor de cabeça! Sem dor e muito amor repousarei sobre os colchões macios. Pela manhã, vou saborear um delicioso café, daquela marca  mais forte. Frutas compradas no mercado que vende  mais barato. Meu negócio é preço! Vou economizar e trocar a mobília da minha casa. Com a economia que estou fazendo usando meu vale transporte, vejo a possibilidade de casar com uma nova mulher. Renovarei meu guarda-roupa e também a minha família. Meus novos filhos me amarão para sempre. Iremos freqüentar liquidações aproveitando os preços de inverno. Vamos comprar tudo em um só lugar. Finalmente achei a solução, estou usando uma nova marca de margarina, meu colesterol diminuiu. Minha nova esposa ficará o dia todo no aparelho que tem movimento pendular isotônico, suas celulites sairão das coxas e se espalharão por todo o corpo. Mas seus cabelos! Acho que sou um campeão! Meu mundo é uma grande aventura. Estou amando tudo isso! Tenho uma televisão que  liga sozinha e posso ver  a vizinha, numa banheira de espuma. Por que estou com a mesma barriga após usar aquela cinta modeladora? Porém a minha pele está muito mais hidratada. Quando entro no metro, sinto meu corpo deslizar com muito mais facilidade entre todos os outros corpos. Minhas camisas não amassam e estou com um eterno brilho nos olhos. Meu  mundo está mais bonito tenho duas famílias e consigo mantê-las com meus novos cartões. Tenho assistência técnica 24 horas, mas  ainda não comprei aquele lindo carro. Acho que sou o único homem da face da terra. Isso é muito bom! Vou poder aproveitar sozinho, aquela liquidação! Enfim meus problemas acabaram!                   Edison Borba

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

DENTRO DO CORAÇÃO

Sentimento fiel de afeição, simpatia, estima ou ternura entre pessoas que geralmente não são ligadas por laços de família ou por atração sexual. Essa definição, de amizade, encontra-se  em qualquer dicionário. Quem se liga a outro por esses laços, é  chamado de amigo, que o poeta aconselha  seja guardado do lado esquerdo do peito dentro do coração e debaixo de sete chaves. Amigo é mais que irmão. Apesar de existir irmão que é amigo. Amigo é aquele com quem podemos contar em bons tempos ou em tempos ruins. Racha um pastel, deixando a azeitona do nosso lado. Atura nossas manias e chatices, sem nos cobrar mudanças, e quando o faz nos tira de encrencas. Está por perto nos momentos de riso e nas horas de dor e sofrimento. Chega silencioso e nos ouve com paciência quando estamos apaixonados e queremos dividir toda aquela felicidade, repleta de historinhas, cuja graça só existe para nós. É capaz de  aturar calmamente  nossos lamentos quando o desamor bate à nossa porta, sabendo que em breve teremos mais uma recaída, assim que passar a mágoa da paixão perdida. Com ele conseguimos ficar em silêncio, ouvir música, ver televisão, jogar dominó, rir pelo prazer de rir, não importando o motivo. Segura a nossa mão quando estamos com medo. Nos entende apenas com o olhar. Tem o abraço mais aconchegante do mundo. É capaz de conseguir aquele xarope quando estamos com tosse. Aconselhar um chá para a nossa dor de cabeça. Tem a chave da nossa porta e da nossa vida. Ouvir lamentações telefônicas até altas horas. Caminhar num shopping às vésperas do Natal, para satisfazer nossos caprichos. Sabe indicar o melhor carpinteiro, pintor, bombeiro, médico, dentista além de outros profissionais, porque somente um grande amigo possui um caderninho repleto de endereços que inclui até aquela cartomante vidente que trás a pessoa amada em três dias. Para ele não devolvemos os livros emprestados, nem os CD’s e muito menos os DV’s, só para ficarmos com um pouquinho dele em nossa casa. É  prazeroso sabermos que aquele objeto é do nosso amigo  que mesmo distante aquece o nosso coração. Somente um verdadeiro amigo é capaz de vibrar com nossas vitórias e  sofrer com nossas perdas. É alguém que entrelaça a sua vida na nossa vida, anos e anos e quando damos conta, percebemos que sem ele jamais teríamos conseguido resolver metade dos nossos problemas. Amigos são para sempre. Somente a amizade se eterniza, seguindo com a alma, sobrevivendo à morte para além da vida.  

O que importa é ouvir a voz que vem do coração.
Pois, seja o que vier,
venha o que vier
Qualquer dia amigo eu volto a te encontrar
Qualquer dia amigo, a gente vai se encontrar.

   A benção ao poeta Milton Nascimento!


                                                                                                                                                             Edison Borba
                      




quinta-feira, 25 de agosto de 2011

COISA DE CRIANÇA

Empinar papagaio, rodar pião e brincar  de boneca. Isso era coisa de criança! Pular corda, brincar de roda e de pique. Isso era coisa de criança! Aos poucos, esses folguedos foram sendo substituídos por brinquedos eletrônicos e jogos sofisticados. Mas, mesmo assim isso era coisa de criança! As bonecas se transformaram em Barbies, ficaram sofisticadas, mas ainda assim era coisa de menina! Lembro, que até bem pouco tempo, considerávamos meninos e meninas, pessoas com até quinze anos ou mais. Ouvir e ler histórias repletas de fantasia continuou a ser coisa de criança por um longo tempo. Era nos bailes de formatura, que geralmente acontecia o rito de passagem. Dançar de rosto colado, sentir um arrepio no corpo, pensar no primeiro beijo a ser roubado. Aos poucos, com cuidado e sensibilidade, o mundo infantil ia se distanciando e aos poucos, surgia um ser adulto. Mesmo sabendo que toda regra tem exceção e que muitos problemas existiam nesse passado mundo, ser criança era um fato que no mínimo envolvia saúde, amor e segurança. Sem que déssemos conta, coisa de criança saiu de moda. Estamos sendo anestesiados por notícias sobre gangue de meninas, que invadem e roubam numa demonstração de agressividade nunca imaginável como sendo coisa de criança. Meninos promovem quebra-quebra em hotel e apavoram  hóspedes. O bullying acontece em diferentes espaços escolares e é dolorido imaginar que usar crack virou coisa de criança. Numa sociedade globalizada, altamente especializada, que se propõem a ser inovadora e criativa em tudo que constrói, no admirável mundo novo de grandes tecnologias, o que podemos considerar como sendo coisa de criança?  A situação que envolve o mundo infantil está muito conflitante. Crianças “meninas”, cujo metabolismo hormonal ainda está iniciando o seu funcionamento, se exibem e se vestem como adultas. “Garotos” crianças, que deveriam estar correndo, pulando ou jogando bola são vistos portando armas que mal conseguem segurar. A sociedade e muitas vezes os familiares, sem perceber influenciam indiretamente nessa mudança de comportamento, num pseudo-amadurecimento. A educação através de bons exemplos sempre foi fundamental na construção de cidadãos. Atualmente temos que conviver com padrões nada saudáveis. Algumas situações, que até bem pouco tempo eram tidas como politicamente corretas, hoje não são incentivadas. O excessivo culto ao corpo em detrimento às questões intelectuais deturpou o antigo lema “mens sana e corpore sano”.  O corpo sadio transformou-se em idolatria e ditadura muscular. Quem não estiver enquadrado nas medidas estabelecidas pelos controladores da moda, será destratado e considerado um E.T. Este tipo de necessidade transformou-se em coisa de criança. Meninas e meninos mergulhados em academias, não pela questão da saúde, mas pela beleza física a ser alcançada. Cirurgia plástica, agora é coisa de criança. Maquiagem, moda, desfiles, poses, fotos e comportamento afetado e caricaturado virou coisa de criança. Ficar, transar, fazer sexo com diversos parceiros passou a ser tão natural, que não se fala mais do amor. Surgiu um novo personagem no universo familiar, o “namorido”. O que isso significa? Se cada vez mais o mundo infantil está diminuindo de tempo, surge uma questão: atualmente, até quando um indivíduo pode ser considerado criança. Infelizmente, quando crimes acontecem, roubos efetuados e furtos realizados. Quando a droga é encontrada ou um acidente de carro é provocado, nessas circunstâncias cruciais, dependendo de quem está envolvido, surgem observações, discussões, análises e quando se constata que o agente da ação é um “di menor” tudo fica muito claro, trata-se de coisa de criança.
Edison Borba

