sábado, 30 de junho de 2012

REVISITANDO MEU LAR

Com a chegada das férias, é comum ouvirmos comentários sobre preparativos para viagens, passeios e excursões. É  preciso sair para revigorar o organismo, arejar a mente, relaxar e sair da rotina. Recarregar as baterias, é outra observação, que ouvimos bastante nos períodos que antecedem recessos e feriados.
Buscamos fora da nossa casa, o merecido repouso. Nossos olhos querem ver outras paisagens, nossos ouvidos escutarem diferentes sons e até provarmos sabores outros.
Eu também estou nesse grupo e por muitas vezes viajei para bem longe do meu lar. Mas, a experiência da volta, nem sempre foi boa. Percebi que ao regressar, me sentia mais abatido e após cessar a euforia das fotos e explicar para os amigos cada detalhe do meu passeio, “batia” um vazio, uma tristeza, que aos poucos ia se diluindo com o retorno aos meus afazeres e novamente me “acostumar” com a rotina.
Curiosamente, alguns amigos também faziam comentários semelhantes. Mas, tudo isso era atribuído ao cansaço da viagem e algumas vezes até ao fuso horário.
Aos poucos fui percebendo, que ao viajar, ao sair de casa, buscando novas paisagens, eu teria que retornar para o meu “cantinho” e conviver com ele e com tudo que o compõem. E foi num desses retornos, que ao abrir a porta de minha casa, percebi o quanto havia no meu lar, que eu desconhecia. Envolvido no corre e corre de horários e agendas, não sobrava tempo para eu “curtir” o meu espaço. O sofá que eu não havia aproveitado da sua maciez, os diversos vídeos que não consegui assistir tranquilamente. CDs empoeirados, livros ainda envolvidos pelo celofane da loja. Havia em minha casa uma paisagem que eu era desconhecida por mim. Minha sala, meu quarto, cozinha e até o banheiro. A área de serviço com algumas plantinhas que eram apenas aguadas, mas nunca acarinhadas por minhas mãos.
Objetos, quadros, cadeiras, mesas  até as panelas (que comprei numa liquidação) estavam ali, na minha frente sem que fossem observadas com olhos de carinho. Meu tempo era muito pouco para conviver comigo, através dos meus objetos e no meu espaço. Nesse momento, me dei conta que era necessário alterar minha maneira de viver. Sem dúvida, que as férias seriam planejadas e as viagens realizadas. Porém, sem ter conotação de FUGA. Buscar novas paisagens não poderia continuar significando FUGIR do meu espaço. Havia ao meu redor uma bela paisagem, que eu ainda não havia conseguido observar. Minha rua, meus vizinhos e o pequeno comércio onde eu abastecia a minha geladeira. Tudo isso estava ali pertinho. Uma paisagem esperando pelos meus olhos e pela minha máquina fotográfica.
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Edison Borba

quarta-feira, 27 de junho de 2012

ATITUDE DE MÃE

O mês de junho, marcou as cidades de São Paulo  e Rio de Janeiro, por dois trágicos acontecimentos, que tiveram como protagonistas, mulheres mães.
Em São Paulo, um atropelamento. Ao atravessar uma rua, pela faixa de pedestres, mulher que carregava no colo, sua pequena filha, é atropelada. Pessoas que assistiram o terrível acontecimento, afirmaram que a criança foi salva, pela atitude da mãe.
No Rio de Janeiro, outro caso envolvendo relação mãe  e filha, emocionou a cidade. A morte da mulher, que estando em meio a um forte tiroteio, cobre a garotinha com seu corpo.
Duas mortes. Duas mulheres. Duas crianças. Duas atitudes de mãe.
O que diferencia o comportamento materno dos demais?
Haverá algum componente genético, que leva a tomada desse tipo de atitude.
O que leva uma pessoa a proteger outra, colocando em risco à sua própria vida?
Nas diversas espécies de animas que habitam o nosso planeta, é comum observar as fêmeas promovendo a segurança de seus filhotes. Por mais, que os machos, incluindo aqui os homens, estejam presentes na proteção da sua prole, a atitude maior vem do organismo feminino.
A gestação pode ser a resposta para atitude tão heroica. Manter em seu corpo, por um longo período  outro organismo, é uma responsabilidade que não  termina no momento do parto. Durante o tempo que o bebê sobrevive dentro do útero materno, ele passa a ter uma relação orgânica, isto é, ele é mais um órgão, que compõem o organismo da mulher. A relação mãe e filho é  difícil de entender, pois trata-se de uma relação das mais íntimas que conhecemos, da mesma forma que é complexa, compreendermos o funcionamento do nosso organismo.
Quando sentimos a presença de um algum órgão, é sinal de que ele não está funcionando bem. Coração, pulmões, rins e tudo o que existe dentro de nosso corpo, quando em harmonia, não percebemos a sua existência. É provável que a relação maternal, tenha essa conotação. Quando o filho está com saúde e em segurança, a relação segue tranquila. Porém, quando algo ameaça surge à reação de defesa. Da mesma forma que procuramos um cardiologista, quando sentimos que algo não vai bem como o nosso coração, as mães, protegem seus filhos contra os perigos.
As atitudes de defesa e os atos heroicos são compreensíveis quando pensamos através desse ângulo. Um filho é  parte integrante do organismo materno. Perdê-lo é sentir a dor da mutilação. É ter a amputação de um órgão, portanto, para manter a  integridade de seus filhos, só existe uma explicação, que pode ser entendida através das atitudes das mães.
Edison Borba

