Com
a chegada das férias, é comum ouvirmos comentários sobre preparativos para
viagens, passeios e excursões. É preciso
sair para revigorar o organismo, arejar a mente, relaxar e sair da rotina.
Recarregar as baterias, é outra observação, que ouvimos bastante nos períodos
que antecedem recessos e feriados.
Buscamos
fora da nossa casa, o merecido repouso. Nossos olhos querem ver outras
paisagens, nossos ouvidos escutarem diferentes sons e até provarmos sabores outros.
Eu
também estou nesse grupo e por muitas vezes viajei para bem longe do meu lar. Mas,
a experiência da volta, nem sempre foi boa. Percebi que ao regressar, me sentia
mais abatido e após cessar a euforia das fotos e explicar para os amigos cada
detalhe do meu passeio, “batia” um vazio, uma tristeza, que aos poucos ia se
diluindo com o retorno aos meus afazeres e novamente me “acostumar” com a
rotina.
Curiosamente,
alguns amigos também faziam comentários semelhantes. Mas, tudo isso era
atribuído ao cansaço da viagem e algumas vezes até ao fuso horário.
Aos
poucos fui percebendo, que ao viajar, ao sair de casa, buscando novas paisagens,
eu teria que retornar para o meu “cantinho” e conviver com ele e com tudo que o
compõem. E foi num desses retornos, que ao abrir a porta de minha casa, percebi
o quanto havia no meu lar, que eu desconhecia. Envolvido no corre e corre de
horários e agendas, não sobrava tempo para eu “curtir” o meu espaço. O sofá que
eu não havia aproveitado da sua maciez, os diversos vídeos que não consegui
assistir tranquilamente. CDs empoeirados, livros ainda envolvidos pelo celofane
da loja. Havia em minha casa uma paisagem que eu era desconhecida por mim.
Minha sala, meu quarto, cozinha e até o banheiro. A área de serviço com algumas
plantinhas que eram apenas aguadas, mas nunca acarinhadas por minhas mãos.
Objetos,
quadros, cadeiras, mesas até as panelas
(que comprei numa liquidação) estavam ali, na minha frente sem que fossem
observadas com olhos de carinho. Meu tempo era muito pouco para conviver comigo,
através dos meus objetos e no meu espaço. Nesse momento, me dei conta que era
necessário alterar minha maneira de viver. Sem dúvida, que as férias seriam
planejadas e as viagens realizadas. Porém, sem ter conotação de FUGA. Buscar
novas paisagens não poderia continuar significando FUGIR do meu espaço. Havia
ao meu redor uma bela paisagem, que eu ainda não havia conseguido observar.
Minha rua, meus vizinhos e o pequeno comércio onde eu abastecia a minha
geladeira. Tudo isso estava ali pertinho. Uma paisagem esperando pelos meus
olhos e pela minha máquina fotográfica.
Click!
Edison
Borba