SER HOMEM

Aristides era um homem franzino, pequeno e de aspecto doentio. Apesar de ter apenas 35 anos, aparentava muito mais. Mãos trêmulas e dedos amarelados pela nicotina dos muitos cigarros que consumia. Apesar dessa aparência devastada,  atraía mulheres lindas. Na verdade, ele era assediado em todos os bares e festas  que aparecia. Essa situação intrigava os  homens,  que exibiam seus gigantescos músculos, além de outras propriedades indicativas de suas virilidades. Era difícil, não encontrar alguém capaz de contar alguma história envolvendo o esquálido Aristides. Mas quem conta um conto aumenta um ponto, muitos dos seus feitos faziam parte do imaginário popular. Afirmavam que esse diferencial, ele havia herdado de seu pai, um português de fartos bigodes que mantivera um caso  com a estonteante mulata, conhecida como Zilá. Por ter nascido com uma aparência  frágil, sua mãe usou estranhas ervas em sua alimentação, que apesar de não ter agido em sua compleição física, lhe presentearam com algo, tido como fabuloso. Somando a herança paterna com os cuidados maternos, o apelido que ele recebeu parecia ser realmente verdadeiro. Toda a boemia carioca conhecia a fama do Aristides. Sua chegada nos bares espantava os garanhões de plantão, o que fazia diminuir o consumo de bebidas e aumentar a reclamação dos garçons. Ele era o rei do pedaço. As mais espetaculares mulheres disputavam uma noite de amor com o frágil Aristides. Aquela outra coisa que ele possuía, reinava absoluta, era sucesso, contagiava a conversa de todos. E para completar o quadro de intrigas, nosso herói era dono de uma sisudez impressionante. Nada de risos, mesmo quando ouvia as melhores piadas. Em torno do Aristides, alguns homens ansiosos por partilharem do segredo sonhavam um dia descobrir como fazer sucesso entre as mulheres. Mas se dependesse dele nada seria esclarecido. Apenas, nos quartos das pensões e dos motéis era que o segredo se revelava e também nos rostos felizes exibidos pelas senhoras que tinham o privilégio de usufruir  uma noite com Aristides. Havia quem desconfiasse de que nada de tão fabuloso existia, talvez tudo não passasse de uma grande armação, propaganda enganosa, envolvendo propina, suborno e muita grana. Mulheres satisfeitas financeiramente, Aristides feliz com a fama. E foi por causa desta dúvida que o plano foi engendrado. Liderados por Bertônio, um dos que se considerava muito prejudicado, alguns machões  contratou os serviços de Carlinda. Mulher da noite, vivida, experiente e muito conhecida por seus dotes físicos e fisiológicos. Plano orquestrado, cena armada, resposta positiva. Foi numa linda noite de lua cheia e temperatura amena que o encontro se consumou.  Com um imenso sorriso de felicidade, olhar tranqüilo e aparência renovada encontraram a linda dama  recostada sobre as almofadas da alcova, Carlinda suspirava feliz. Após tantos anos de vida, ela tivera uma verdadeira noite de amor. Aristides era fabuloso na arte de recitar. Foram lindos versos que enalteciam a beleza feminina. Poemas e louvores à mulher brasileira. Encantos e acalantos  fizeram Carlinda, pela primeira vez, se sentir verdadeiramente mulher. Fabuloso era o encantamento de Aristides, que possuía a arte de tocar a alma feminina como nenhum outro. Mulheres precisam de carinho, amor e respeito. Homens acordem! Macho que é macho sabe entender e satisfazer os desejos e sonhos de sua companheira sem perder a natureza de SER homem!
Edison Borba

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

PERDI O CONTROLE

 A pior coisa que pode acontecer com uma pessoa é perder o controle. Imagine estar assistindo a um filme de suspense na televisão, e aproveitando o intervalo comercial, você muda de canal,   ao  voltar para a sala, o controle desaparece. Será que caiu entre as almofadas do sofá, ou ficou sobre a mesa da cozinha? Após  muito procurar, você acha o precioso objeto e quando consegue acessá-lo, o mistério já foi solucionado. Nesse momento, você que achou o controle  da TV, perde o seu controle. Perder o controle é algo sério na vida de qualquer mortal, podendo em certos casos, até ser mortal. Quando dirigimos um veículo, não podemos perder o controle. Vai dirigir, não beba! A bebida facilita a perda dos controles emocionais, físicos, visuais e auditivos. Perde-se a noção da velocidade, a visão fica embaçada reduzindo a visibilidade,  ficando muito mais difícil ouvir qualquer sinal de alerta. Resultado: acidente! Culpado: a perda do controle!  Quando estamos em uma discussão  o importante é manter a calma,  ficar em equilíbrio para não perder o controle. Se isso acontecer, perdemos a razão, perdemos a questão, perdemos amigos porque perdemos o controle. Yoga, meditação, recitar mantras são caminhos indicados para a manutenção do nosso controle. Mães e pais de adolescentes vivem a beira do descontrole. Mas, os casais que acabaram de chegar da maternidade, com um recém nascido no colo que não para de chorar, também ficam à beira de perder o controle. Sogras mandonas, cunhados preguiçosos, vizinhos barulhentos, pessoas abusadas, telefonemas na madrugada, “musiquinha” de telemarketing e os cidadãos indiscretos são alguns personagens diretamente ligados à perda de controle. Lidar com eles exige habilidade. É preciso ter cuidado para não buscarmos no “tarja preta” uma forma de suportar a relação  com tais indivíduos. Ao cruzar com algum deles, cuidado para não perder o controle. Chegar atrasado para um espetáculo, ingresso caro nas mãos, vestindo aquela roupa novinha, comprada especialmente para  ocasião, só porque ficou preso no engarrafamento; faz um monge sair do mosteiro, se jogar no abismo por total descontrole. Perder o último metro, ficar horas numa fila, esquecer a senha de um dos milhares de cartões que carregamos na carteira, mexe com os nossos controles. Seria muito bom, se tivéssemos botões, tipo liga desliga, acende apaga para usarmos nas horas em que estivéssemos a beira de perder o controle. Ler um texto que por descontrole do autor,  a mesma palavra foi repetida descontroladamente, faz o leitor perder o controle. Não é possível manter o controle diante de algo assim! Que estresse! Atenção! Muita atenção: fica proibido culpar a perda do controle, quando colocamos em risco a segurança, a vida e o equilíbrio de alguém, da sociedade e da natureza, usando como desculpa: - perdi o controle!