terça-feira, 26 de junho de 2012

"ACORDARES"

Hoje acordei carente, com vontade de ver gente, fazer contatos, ouvir vozes, me sentir amado. Vontade de ser reparado e admirado.
Hoje acordei saudoso. Lembrando  boas coisas que já vivi. Recordando amigos lugares e até objetos. Saudade apenas saudade sem arrependimentos.
Hoje acordei melancólico. Estou sentindo um “não sei o que”, algo que não é possível descrever. Um vazio tão forte que até parece que a morte está passando aqui.
Hoje acordei diferente. Não me perguntem o motivo, não saberei responder. Estou diferente. Não estou triste nem contente apenas diferente. Olhei meu rosto no espelho  não era exatamente, o mesmo de ontem. Meu olhar olhou-me diferente!
Hoje acordei alegre. Vontade danada de rir. Gargalhar. Falar alto sem parâmetros. Fazer algazarra e muita bagunça. Virar cambalhota e ser criança de novo.
Hoje acordei indiferente. Nada me incomoda. Não estou ligando para sol e nem para a chuva. Para mim, tanto faz subir ou descer. Não estou me ligando em nada. Olho e nem ligo para a paisagem à minha frente. Hoje eu estou indiferente.
Hoje acordei amargo. Um gosto áspero na boca. Um mau humor sem razão. Vontade de não ver ninguém. Estou pessimista com o futuro. Descrente com o presente e sem querer lembrar o passado. Estou amargo, azedo e carente.
Hoje acordei elétrico. Rapidamente corri para o chuveiro e como um azougue já estava engolindo o café. Como num passe de mágica me coloquei a correr. Desci as escadas pulando e desabalei pelas ruas. Acordei dando até choque, mas precisei de reboque quando o circuito pifou.
Hoje acordei, simplesmente acordei. Dei aquela espreguiçada, me estiquei nos lençóis e me senti um rei. Acordei devagarinho me levantei de mansinho, abri as janelas da casa e vi a linda manhã. Ouvi  pássaros cantando, senti cheiro de café e um gostinho de vida.  Que delícia é viver! Acordei para o mundo. Coração cheio de amor. Me peguei cantarolando e até assobiando.
Hoje acordei com uma grande necessidade de receber um abraço. Mas tem que ser aquele abraço amassado, colado, apertado. Daqueles em que os corpos ficam tão unidos que até parecem um só. Abraço de amigo, abraço fraterno, abraço que se torna eterno.
Hoje acordei para a vida!
Edison Borba

domingo, 24 de junho de 2012

SEPARAÇÃO

Separação, desquite, divórcio, abandono do lar tudo se resume numa só condição acabou o amor. Em alguns casos, o amor não acabou simplesmente porque nunca existiu. É mais comum do que imaginamos, pessoas se unirem por atração momentânea, vontade de sexo ou por conveniência profissional e até financeira.
Sábado, dia 30 de junho, estarei presente a uma celebração de Bodas de Diamante e no mês de dezembro, a uma festa de Bodas de Ouro.
É impressionante, que ainda existam parceiros que conseguem superar marcas de cinquenta e sessenta anos de união.
Dividir a mesma casa, o mesmo quarto, a mesma cama e, o mais difícil, o mesmo banheiro. Nossas vontades fisiológicas são extremamente egoístas e não suportam esperar. Quando se consegue dividir o mesmo banheiro, é sinal de que a relação poderá ser duradoura. Esse local tão discreto guarda nossos mais incríveis segredos. Aqueles que nem aos nossos terapeutas contamos. Hábitos estranhos, caretas, cheiros, perfumes, dores, lágrimas, silêncios, decisões e muitas outras situações são vividas  nos interiores dos banheiros.
Não existe no mundo, ninguém, que possa prescindir desse estranho local. Nos trancamos em banheiros e nos sentimos livres para ser aquilo que ninguém pode saber sobre nós. No seu interior, ficamos literalmente nus!
Sem roupas, sem constrangimentos e sem vergonhas, aquelas (vergonhas) que geralmente nos fazem corar em público.
Portanto, afirmo que para haver celebrações de bodas, o segredo está no uso dos banheiros.
Esta semana os jornais estão com farto material sobre separações de celebridades. O mundo dos famosos está repleto de amores findos. Homens e mulheres lindos, que já posaram para muitas revistas, mostrando suas felizes caras, anunciam que tudo está acabado.
Mesmo sendo aqueles que possuem lindos e bem decorados banheiros, não escaparam dessa maldição. Não há como resistir ao creme dental amassado, cabelo no sabonete e aos odores desagradáveis. Tolhas molhadas, roupas íntimas espalhadas no chão e uso da escova dental errada.  
Portas trancadas por muito tempo,  revelando a vontade de ficar ausente da presença do outro e um indício de que algo vai mal na relação. O fato piora quando o celular passa a ser uma companhia nesse solitário ambiente. Banheiro mais celular é perigo conjugal!
Sinais claros que haverá separação de corpos.
Em todas as classes sociais o fenômeno se repete, só variando a cor dos azulejos, a maciez das toalhas e o valor dos perfumes. Comportamento humano é sempre igual, seja entre as famílias reais, famosos, intelectuais ou  simples mortais.
Provavelmente a forma de acontecer às separações possa variar  mas os contextos, as reclamações e as dores  serão sempre semelhantes.
Parabéns aos meus amigos que estão celebrando a difícil tarefa de dividir os banheiros por tantos anos. Com certeza irei abraçá-los e quem sabe procurar saber qual o tipo de sabonete, creme dental além de outros produtos próprios para o consumo íntimo eles usam. Talvez eu aprenda a partilhar minha vida com alguém por tantos anos.
Edison Borba

sábado, 23 de junho de 2012

MULHERES MALVADAS

Uma garotinha. Uma janela. Uma madrasta.
Uma jovem. Seus pais. Um namorado.
Uma mulher. Um bebê. Um marido.
A morte reúne três mulheres num mesmo espaço – a penitenciária. As três se igualam pelo comportamento tranqüilo, frio e calculista.
Uma ocupando o lugar de madrasta.  A outra, o lugar de filha. E a terceira, de esposa. Três mulheres envolvidas em crimes cruéis. O que as une, através de uma linha reta, é o fato de se manterem “equilibradas” diante das tragédias.
Menina é jogada de uma alta janela de um edifício. As  marcas de tortura no corpo da garotinha e todas as evidências coletadas, apontaram a madrasta como uma das pessoas envolvidas no assassinato.
Casal é encontrado morto no quarto da casa em que viviam. Durante o enterro, a jovem filha chora a triste perda. Após as investigações, a linda adolescente é apontada como a mandante do terrível crime.
Homem  desaparece de sua casa onde vive com a esposa e um bebê.  A polícia analisa o caso e descobre três malas contendo pedaços de gente. Antes que os analistas apontassem um culpado, a bela esposa confessa. Os pedaços de carne humana eram de seu marido que ela havia esquartejado.
Três mulheres bonitas, com  bom nível de escolaridade e pertencentes, no momento dos crimes, a uma privilegiada classe média.
Advogados, Doutores, Legistas, Psicólogos e Psicanalistas se reúnem, debatem, analisam e tentam entender os motivos que levaram  essas mulheres a serem malvadas.
Psicopatas? Mentes doentes? Desequilibradas?
Como classificá-las?
Até o dia das ocorrências,  demonstravam um comportamento social adequado.
Eram mulheres comuns inseridas no contexto social moderno.
As bruxas das histórias infantis possuem aparência capaz de identificá-las. Verrugas na ponta do nariz, queixo pontudo e se locomovem em  vassouras. As  rainhas  que mandam matar as enteadas, são extravagantemente elegantes. Abusam dos espelhos e das roupas coloridas. Moram em grandes palácios e não escondem suas maldades.
Essas mulheres não fugiam ao “comum”. Agiam como a maioria das pessoas.
Onde encaixá-las? São discretamente elegantes, de rosto meigo,  delicadas e femininas. Quando filmadas e fotografadas nada demonstram de anormal. Como perceber a crueldade de seus corações? Não têm verruga na face, não se apresentam de forma extravagante diante de espelhos mágicos e  não montam  vassouras.
Onde essas malvadas mulheres escondem seus ódios, suas raivas e seus rancores? Elas são muito mais do que assassinas. São más, cruéis tranquilamente malvadas!
Edison Borba


sexta-feira, 22 de junho de 2012

O MUNDO TERÁ QUE ESPERAR?