Edison Borba

terça-feira, 23 de agosto de 2011

TÁ SERVIDO?

Carne seca com abóbora, frango com quiabo e truta defumada, muita água na boca. Olhos arregalados para carnes grelhadas, grão de bico com cebola e salmão marinado.  Coração batendo forte diante  da feijoada e costelinha de cordeiro. O corpo fica arrepiado com o cheiro das panquequinhas de batata baroa  e um delicioso bobó de camarão. Entregar  e  alma ao risoto de frango ou de carne com muito arroz branco e batatinhas fritas. Enlouquecer com fettuccine ao molho pesto, mas manter o olho grande na fritada bem quentinha. Se entregar a strudel de maçã sonhando com o pavê de bananas. Se encharcar de calda de chocolate derramada sobre sorvete de caramelo. Abraçar o queijo coalho com melado. Ficar  embevecido com cubinhos de toucinho dourando ao azeite no fundo da frigideira. Demonstrar seu amor, às claras batidas em neve com açúcar e casquinha de limão. Não ter vergonha da sua paixão pelo bacalhau, com pimenta-do-reino, salsa e coentro. Ter carinho com o pão-doce coberto de creme. Não rejeitar o rigatone, o canelone, o macarrão e tudo que vier da Itália, sem desprezar o yakisoba, o yakimeshi e os frangos empanados, agridoces, com brócolis tão gentilmente oferecidos pelos nossos amigos japoneses. Olhar enternecidamente para aquela salada de atum, a ser saboreada antes do prato quente. Mas quando faltar tempo para sentar à mesa, leve carinhosamente em sua sacola o tradicional hot dog, o misto quente e os apaixonantes franlitos. Ficar de joelhos diante das tortas de nozes. Rezar pelo cheesecake pensando em bombons recheados de licor. Perdão Senhor por demonstrar publicamente toda essa loucura gastronômica. Meus sonhos alimentares sempre tão democráticos, onde o quibe pode vir acompanhado pelo pastel de queijo e outras iguarias provenientes de diversas partes do mundo. Tudo bem arrumado sobre linda toalha de renda e iluminado por candelabros de prata. Taças de cristal, talheres reluzentes guardanapos de seda. Sabores, odores e cores em bandejas recortadas com detalhes que lembram a arte barroca. Fantasias, sonhos e delírios e eu aqui, diante deste prato de salada verde. Olhando as alfaces e as rodelinhas de tomate, cobertas por azeite e pouco sal. Um pouquinho de arroz integral e aquele bifinho, fininho, magrinho e tostadinho pronto para ser mastigado e engolido como a última refeição de um condenado. A vitamina e a gelatina  completam o meu desespero. Eu mereço!
Edison Borba 

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

NÃO PREJUDICOU NINGUÉM

Um pedreiro e um senador. Dois homens. Dois seres humanos. Dois brasileiros e um helicóptero. Ambos com prioridades. Malas, bagagens, traumatismo craniano e clavícula quebrada. Qual a diferença que pode haver entre objetos e um trabalhador? As malas, provavelmente são de couro legítimo. Material importado de alguma superloja do estrangeiro. O crânio e a clavícula são ossos brasileiros. Produto nacional de segunda categoria. Malas desse padrão existem poucas no mundo. Provavelmente, foram criadas por encomenda. Produto exclusivo não havendo outras iguais em todo o universo. Trabalhadores existem aos milhares. Tudo igual. Se um desaparecer, ninguém sentirá falta. São produtos fáceis de serem substituídos. Existe uma enorme variedade de cores e tamanhos. Alguns são capazes de ler e escrever outros apenas de obedecer. Bagagem é coisa séria. Nela (a bagagem) pode haver objetos de valor inestimável: ternos, gravatas, camisas, lenços, meias e cuecas de múltiplo uso. Trabalhador só serve para produzir, se quebrar, troca-se por outro  mais novo e em melhor estado de conservação. Na hierarquia da sociedade brasileira, um senador vale mais do que um trabalhador. Isto é, um senador ou até mesmo um vereador, são homens predestinados e abençoados que vieram ao planeta Terra para serem adorados. Os outros (nós os mortais) os escolhemos e elegemos. Os idolatramos e reverenciamos. Portanto, eles podem usar e abusar de tudo e de todos. Helicópteros, aviões, navios, automóveis e tudo o que voar ou correr são deles por direito constitucional. Passear numa ilha, seja ela Bananal ou Paquetá, é muito mais importante do que um hospital. Usar aeronave para combater o crime e socorrer emergências médicas é inadmissível. Garantir um final de semana feliz a um representante da nossa política é a verdadeira função dos helicópteros comprados com o suor dos trabalhadores. Ficamos sensibilizados em proporcionar alegria aos cansados operários do “Alvorada”. Clavícula quebrada, crânio com traumatismo, perna fraturada ou qualquer outro tipo de problema, pode esperar. Deixemos  sangrar mais um brasileiro, mas não o senador esperar. Não vamos fazer tempestade em copo d’água, afinal de contas, tudo acabou bem, as malas foram embarcadas, as bagagens transportadas a cabeça, provavelmente ficará sequelada, mas isso é de importância secundária e o fato “não prejudicou ninguém”.  

Edison Borba




A VOZ

A garotada andava livre, correndo pelas ruas sem nenhuma preocupação com carros. Empinando pipas ou girando pião, não havia medo de nada. Laís cresceu ali mesmo, numa casa modesta. Antes dela  seus pais já possuíam dois filhos, Léo e Lino. Cada um deles nascido num bairro da cidade. Léo o mais velho, no Caju. Lino, em Irajá e Laís, a única menina, em Inhaúma. Era uma família que não fincava raízes, mesmo sem ter sangue cigano, nada os prendia a nada. Antes do nascimento dos filhos, já haviam morado em Botafogo e  Catumbi. Esse roteiro percorrido pela família por vários bairros da cidade do Rio de Janeiro mantinha uma coincidência. Em todos eles  havia um cemitério. A sombra fúnebre desses lugares santos, não os assustava. A tranqüilidade e quietude desses bairros é que os atraía. Tinham preferência por aquela vizinhança sempre  calada e incapaz de criar problemas. Eram lugares preguiçosos, que só se tornavam barulhentos, quando da chegada de algum vizinho novo. Nesses dias, havia um movimento maior de carros e pessoas. Um vai-e-vem de gente vestindo luto,  com olhos vermelhos e ruído de choros. Radicados em Inhaúma, após o nascimento da filha, o casal resolvera que fincariam pé naquele logradouro, até que a menina  estivesse em idade de casar. A opção estava feita. As cinco pessoas daquela família estavam selando um acordo, ficar juntos na mesma casa no bairro de Inhaúma, na mesma rua do cemitério, até que Laís completasse dezoito anos.  Mas,  estranhamente, a menina não se sentia feliz com aquela opção. Entre os seus familiares, ela era a única a não concordar com a escolha. Aos cinco anos, já demonstrava sua insatisfação. Léo e Lino, porém não concordavam com a irmã.  O tempo passando e Laís, cada vez mais  sentia-se tolhida. Na realidade,  o problema não estava no bairro, mas sim na atitude de seus pais. Colocaram como diretrizes de suas vidas, o silêncio,  a  ausência de música e alegria em solidariedade aos seus vizinhos mortos.Dentro de casa, suas vidas era um constante bocejo, poucas palavras, nunca risadas e melodia vetada. Portanto, era na rua que os irmãos Le, Li  e La podiam expressar toda a alegria. Porém, freqüentar as ruas, só era possível durante o dia, porque à noite a luz era escassa, tornando o lugar muito mais triste. Tudo transcorria naquela calmaria, até a chegada do Sr. Queiroz. Português de grandes bigodes,  comprou uma das casas e  abriu um botequim. O local, em pouco tempo, foi caindo no gosto de  boêmios.  Um violão, um cavaquinho e uma flauta se juntaram e logo, em torno deles uma freguesia buliçosa tomou conta do bar do Queiroz. A animação aumentava, quando chegava inquilino novo para ocupar uma das catacumbas do cemitério. Nesses dias, ou nessas noites, uma população chorosa bebia o morto, animando o local. A escolha das músicas dependia de quem estava sendo, deixado na cova. Tinha repertório para sogras, maridos e cunhados. Os irmãos Le, Li e Lá, eram figuras constantes no bar. Sempre encontrando um jeito de enganar os pais, os três participavam das rodas  musicais. Quando Laís completou dezoito  anos, resolveu que iria cantar. Queria trabalhar no bar, fazer um espetáculo. Havia tempo que ela aprendia as letras das músicas que rolavam entre os freqüentadores.  A opção estava feita: era preciso, a permissão dos pais e convencer os irmãos, a se juntarem na formação de um trio. Problema resolvido, números ensaiados dia combinado lá estavam os três irmãos para a estréia. Nunca viram tanta gente junta! Bar lotado, até na calçada havia espectadores. Laís e seus irmãos Léo e Lino, aguardavam o momento para entrar em cena, quando, de repente, duas mãos empurraram Laís para o palco improvisado. Um homem, saído ninguém sabia de onde, falava decididamente: - Cante Laís! Cante prá mim! Um nó na garganta; e a pequena cantora gelou. As pernas tremiam, a voz sumiu da garganta. As mãos pesadas empurraram-na, mais uma vez. Laís banhada em suor frio desmaiou sem pronunciar um som sequer! A mesma voz repetiu decididamente,  e dessa vez em tom bem mais alto, fazendo toda a platéia gelar o sangue nas veias. – Acorde Laís e cante! Cante prá mim! E ela, cantou e cantou e nunca mais desmaiou. EdisonBorba

domingo, 21 de agosto de 2011

GERAÇÃO BOLA DE OURO

Muito bom assistirmos os jogos da seleção Sub-20. Uma garotada correndo sobre o gramado verdinho cheios de alegria pelo prazer de jogar. Ainda longe, bem longe, dos grandes salários, do assédio das aspirantes a namoradas famosas e do irresistível glamour da imprensa. Meninos, por favor, não cresçam. Como Peter Pan, continue voando nos campos, brincando com a bola. Lindo ver a juventude sadia dos países irmãos Brasil e Portugal, jogando sério, mas sem envolvimentos com a deselegância das seleções masters. No solo colombiano, foi possível acompanhar rapazes do mundo da bola. Seria muito bom se em todo o planeta só existisse a geração bola de ouro, formada pelos que não andam bolados e contaminados pelas bolinhas do falso prazer. Lindo, cinco gols, pelota rolando de pé em pé, cabeçadas, defesas, quedas, esbarrões e os garotos lusos-brasileiros enchendo nossos corações de muita felicidade. Oscar, Henrique, Mika, Philippe Coutinho, Dudu, Nelson Oliveira, Gabriel e todos os demais componentes de uma imensa equipe Brasil-Portugal. Prêmios distribuídos, bolas de ouro,  prata e bronze além de outros, o que vimos foram jovens oriundos de diversos países de vários continentes apresentando um futebol ainda sem contaminações políticas.  Emocionante acompanhar a seleção da Nigéria, conquistando o prêmio “Fair Play” com um excelente ataque, e por ser considerada a equipe que jogou com muita lealdade, levando apenas três cartões amarelos em cinco partidas. Os garotos africanos deram um belo exemplo de que podemos jogar bem sem precisarmos usar de violência. Parabéns! Grande abraço para o  Mika, que poderia ser chamado de homem elástico. Estica, espalma, agarra, abraça a bola com força e carinho de um grande goleiro. Sorriso tímido divide seus méritos com toda a equipe portuguesa. Felicidade também para os amigos mexicanos, com o terceiro lugar, mostraram a garra de seu futebol e mais que tudo, são um grande exemplo para a juventude de seu País.
Terminada a festa, percebemos que o maior mérito não está nas classificações: Brasil campeão, Portugal em segundo e o México em terceiro. O que vale  não é a posição na tabela, em que lugar ficou a França, Egito, Guatemala, Áustria, Croácia, Argentina, Camarões e todas as demais equipes que correram em campo, cantaram seus hinos, honraram suas Pátrias, suaram camisas com as cores de suas bandeiras. O importante é sonharmos com o mundo pautado no respeito ético, religioso, político e financeiro. A grande vencedora, a ganhadora do troféu, chama-se PAZ!
Edison Borba


A GULA

Quem nunca abusou de doces e salgados, que atire a primeira pedra. Quem nunca exagerou na dose e “meteu o pé na jaca” durante uma festa, que me acuse de mentiroso. Todos nós, em algum momento  abusamos e nos excedemos diante de iguarias. Existem também aqueles mais gulosos, que não se agüentam diante de bombons ou que mergulham em pratos de feijoadas. Porém, essas atitudes são apenas relacionadas ao prazer de comer bem. São momentos de gulodices, sem nenhum prejuízo para a coletividade. A gula propriamente dita vai além da fome estomacal, é algo que transforma uma pessoa num ser perigoso, insatisfeito e capaz de devorar tudo e todos que atravessarem seu caminho. A fome pelo poder transforma homens em máquinas desumanas, onde o semelhante não passa de objeto para a sua satisfação pessoal. Manoel é um caso interessante. Sua relação com a esposa  mostra que além de ser um apreciador de bons pratos, ele também tinha fome de viver, não importando a quem doer. Aos 75 anos, esse brasileiro, filho de portugueses, se gabava da vitalidade que ainda podia exibir. Apesar de  coroa grisalho e com um físico de apreciador de cerveja, fazia sucesso entre as mulheres e também entre os homens, principalmente aqueles que viam no “seu” Manoel um paizão capaz de afagar o ego de rapazes solitários.Conhecido nos bares da zona portuária, faziam festa quando chegava. Bom de piada e dono de uma gargalhada inconfundível, ele ia espalhando alegria. Em torno dele, orbitavam algumas mulatas (suas preferidas) e alguns rapazes, que por suas habilidades podiam contar com a  magnanimidade do Manoel.Casado com uma brasileira, pai de dois filhos, fazia a felicidade dos amigos e a infelicidade da  família. Contava-se à boca pequena que sua esposa já havia brigado com algumas raparigas que conseguiam lhe arrebatar o coração e o dinheiro. Seus filhos cresceram se tornaram homens e perderam-se no mundo. Apenas Dona Vandinha, como era conhecida a esposa de Manoel, continuava firme em suas atividades domésticas e, apesar da idade, ainda sofria com os casos do marido. Freguês assíduo do bar “Bom Pescado”, onde se comia a melhor peixada da região, Manoel alegava que a sua presença constante naquele recinto era justificada também pela falta de habilidade de sua esposa em preparar peixes para as refeições. Como um bom apreciador do que vinha dos mares, constantemente afirmava que era capaz de comer uma sereia inteira, aproveitando até as escamas. Foi num ensolarado domingo do mês de outubro, quando se comemorava mais um aniversário do “Bom Pescado”, que a turma se reuniu para uma cervejada acompanhada de muito pirão, camarão e peixada. Os amigos, as mulheres e os rapazes compareceram, como sempre esparramando alegria, já que tudo iria ser por conta da casa e também do Manoel. Muito samba, muito riso, muita piada e gargalhadas. Suores molhando as roupas e cervejas refrescando as gargantas sensualizavam o ambiente, onde “seu” Manoel reinava absoluto. E era tanta algazarra e alegria  misturando-se com a música que tocava muitos decibéis acima do suportável, que ninguém ouviu a tosse provocada por uma espinha de peixe que se prendeu na garganta do Manoel, sufocando-o mortalmente.Seu rosto foi retirado do prato, sujo de pirão. Dona Vandinha comemorou em sua casa, com amigos e filhos, saboreando uma moqueca de peixe que ela havia preparado.
Do livro – DOIS EM CRISE – Editora AllPrint / 2010 -  Edison Borba