A reunião da RIO + 20 está chegando ao final e “parece” que avançamos muito pouco no sentido de uma real união dos povos. Ainda predomina um comportamento egocêntrico e imediatista. Não percebemos, por parte de algumas autoridades, vontade de compartilhar. Vamos continuar a antiga divisão entre as nações ricas e poderosas e as “outras”.
A fome, a miséria, o lixo, a pobreza, as doenças que atingem uma grande parcela de seres humanos não sensibilizaram as grandes potências.
A sociedade carioca e os representantes dos povos de todo o mundo, deram exemplo de união e irmandade. Nas praças onde a população se reuniu, as discussões tiveram êxito e ficou claro que o cidadão comum, está a cada dia mais consciente da importância de estabelecer uma convivência mais harmoniosa com o planeta Terra.
Decisões práticas e simples foram analisadas e apresentadas. Houve troca de experiências e relacionamentos sem supremacias.
Visto por esse aspecto, a realização da RIO + 20, teve êxito. Porém, nas esferas maiores, no espaço destinado ao poder econômico e político, as decisões não tiveram um resultado satisfatório.
Questões, como: Quem vai pagar a conta? Quem deve contribuir com mais ou com menos dinheiro? Quem deverá ceder? De quem é a responsabilidade?
Essas perguntas não foram bem respondidas. A reunião termina e  muitas dúvidas ainda irão persistir por mais vinte anos.
Felizmente, muitas sementes foram plantadas e existe uma nova geração mais consciente e com mais vontade de acertar.
Nossas crianças estão aprendendo  que a natureza é viva e perecível. Que os bens que ela produz não são infinitos. Que para colher é preciso plantar, cultivar e respeitar. Que pertencemos a uma cadeia alimentar, na qual o homem é o maior consumidor. Portanto, somos os mais dependentes de todo o ciclo terrestre. De nada adianta avanços tecnológicos e intelectuais se não forem voltados para a manutenção do equilíbrio de todas as espécies animais e vegetais e de todo o ambiente que nos cerca.
Chegamos ao fim de mais um grande encontro para analisar as melhores formas de convivência com este mundo que habitamos. No período que durou a RIO + 20, as reações da natureza foram mantidas. A fotossíntese, e todos os demais ciclos continuaram a ser realizados. As espécies mantiveram suas cadeias. A nossa mãe natureza não espera que os homens decidam sobre o seu equilíbrio. ELA busca suas adaptações e naturalmente vai se reorganizando, mesmo que para isso a espécie humana tenha que ser destruída.
A Terra é um organismo inteligente!
Edison Borba

quinta-feira, 21 de junho de 2012

A MODELO

Lá vai a modelo desfilando pela passarela linda, magra, elegante. Vestidos longos, saias curtas, botas, sapatos de salto, sandálias, blusas e casacos.
Lá vai a modelo desfilando pela passarela exalando perfumes, deslizando como um pássaro, rodopiando como um pião.
Lá vai a modelo desfilando pela passarela exibindo sorrisos, fazendo caras e bocas, mostrando “biquinho” para realçar a cor do seu batom.
Lá vai a modelo desfilando pela passarela distribuindo olhares, piscando os olhinhos para que todos vejam, seus  cílios postiços.
Lá vai a modelo, pendurando vestidos como fazem os cabides guardados no armário.
Lá vai a modelo viajando para outro país, levando enorme bagagem em malas de luxo. Sob os óculos escuros tenta um disfarce
Lá vai a modelo nas asas da aviação. Feliz e contente está no avião.
Lá vai a modelo carregando em seu ventre um pequeno bebê.
Lá está a modelo em outro país.
Em outras paragens, a bela mulher desfila palavras para todos os jornais. Desafia os homens, com quem fez amor.
Lá está  a modelo anunciando um pai, entre tantos amores, efêmeros amores.
Lá está a modelo brincando com vidas. A sua, a deles e a de quem vai nascer.
Lá está a mulher, que não pode ser modelo.
Modelo a não ser imitado nas passarelas da vida, de sérios amores e valores, que apesar do tempo, não mudam jamais.
Edison Borba