                                                                                




sábado, 20 de agosto de 2011

AMOR ANIMAL

Jovem solitário de 37 anos,  procura companheira para vida estável. Após ficar viúvo por duas vezes, continua casto e virgem. Idiamim é cidadão mineiro, tem vida estável no zoológico de Belo Horizonte. Viajou para o Brasil em 1975, se estabelecendo nas Minas Gerais. Elegante e sonhador  possui belo físico. Com 1,80 m de altura e pesando cerca de 200 quilos, Idi espera encontrar a companheira ideal. Sua vida afetiva não tem sido muito boa, sua primeira noiva, Dada, faleceu muito jovem e a segunda, Cleópatra, também teve a mesma sina, morrendo  14 dias após chegar de São Paulo.  Há 27 anos vivendo em completa  solidão, ele será apresentado a duas lindas jovens, Hebe e Kafta, que chegaram da Inglaterra  especialmente para conhecê-lo. Idi é o único gorila em cativeiro da América Latina.
A história do Idiamim nos permite a uma reflexão sobre a sobrevivência de uma grande variedade de espécies  animais, que se encontram em extinção devido a caça predatória,  destruição de florestas, poluição ambiental e a modificação de ecossistemas, entre outras ações de humanos desumanos. A manutenção  em cativeiro, em alguns aspectos é importante para que haja a possibilidade de reprodução permitindo a continuidade de diversas espécies. Ou então, como proteção contra as loucuras de homens insanos, que buscam prazer na matança desordenada de animais indefesos. Outra questão, que precisa ser revista, é a existência de animais aprisionados em celas, para satisfazer a nossa curiosidade e diversão.  Visitar  zoológico com animais aprisionados em pequenos espaços, por mais bem tratados e alimentados  que estejam, é uma  visão pouco agradável. Acredito que gradativamente estamos reavaliando esse tipo de “divertimento”. Não é possível que em pleno século XXI ainda possamos levar nossas crianças para visitarem animais aprisionados, como forma de distração. Existem várias entidades que não poupam esforços financiando laboratórios, clínicas e veterinários que trabalham para garantir a sobrevivência de  diferentes espécies. Que a história de Idiamin e suas namoradas, seja um bom exemplo de que lugar de gorila é na floresta, junto com outros animais, como parte importante de uma grande teia ecológica.
Edison Borba


EMOÇÕES NO YOU TUBE - II


Programa: Se ela dança, eu danço – S.B.T. / 2011 – Apresentação do candidato: John Lennon da Silva Categoria: street dance (adaptação da cena – morte do cisne do balé O Lago dos Cisnes) – Música: Tchaikovsky Jurados: Jarbas / Lola / João Wlamir
O Lago dos Cisnes é um balé dramático do compositor russo Tchaikovsky. Desde a sua estréia em 1877, até hoje não há quem não se emocione diante de tanta beleza. Palácios, encantamentos, feiticeiros, príncipe e princesas fazem parte desta encantadora história de amor. Margot Fonteyn, Nora Esteves, Anna Pavlova são algumas bailarinas que brilharam nos palcos vivendo os personagens Odile e Odette. Este ano, o Oscar, importante prêmio do cinema, foi para Natalie Portman pelo seu incrível cisne. Um filme repleto de emoções, cujo diretor soube trabalhar com maestria, tendo o mundo do balé como fio condutor da história.
Um programa de variedades, num canal de televisão (SBT). Candidatos em busca de prêmios e oportunidades apresentam-se dançando. Uma mistura de ritmos e movimentos. Uma parafernália de brilhos, cores e criações, de gosto duvidoso. Candidato: John Lennon da Silva. O nome chamou a atenção dos jurados: John Lennon, rapaz magro de 22 anos, vestindo roupas simples, que sonha em viajar e mostrar o seu trabalho pelo mundo. Sua proposta: transportar a cena da morte do cisne para uma linguagem de “street dance”. Não há palavras para descrever a apresentação do John Lennon brasileiro. Os Jurados vão às lágrimas. Emocionante.
Vale conferir! Um excelente momento à nossa disposição no You Tube.
Edison Borba



sexta-feira, 19 de agosto de 2011

UMA RUA UM LAR

Eles estão em toda parte: são crianças, adultos, homens e mulheres de diversas idades e origens. Podem ser encontrados nos parques, ruas e jardins. Dormem sob marquises, nos bancos de praça e nas calçadas. Embrulhados em jornais ou cobertos por panos velhos, podem ser vistos próximo às lixeiras e nas sarjetas.  Durante o dia cochilam ao sol ou andam em grupos. Mas, também podem ser observados vagando solitariamente. À noite é comum se juntarem  em torno de pequenas fogueiras, conversando e sonhando. Algumas vezes formam pares, ou se fazem acompanhar de um fiel cãozinho. Há os que possuem carrinhos abarrotados de quinquilharias. São riquezas acumuladas em seus caminhares pela vida. Não possuem agenda, não marcam hora para reuniões, não se preocupam com o leão do imposto de renda e nem ficam na expectativa da chegada de uma correspondência, são nômades. Não podemos confundi-los com marginais, ou usuários de drogas. Suas casas; não tem número, estão situadas em todas as ruas da cidade. Sobrevivem a cada dia. Suas refeições são variadas. Uma quentinha obtida com o dono de um bar. Um resto de comida encontrado naquele latão em frente ao prédio de luxo. Ou um salgadinho comprado, com a moeda descolada de algum bondoso cidadão. Sem planos de saúde, sobrevivem às chuvas, ventos e friagem. No verão, a praia é um bom lugar para ficar. Ar puro, comida farta, espaço para brincar. Não possuem  identidade, nem rosto e nem família. Documentos? Se algum dia tiveram estão perdidos em alguma lata de lixo. Provenientes de lares desfeitos, problemas financeiros ou uma enorme vontade de deixar de ser  e assumir outra identidade. Pacíficos, se deixam levar para depois voltar. Andam em círculos pela cidade, mantendo um roteiro. Podem ser vistos cuidando de suas roupas em algum chafariz da cidade. Aceitam por algum tempo a proteção e ajuda de grupos humanitários e religiosos, mas não estabelecem vínculos. Os moradores de rua são seres silenciosos, resistentes, nômades, solitários,  ajustados à sua condição e desajustados às nossas. Driblam a fome e a sede. As doenças e as indiferenças. Não possuem identidade. São invisíveis. Ninguém nota a sua presença. Não são eleitores. Não contam no censo, mesmo sem terem  perdido o senso. Estão na sociedade, mas não fazem parte dela. Acostumamo-nos, a cruzar com eles e a desviar o olhar do seu olhar e a evitar a sua vontade de voltar a amar.