terça-feira, 19 de junho de 2012

SAUDADE DE MARIA MACHADÃO

Obras de arte não devem ser tocadas e nem “trocadas”. Não se pode imaginar alguém refazendo Mona Lisa ou tentando esculpir  outra Pietá.  Seriam cópias sem valor. Não acredito que algum famoso diretor de cinema pense em filmar Gilda 2012. Nunca haverá uma mulher como Rita Hayworth, a verdadeira e única Gilda.
Como seria refazer o Rick’s Bar de Casablanca, sem Humphrey Bogart e o seu inseparável cigarro, sofrendo por Ilza, a bela Ingrid Bergman.
As adaptações existem e com elas, o mundo do cinema, teatro e televisão se alimenta. Os famosos “remake” invadem nossas telas e telinhas. Nos teatros, jovens atores tentam fazer renascer grandes personagens. Porém, existem obras que marcaram de tal forma nossas lembranças, que qualquer tentativa de reproduzi-las deixa no ar uma grande saudade do original.
Por maior que seja o cuidado com a produção, elenco, uso de  novas tecnologias, cenários, luzes, som e cores, apesar de tudo isso, não há como segurar a nostalgia e as lembranças.
Que saudade de Maria Machadão reinando absoluta no Bataclan. Com menos luzes, cores e coreografias, mas com a paixão brotando em cada cena. No bordel  se revolviam as questões do cacau e da política da cidade. E Machadão a grande matriarca.
Por onde andará a Gabriela, que um dia, nos anos setenta subiu no telhado para pegar uma pipa? Menina nordestina,  pura como os anjos enfeitiçou toda a sociedade conservadora da velha Bahia e apaixonou o Brasil.
Não estou tecendo críticas à nova versão de tão bela história. Sem dúvida, houve preocupação em oferecer ao público uma bela produção. Atores e atrizes buscando fazer o melhor, mas não há como não sentir vontade de viajar no tempo para abraçar Malvina e Jerusa. Amigas inseparáveis. Sonhadoras mas diferentes em seus objetivos de vida. Que dor quando lembramos  Dona Sinhazinha e seu amor por São Sebastião. Desejo, paixão e fé misturados na pureza da bela senhora.
Ainda sinto o cheiro do tempero e o gosto dos bolinhos do bar do “seu” Nacib.
As vozes dos coronéis, mantendo toda a cidade nas rédeas do Coronel Ramiro Bastos, ecoam  nas nossas lembranças.
Creio que um dos méritos da nova versão é justamente nos levar a um belo passeio e reviver cenas inesquecíveis de uma grande obra de arte.
Gabrielas, Ilzas, Tietas, Gildas e Porcinas serão sempre mulheres inesquecíveis!
Que saudade de Maria Machadão!
Edison Borba

segunda-feira, 18 de junho de 2012

ENQUANTO ISSO ...

Portugal explode na  Euro Copa pelas pernas de Cristiano Ronaldo. Em Brasília os envolvidos no caso “Cachoeira” estão à mesa esperando uma super pizza.

Em algumas cidades da região sul, vem à tona, o caso das fraudes em concursos públicos.
Em são Paulo, a polícia revela que a esquartejadora iniciou o processo com o marido ainda vivo.

No Rio de Janeiro, na RIO + 20, países ricos jogam na retranca quando o assunto é dinheiro.
Na Amazônia as águas continuam seu ciclo de inundações.

No Paraná, a gripe A, chegou assustando a população. Já há mortes comprovadas.
Nos Estados Unidos morre Rodney King, símbolo de questões raciais nos anos 90.

No Rio de Janeiro, filha congela corpo do pai na esperança da criogenia.
Na Grécia, o partido conservador, Nova Democracia vence as eleições.

Ainda no Rio de Janeiro, grande parte da população desconhece as intenções da RIO+20.
No mundo, o número de refugiados ainda é muito grande.

No Brasil, algumas praias, estão morrendo afogadas pelo lixo poluente.
No Rio de Janeiro um homem é executado com três tiros em bar de Copacabana.

 No nordeste brasileiro, a seca continua castigando o povo e as terras.
Enquanto, em todo mundo, é segunda-feira, e a vida continua.

O sol se esconde no Japão e aparece no Brasil.
Em todos os continentes a vida e a morte se cruzam.

Na Terra acontecem grandes mudanças ecológicas.
No hemisfério sul o frio chega enquanto o calor aquece a vida no hemisfério norte.

Flores desabrocham  trazendo mais beleza.
Pássaros constroem ninhos enquanto baleias são assassinadas.

Assim é o ciclo da vida. Os opostos convivendo para manter o equilíbrio.
Enquanto isso os mistérios continuam instigando as mentes humanas.

Como será a terça-feira?
O amanhã é sempre uma esperança de novos e bons acontecimentos!

Edison Borba
















sábado, 16 de junho de 2012

AMAR (verbo difícil de ser conjugado)

Eu amo


Tu me amas?

Ele não é amado!