Edison Borba

JAPÃO - UM GRANDE EXEMPLO

País arquipélago, formado por diversas ilhas. Geograficamente montanhoso, possui diversos vulcões , como o famoso monte Fuji.  Também conhecido como o País dos Sol Nascente, tem uma das maiores populações do mundo. Pesquisas arqueológicas, indicam vestígios de habitantes no período Paleolítico. Seu regime político, mantém um Imperador e um parlamento eleito. É uma das maiores economias, possuindo um respeitável padrão de vida. Em 1941, durante a 2ª guerra mundial, atacou a base americana de Pearl Harbor, levando a uma revanche em 1945, com bombas atômicas destruindo as cidades de Hiroshima e Nagasaki. Uma nação que renasce como a beleza efêmera das cerejeiras possui uma expectativa de vida das mais elevadas do mundo.É um dos líderes no campo da pesquisa científica e construção de robôs industriais. Preocupado com a saúde e a educação de seu povo, se mantém entre um dos mais procurados por turistas interessados em sua culinária, arte e religião. Apesar de estar situado tão distante do Brasil, desde os períodos das imigrações, japoneses e brasileiros se tornaram mais do que amigos. Grandes parceiros na construção do nosso progresso, nos acolhem em seu território, demonstrando grande admiração pela nossa música e futebol. Porém, existe entre nós, japoneses e brasileiros, alguns pontos extremantente opostos. Terremotos, abalos e tsunamis, são acontecimentos que fazem parte da estrutura geológica oriental. Aqui nesse país sulamericano, nossos abalos são cardíacos quando nos deparamos com a devastação da nossa ecologia. Não fomos bombardeados na guerra, mas somos metralhados por boatos produzidos no planalto central. Enquanto nossos irmãos orientais, são capazes de levantar, sacodir a poeira e reconstruir suas cidades após os terríveis abalos sísmicos, nós continuamos atolados (em diversos sentidos). Os queridos habitantes do Japão, já sofreram diversas catástrofes desde a segunda guerra mundial. Em março de 2011, foi  um tsunami. Ondas invadiram cidades, provocando mortes e destruição. Incêndios e vazamento radioativo causaram terriveis danos à sociedade japonesa. Apesar de todo o sofrimento, a população se levantou, não só reconstruindo prédios, ruas, avenida e restabelecendo suas redes de transporte e comunicação. Algo de maravilhoso surpreendeu o mundo. Nos escombros, no meio de toda destruição, foram encontrados milhões em dinheiro, dentro de carteiras, bolsos e bolsas. Cofres com barras de ouro, entre outros valores, também foram achados. Calcula-se em mais de125 milhões em dinheiro vivo. De tudo o que foi encontrado cerca de 96% já foi devolvido aos seus legítimos donos. Usando documentos e informações, foi possível restituir os pertences a quem de direito. Uma atitude inusitada para nós! Um país que ainda vive sob os efeitos da radiação, morando em abrigos e assustados com possíveis novos problemas sísmicos, que os ameaçam a cada dia, ter esse tipo de comportamento é digno de aplauso. Políticos brasileiros que guardam dinheiro nas cuecas e meias, que desviam para seus cofres o que pertence ao povo imaginamos vocês na região do tsunami, o quanto lucrariam enchendo suas roupas com a desgraça alheia. Parabéns irmãos japoneses! Obrigado pelo exemplo! Vamos tentar aprender a  lição!
Edison Borba 






quinta-feira, 18 de agosto de 2011

CARTOMANTE

Cai o do transportes, cai agricultura e cai o da defesa. Em menos de oito meses, caíram quatro. Eliminados, deixam o povo pensativo. Ministros e mais ministros deixam seus cargos e ao saírem, ficam as machas, as dúvidas e a insegurança. Pessoas escolhidas para serem conselheiras, amigas e  responsáveis por setores que sustentam a integridade de um país não correspondem ao que se espera de um bom cidadão. Estão pondo o dedo na ferida. Estão pensando em nossos filhos. Estão tentando reverter uma situação. Estão sendo corajosos. Estão rompendo laços. Estão rejeitando abraços. Haja o que houver tem que valer o que está escrito. Chega de paciência para os deslizes, dinheiro desviado, corrupção e irresponsabilidade. Nos dias de hoje, temos que dar um basta na safadeza, na moleza e na incerteza que envolve esse País. Motivos não faltam. Tudo está em dossiês amplamente divulgados. Revistas e jornais revelam em suas manchetes os bastidores políticos em todo território nacional. Conversas nos bares entre amigos, nos trens, nas barcas e nos aviões. Murmurando ou gritando, explodem as denúncias. Municípios e estados interligados numa rede de corrupção estão transformando esse País na terra da fantasia. Deboches, pizzas, mentiras e falsidade tudo às claras. Tudo revelado, dito e questionado em frente às câmeras de televisão. Comentaristas e analistas de economia tentam maquiar o jogo de interesses que a cada dia se torna mais difícil de explicar. Copa do mundo, olimpíadas e grandes eventos conduzem a população para um pensamento otimista. A falsa idéia de que a população só precisa do circo. Ledo engano. O povo já não é o mesmo de antigas épocas. Está no baralho das cartomantes, no jogo de búzios e nas profecias, Deus já está conosco até o pescoço. ELE nos deu terra fértil, muita água, fauna e flora. Nos cobriu com céu azul. Nos afastou dos perigos. Desviou os ventos fortes e liberou magnífico litoral.  Corremos perigo. Temos medo da vida. Estão queimando nossos campos, poluindo nossos rios, loteando nossas matas. Já está previsto, por todas as videntes e nas profecias das cartomantes. Cai mais um ministro. Um cara de pau. Tá tudo nas cartas. Vai cair mais um. Bolso cheio de ouros. É bom que se protejam. Oferecendo a face e a propina pra quem quer que seja. Desta vez, Deus está conosco!
Salve Ivan Lins e Vitor Martins!  Salve a Cartomante! Salve Elis Regina na Transversal do Tempo! Amém!
Edison Borba


PARQUE DOS HORRORES

Carrossel, pipoca, famílias, algodão doce, crianças e roda gigante. Refrigerantes, gargalhadas, balanços e  bichinhos de pelúcia. Barraquinhas, música e muita fantasia são ingredientes para o mundo mágico de um parque de diversões. Domingos, feriados e férias são  ideais para  rir e brincar nesses espaços. Os parques de diversão, ainda são lugares procurados para adultos recordarem a infância, namorados  heróis que no túnel escuro se transformam em super homens, crianças correrem livres na busca de emoções, casais apaixonados passearem de mãos dadas comendo maçã do amor. Tudo é sinônimo de felicidade.  Os anos passam, o mundo se moderniza, mas o seu encantamento não desaparece. Enquanto houver crianças, casais enamorados e vontade de ser  feliz, eles existirão em todos os lugares do mundo. Usados pelo cinema em lindos musicais, como No Tempo da Brilhantina, ou como parte do mundo do circo no Maior Espetáculo da Terra; os parques, grandes, como a Disneyworld ou pequenos e pobres que ainda encontramos nas pequenas cidades, são produtores de magia. Ambientes ideais para os apaixonados iniciarem romances. Esses lugares também já foram usados para cenas de mistério e horror. Quem não se lembra de uma roda gigante balançando, com os ocupantes em perigo de vida? Montanhas russas desgovernadas prestes a saltar dos trilhos? Assassinatos? Bandidos mascarados seqüestrando crianças? Terroristas explodindo  bombas enquanto a multidão apavorada corre sem rumo? O cinema soube usar a tragédia para fazer contraponto com a felicidade, maculando o mundo encantado, do reino da fantasia. Mas cinema é cinema. Ficção é ficção. Realidade é realidade. Neste mês de agosto, a vida imitou a arte. No estado do Rio de janeiro, no Brasil, dois jovens perderam suas vidas num parque de diversões. Um  casal de adolescentes buscando diversão foram as vítimas. Tornaram-se personagens fatais de um filme de terror. Os bandidos: o engenheiro - assinou  laudo permitindo que brinquedos velhos e enferrujados fossem usados, em troca de alguns míseros reais. Os donos do parque – ambiciosos,  na fome financeira devoraram vidas. Além de toda a máfia que controla o setor de divertimentos. Bares que vendem bebidas alcoólicas para menores. Traficantes que usam crianças para o seu comércio sujo. E todos os que giram os carrosséis da corrupção nos parques dos horrores que tiram a vida dos nossos jovens.

Edison Borba    

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

AVAREZA

A falta de generosidade, a mesquinhez e o excessivo e sórdido apego ao dinheiro, transforma seres humanos em avarentos. Esse tipo de comportamento chega ao extremo na história de Álvaro. Um homem comum  que tem a sua vida interrompida, graças ao seu excessivo apego ao dinheiro. Leia e tire as suas próprias conclusões. Álvaro, vítima ou vilão?

Libriano, do mês de setembro, Álvaro fazia jus a seu signo. Extremamente organizado e  cauteloso com suas finanças,  mantinha toda a  família amarrada aos seus caprichos. “Quanto custou? Por que não procurou mais barato? Esse mês não será possível! Vamos economizar!” Eram observações que ele fazia diariamente. Sua esposa estava sempre atenta para não sair dos “trilhos”, mantendo  a casa e os filhos dentro dos padrões exigidos pelo marido. Todos os dias  buscava nas feiras e mercados os artigos mais baratos. Em casa, colocava água no detergente e nos vidros de xampu para aumentar a durabilidade. Sua geladeira estava sempre repleta de  restos do almoço ou do jantar, que acabariam novamente na panela.Sempre que o pai não estava em casa, as crianças reclamavam com a mãe. Porém, ela sempre buscava uma forma para explicar o comportamento do  marido. Quando seus argumentos não eram aceitáveis,  apelava para o signo: “meninos, seu pai é um autêntico libriano. Vocês sabem como é esse negócio de signo, não há como mudar!” Certo mês, ao receber a conta da água, Álvaro notou um aumento considerável. Reuniu a família e, ignorando que estavam no verão e o aumento do consumo de água se devia provavelmente ao excesso de calor, decretou que todas as torneiras da casa receberiam um cadeado. Todas as chaves ficariam com ele. A partir daquele dia, a água seria liberada apenas  numa determinada hora. Nada de garrafas na geladeira, nada de torneiras abertas, nada de banhos demorados  nada de desperdícios. Tudo seria controlado. Cada litro, cada gota de água só sairia da torneira sob o seu comando. Apesar de contrariados, todos aceitaram pacificamente aquela  ordem absurda. Os filhos passaram a usar o banheiro do colégio e às vezes até o terreno baldio. Tudo isso para não gastar água  e também para evitar o terrível odor que se espalhava pela casa, já que as descargas só eram acionadas à noite, quando Álvaro voltava do trabalho. Ao chegar a casa Álvaro percebeu que esquecera todas as  chaves na gaveta do escritório em que trabalhava. Fazia um forte calor. Sua família o estava esperando para que pudessem abrir as torneiras. Quando Álvaro informou que esquecera suas chaves no escritório e que todos teriam que esperar, houve um descontentamento geral. Pela primeira vez, aquela família se rebelava contra as suas ordens. Todos falavam e gritavam, fazendo com que o tempo ficasse cada vez mais quente. O calor no interior da casa tornou-se insuportável. Todos suavam e gesticulavam num protesto uníssono. Diante daquele caos, Álvaro descontrolou-se, começou a tremer, sua voz falhou, empalideceu e colocou a mão no peito sentindo uma dor lancinante.  Sua mulher rapidamente pegou os comprimidos que ele tomava para controlar um possível infarto. Correu até a cozinha, pegou um copo e, olhando para a torneira trancada com um cadeado, voltou-se para o marido que morreu com as mãos estendidas para o copo vazio.
Do livro DOIS EM CRISE – Editora AllPrint – 2010 – Edison Borba

                                                                                           