Ela procura ser amada.

Nós amamos

E vós? Amais?

Eles acham que são amados.

Eu, tu e ela e a eterna busca do amor verdadeiro.

Elas acreditam que todo amor vale a pena. São ingênuas!

Nós gostamos do amor sem compromisso. Somos livres!

Vós sonhais com o amor ideal. Será uma longa espera!

Eu amava, mas ela não correspondia. Que sofrimento!

Ele amou e foi traído! Muitos debocharam dele!

Ela chora tristes lágrimas por um amor que partiu.

Tu amaste e, foi correspondido. Que sorte!

Eles são amantes há longo tempo. Só amantes, não se amam!

Elas se amam de verdade. Conjugam o verbo amar, no mesmo tempo verbal.

Eu amarei

Tu amarás

Nós amaríamos.

Vós não amais nada nem a ninguém.

Eles nunca amaram.

Amar, verbo que se tornou banal.

Foi tão conjugado de formas inadequadas que perdeu a essência.

Para se conjugar o verbo amar, deveria haver regras e leis.

Não deveria ser permitido conjugar o verbo amar em vão!

Apenas como palavra só serve aos poetas, que gostam de rimar,

Amar com sonhar, encontrar, ficar, cantar, abandonar e chorar.

Edison Borba






sexta-feira, 15 de junho de 2012

COLÉGIO BRASIL (Isso é muito bom para pobre!)

Enquanto toda a Direção do C.B. está envolvida com a RIO + 20, a situação nos hospitais de todo o país está cada vez mais caótica. Surgiu uma “emenda”, que ninguém sabe de quem é a autoria nem de que setor do C.B. ela se originou, que propõem a diminuição do salário dos médicos. Acho justo! Tem que diminuir os salários, o número de profissionais e quem sabe até mandar fechar as Faculdades que formam profissionais da saúde. Já que estamos mergulhados no caos, acabar com tudo o que existe e tentar começar de novo, pode ser uma alternativa. O problema é que grande parte da população trabalhadora do Brasil vai desaparecer. Até a presente data, o extermínio vem sendo feito aos poucos. São os idosos e as crianças, porque são mais frágeis. Uma boa parcela da população ainda consegue escapar, mesmo com algumas seqüelas.
Hospitais “doentes”, profissionais trabalhando mais do que é permitido pelas leis, falta de material, remédios escassos, gerenciamentos da pior qualidade, verbas desviadas, obras superfaturadas e até a observação irônica de um senhor político: -“Isso é muito bom pra pobre!” Lamentável! Vergonhoso! Triste!
Nos tornamos repetitivos quando abordamos assunto saúde no Brasil. Nada muda. É como se houvesse um plano de guerra para exterminar ou sequelar a população. De norte a sul a situação se repete. Os responsáveis pela saúde do povo, que compõem um setor do Colégio Brasil, possuem excelentes planos de saúde ou então, quando necessitam de tratamento médico, saem do país. Não há mais o que falar sobre o assunto: hospitais lotados, paciente espalhados pelos corredores, profissionais da saúde arriscando suas vidas em meio a contaminação hospitalar. Verbas desviadas e  tudo o que de pior podemos imaginar  acontece com a saúde no Brasil.
Diariamente os jornais publicam as tragédias hospitalares e nada sai do lugar. Parece que não há vontade de se resolver essa questão.
Sabemos que existem verbas separadamente para os diversos setores dirigidos pelo C.B. e que cada uma delas tem destino próprio. Não ignoramos que as verbas para as construções dos estádios que servirão à Copa do Mundo de Futebol, são de uma origem,  diferente, das que deverão ser encaminhadas, para a saúde ou para educação. Portanto, não adianta questionar a preparação do país para Copa e Olimpíadas com a melhoria das condições de funcionamento dos hospitais. São situações diferentes. O problema está no gerenciamento das verbas específicas para cada setor.
Infelizmente os senhores atuam no C.B. e são responsáveis pelo gerenciamento dos nossos hospitais, não possuem sensibilidade e nem ética para com a nação trabalhadora.
Como diz um conhecido apresentador de televisão ISSO É UMA VERGONHA!
Edison Borba

quarta-feira, 13 de junho de 2012

RIO + 20 ( Se demorar não vai adiantar)