OFICINAS DO SABER

Mesmo com toda a parafernália existente no mundo moderno, computadores e celulares entre tantos outros objetos que fazem parte da nossa vida no século XXI, nas salas de aula, a figura do professor é indispensável. Essas oficinas do saber precisam da orientação do mestre, que irá reger a orquestra, interligando os sons, as palavras, os textos e os conteúdos numa melodia infinitamente harmoniosa que se chama aprendizagem. Cada aula exige uma preparação específica. O tema pode ser até o mesmo, porém para cada platéia ou turma, o ritmo terá que ser adaptado. Para alguns, será necessário um movimento mais para o frenético enquanto para outros, o ritmo terá que ser suave. Cabe ao maestro, perceber qual a melhor cadência para conduzir os seus grupos rumo ao saber. As atividades pedagógicas  exigem do regente, equilíbrio, sofisticação, metodologia, criatividade, paciência e conhecimento para ninguém perder a sintonia e desafinar. Todos os integrantes da orquestra devem caminhar harmoniosamente. Para conseguir essa façanha, o professor, busca metodologias diferenciadas mantendo  seu grupo, ligado na sua palavra. Nada substitui a ação, o fascínio e o carisma de um mestre. Durante muitos anos, assumi a regência de diversas classes tendo a Biologia e as Ciências Naturais como pauta musical. Corpo humano, plantas, células, animais, genes, meioses e mitoses eram alguns temas que eu regia para cérebros atentos e curiosos. Diariamente buscava novos caminhos, para manter aquela meninada atenta ao meu comando, na tentativa de transformar a sala de aula numa oficina de saber. Gravuras, livros, jornais, filmes, projeções e tudo mais que pudesse manter o interesse era levado para ajudar na construção daquelas jovens mentes, altamente lubrificadas por hormônios. E foi nesta busca pelo envolvimento dos meus alunos, que organizei algumas frases, cujos conteúdos absurdos, a princípio não tinham nada com a minha formação científica. Contrariando os programas e as exigências pedagógicas, levei para minha sala algumas frases quebra-língua. O objetivo era forçá-los a pronunciar palavras esquisitas, em frases com estranhos significados, forçando-os a pensar em “coisas”  absolutamente diferentes até do que eles encontravam nas suas pesquisas via internet. Para minha surpresa, a brincadeira agradou às turmas, possivelmente abrindo espaço para que eles viessem a entender melhor os mistérios dos conteúdos que eu lhes oferecia em nossos encontros biológicos. O aprendizado melhorou, incluindo o meu para com meus aprendizes. Na dificuldade de pronunciar algumas palavras grupos se formaram numa ação conjunta onde alunos e professor, maestro e orquestra executaram uma linda melodia. Algumas dessas malucas frases estão relacionadas a seguir. Será que atualmente elas ainda fariam sucesso? Experimentem brincar com seus alunos lendo em voz alta: “Zuleica zuniu no zelador zeloso o zodíaco de zinco do zarolho” – “O parlamentar parlapatão parou perto da parreira do parque onde havia um parquímetro” – “Ele descambou no descaminho e ficou descamisado sem descansar ficando descaracterizado” – “Astrogildo é astronauta e astrônomo, ele gosta de astros  e estuda astrocopia na astrosfera” – “Havia uma barraca na barra perto do barracão barracento onde um burro estava amarrado” – “O rei com remorso roeu a roupa da rainha reforçando a regra ruim de Roma” – “Os zigofiúros zangados zanzavam perto das zamiáceas dos zangões”. Aprender e ensinar devem ser atos prazerosos. O professor como um maestro, envolvido pela melodia produzida por seus alunos envolvidos na mesma atmosfera de encantamento transformam uma simples sala de aula numa grande e incrível oficina do saber.    
Professores artesãos - maestros atuando e colaborando com a natureza na formação de organismos cidadãos. Parabéns!

Edison Borba

EMOÇÕES NO YOU TUBE - I

Novela: Vale Tudo – Atrizes: Beatriz Segall / Renata Sorrah – Cena: Encontro entre Heleninha e Odete Roitman – Filha alcoólatra e mãe poderosa travam um duelo inesquecível. Duas grandes atrizes num confronto de titãs nos emocionam no último diálogo, antes do Brasil parar diante da grande questão: - quem matou Odete Roitman?
Um dos grandes momentos da televisão brasileira; podem ser relembrados nesta cena. BS e RS explodem em pura emoção. Seus rostos cobertos por lágrimas se contraem revelando o quanto o trabalho de representar pode ser divino. Um mergulho na alma humana. Segredos guardados por longos anos brotam num diálogo doloroso e amargo. RS a filha alcoólatra, lembra da rica infância em que as grandes festas e lindos presentes não foram suficientes para substituir os carinhos e afagos nunca recebidos. Fala do seu orgulho em ter a mãe mais bonita e inteligente e da vontade de ser igual a ela. Chora com a dor de ser um erro, de ser feia e torta. Uma vergonha para a mãe. A dor é tão forte, tão profunda que nos atinge como se fôssemos os algozes. O clima de tensão aumenta, quando Heleninha revela a culpa de um assassinato que não cometera. Não há como ficar indiferente a esse encontro. BS, como Odete Roitman, tem seu rosto ocupando toda a   tela. Não haveria necessidade de texto, que neste caso surge como complemento, bastaria manter aquela face torturada em foco para a emoção se apossar de todos os seus admiradores. Pressionada pela filha, que implora por respostas, sua voz  rascante como vinho, tenta explicar o impossível: -“tudo o que fiz foi por amor”- “para defender a família infeliz que o destino me deu” – “eu sou o pilar dos Roitman”. Esse encontro antológico  se encerra com a observação de Heleninha: -“ eu não me pareço com você mãezinha querida!”

Vale à pena conferir no “you tube” e perder o fôlego nas emoções desse incrível encontro entre Beatriz Segall e Renata Sorrah.

Edison Borba


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

RESSACA

A morte do Joel  foi um choque brutal para a sua companheira. Ela perdia, não só um bom amante, como também um parceiro de grandes noitadas, com muita vodca, conhaque entre outras bebidinhas que ajudavam a alegrar os encontros. Morreu na madrugada de um domingo em pleno mês de janeiro. Por uma dessas ironias da vida, ele estava sóbrio. Nenhuma gota de álcool em suas veias. Foi  encontrado pela manhã, sentado no sofá, com a boca entreaberta como se estivesse querendo se comunicar. Em seu enterro, compareceram dois amigos de copo, um garçom e a sua fiel amiga. Apesar de haver entre eles um caso de amor e sexo, ambos não admitiam nada além de companheirismo e amizade. Sozinha em seu apartamento, após a cerimônia fúnebre, buscou consolo no som de velhas melodias e numa garrafa de gim. Após tantos anos juntos, ainda havia muito  sobre aquele homem a ser descoberto. O que os obituários iriam publicar sobre Joel? Era sempre atencioso, educado e tranquilamente suave em seus gestos. Romântico sem dizer poemas. Alegre, apesar do sorriso tímido. Elegante nas roupas simples, compradas em lojas baratas. Não acreditava em bancos, guardava seu dinheiro em casa, gastando à medida que precisava para as despesas diárias. Era um cara legal como poucos, tinha tudo que pode ser comprado, dinheiro não faltava. Esse era o seu homem. Tudo o que ela possuía, se concentrava nele. De qualquer maneira,  teria que continuar a viver naquele apartamento. O local não era luxuoso, mas estava repleto de recordações. Foi ali que tudo começou, ele paciente e carinhoso, soube como dissipar seus medos. A princípio se encontravam apenas uma vez por semana. Até que um dia ficaram juntos definitivamente. Ela sabia que conseguir uma noite de sono tranqüilo, a partir daquela data seria algo difícil. Não estava triste, apenas cansada. Muitas lembranças, boas lembranças, povoavam seus pensamentos. Certa vez, numa de suas viagens, sem destino, pararam num miserável hotel com paredes esburacadas. Dividiram o quarto com insetos e ruídos estranhos. Mas tudo isso, não lhes tirou a felicidade de compartilharem suas vidas. Aquela situação foi uma nova chance para que se conhecessem melhor. No mundo, não existem pessoas iguais a Joel. Capaz de surpreendê-la com flores ou então cantarolar uma melodia para que conseguisse dormir. Às vezes se comportava como um pai carinhoso, que cuida de sua garotinha. Era impossível esquecer as diversas experiências, vividas ao longo dos anos de camaradagem. Queria que ele estivesse ali, para que pudesse expressar seu sentimento, sua dor e o seu amor. Sabia que em pouco tempo, teria uma nova rotina. Ali, no seu esconderijo secreto, escreveria novos episódios de sua existência. Era como o dia seguinte de uma noite de bebedeiras: acordaria de ressaca, boca seca,   estômago doendo, cabeça vazia e um enorme arrependimento de não ter aproveitado aquela última dose de Martini, que ficara na taça de cristal.

Edison Borba