Estou vivendo, juntamente com outras pessoas do todo o mundo, a euforia de participar das atividades da RIO + 20. Entre alegria e entusiasmo, existe em meu coração um pouco de preocupação. Eu, que participei ativamente do RIO 92 e lamentavelmente não vi de verdade grandes mudanças como haviam sido prometidas durante as reuniões do ano de 1992.
O local onde o evento está sendo realizado, é uma prova da anti-ecologia. Lagoas poluídas, esgoto despejado nos mananciais aqüíferos, sem nenhum tratamento adequado, entre outros problemas.
Não quero ser pessimista, até porque não sou do tipo que reclama e não age. Como professor, sou um agente junto à sociedade das informações sobre saúde, higiene, preservação ambiental além de ser um defensor do desenvolvimento sustentável.
Eu, como tantos outros cidadãos do  mundo, temos a consciência de que a nossa espécie está tão ameaçada de extinção quanto os jacarés de papo amarelo, micos leão dourado, além de aves e peixes. A humanidade ainda não se conscientizou de forma concreta que ao matarmos uma árvore também estamos matando a possibilidade de vida para nossos descendentes.
A loucura financeira que assola o mundo, fez com que perdêssemos o rumo. O planeta terra esta parecendo um navio sem  leme  perdido em águas revoltas.
Se as decisões tomadas nesta reunião da RIO + 20, não forem levadas a sério e colocadas em prática com a máxima urgência, a vida na Terra se tornará uma guerra. Os povos irão lutar pela água, comida e espaço. Não adianta nos perdermos nos blá-blá-blás politiqueiros e que se perderão nas gavetas dos ministérios logo após o final da Rio + 20.
Precisamos de ações concretas. Educação. Educação. Educação. Bons exemplos. Bons  exemplos. Bons exemplos. Ética. Ética. Ética.
Impossível não indignarmos, com famosos, artistas, políticos e empresários, que constroem suas mansões em áreas de proteção ambiental, invadem sítios protegidos por leis sem sofrerem nenhuma sanção. E para piorar essas mesmas criaturas aparecem plantando árvores, discursando em prol de um mundo ecologicamente melhor, com a maior falta de respeito à população trabalhadora.
Amigos, se não houver mudanças de caráter, de atitude, de ética, de moral entre os donos do poder e, se demorarmos, para que atitudes sérias sejam tomadas, NADA VAI ADIANTAR!
Edison Borba

NAS RUAS DO RIO E DO MUNDO

Ônibus invade uma  calçada e mata cinco pessoas.
Médicos e estudantes fazem passeata solicitando melhores condições de trabalho e estudo, além de discutirem questões salariais.
A chuva e o frio leva  as equipes de Serviço Social a recolherem moradores de rua para abrigos.
Uma caixa de isopor encontrada no centro da cidade continha crânios humanos. A polícia investiga a origem do material.
Grande mobilização da polícia e forças armadas ocupa as ruas para dar segurança às autoridades que visitarão a cidade durante o evento RIO + 20.
Polícia intensifica rondas na região portuária da cidade, onde cresce o uso do crack.
Árvores são cortadas na Praça Barão de Ladário, General Dionísio e Voluntários da Pátria, sem que seja providenciado o plantio de novas espécies. Fato que contraria as discussões da RIO+20, que defende o meio ambiente.
O corredor expresso BRT Transoeste (Barra-Campo Grande) terá horário de circulação e número de estações  ampliados.
Assim são as ruas do Rio de Janeiro. Ruas iguais as de todo o mundo. Provavelmente acontecimentos semelhantes estão acontecendo nas ruas de Paris, Belo Horizonte, Londres, Heidelberg, Arapiraca, Lisboa, Barcelona, Porto Alegre, Itaperuna, Tóquio, Sidney, Teresina, Pequim, Buenos Aires, Havana, Uganda ou em Blumenau.
Observando as devidas diferenças sociais, climáticas e educacionais de cada povo, rua é sempre rua, palco de acontecimentos semelhantes.
Quando uma árvore é cortada, não importa em que local, o sofrimento da natureza é o mesmo.
Quando um acidente de trânsito ocorre, seja numa cidade grande ou num pequeno município, a dor das pessoas envolvidas é a mesma.
Quando humanos se envolvem com drogas nos becos  e esquinas das pobres comunidades  ou nas avenidas luxuosas o sentimento de desvalia é o mesmo.
Quando o inverno e o frio congelam corpos de crianças e idosos, não importa o país, a cultura, o poder financeiro nem a renda do produto interno bruto, a tristeza de ter não um abrigo é chocante.
Ruas, becos, vielas, avenidas e alamedas.
Calçadas e marquises.
Vitrines! Exibidas e lindas vitrines.
Manequins, roupas, brinquedos e doces - enfeites e deleites para uns e desejos frustrados para outros.
Postes e luzes iluminam as ruas ricas ou pobres caminho de vidas, sonhos e destinos.
Ruas lotadas sob a luz do sol ou vazias escuras e sombrias em noites sem lua serão sempre os lugares mais democráticos do mundo. Em seus pisos, não importa se os pés estão nus ou cobertos por lindos sapatos. Todos são iguais quando pisam nos seus tapetes e deixam indelevelmente suas marcas.
 Edison Borba

terça-feira, 12 de junho de 2012

DIA DOS NAMORADOS

Ficar
Namorar

Noivar

E amar?

Ficar é só chegar

Namorar é algo mais

É ficar mais

É sentir mais

Noivar é formalizar

Documentar

Tornar oficial

E amar?

Ficar, namorar e noivar

Não é amar.

Amar é se entregar?

Será transar?

Não isso não é amar

Se amar não é ficar, namorar, noivar ou transar o que é amar?

Amar é transcender a todos essas convenções

Ficar é comercial. É como roupa ou sapato que ficamos e depois descartamos.

Namorar pode ser um início de amar. Mas é preciso transformar o namorar em enamorar.

Sentir afeto. Ter vontade e se conter até o momento certo em certo momento.

Noivar é tornar oficial uma rotina que não está em boa fase.

Transar? Ah! Transar é como saborear uma boa refeição sem saber o nome do cozinheiro.

Uma vez satisfeito o apetite, limpam-se os lábios e espera-se por outro prato.

Amar pode ser a tradução de ficar, namorar, noivar e transar.

Tudo isso acontecendo numa atmosfera mútua, sincera e com parceria.

É tecer uma toalha ponto a ponto, usando apenas um fio de linha.

É desejar sem forçar

É saber esperar

É sonhar sonhos iguais ou diferentes, mas comungando e respeitando

É transar e saber dividir o prazer

É descobrir o prazer sem transar

É saborear o silêncio a dois e saber ouvir sem interromper

É sentir a presença mesmo na ausência

É olhar sem ser percebido

É sentir orgulho de seu amor e do amor seu

Amar é conjugar o mesmo verbo em todos os tempos

É não sentir o tempo passar

É passar o tempo inebriado, embriagado e apaixonado

Amar é não saber explicar, pois amor não tem razão e nem explicação.

Edison Borba






RIO, MAIS 20?

Durante o grande evento acontecido no Rio de Janeiro em 1992, vivenciamos palestras, discursos, promessas, acordos, documentos assinados por diversos representantes de muitos países. Mil novecentos e noventa e dois, um ano para ficar na história. Pessoas de todo o mundo reunidas e aparentemente unidas em torno de um só ideal: melhorar as condições ecológicas, sociais e humanas no planeta Terra. Fome, miséria, distribuição de riquezas, proteção às crianças, jovens e idosos, as questões indígenas, nossas águas, poluição, desmatamento, saúde, educação, produção excessiva de lixo e poluição de uma maneira geral foram apenas algumas das questões tratadas durante o evento.
Também aconteceram festas, danças, encontros, demonstrações culturais, encontros entre as mais diferentes “tribos”. Pequenos acordos também foram firmados e compromissos assumidos.
Após vinte anos, chegamos à triste conclusão que muito pouco foi feito. Quase nada foi honrado. Os avanços foram insignificantes ao tamanho dos problemas.
Nações continuam empobrecidas e povos explorados. O solo devastado, os rios assoreados, os oceanos e mares depósitos de lixo. As populações não assimilaram, por falta de um processo educativo eficiente, as formas corretas de lidarem com o lixo doméstico. Nada, ou quase nada é feito no sentido da separação dos detritos. Ainda lidamos com os lixões e malefícios que eles trazem à saúde das pessoas e do meio ambiente.
As cíclicas enchentes da Amazônia estão se tornando mais graves em função dos desmatamentos e da produção desordenada de lixo. Foi apavorante ver a quantidade de detritos boiando nas águas amazônicas.
A seca cada vez maior nos estados do nordeste e também na  região sul são sinais de que deixamos passar vinte anos sem providências adequadas. A lista de animais em extinção aumentou nesse tempo. A degradação de áreas de florestas e a destruição dos mangues são cada vez maiores e incontroláveis. Vazamentos de petróleo nas águas oceânicas destruindo fauna e flora, nos leva às lágrimas. Lamentavelmente não se trata de problemas apenas brasileiros, em todo o mundo o comportamento humano não se alterou consideravelmente após a reunião da RIO 92.
Hoje, vinte anos depois os povos voltam a se reunir para fazer um balanço do que foi e do que não foi feito!
Talvez seja necessário, aproveitando a ocasião, que antes das reuniões iniciarem, que se realizasse uma grande corrente. Uma corrente Universal. Todos, homens mulheres, ricos e pobres. Crianças, jovens e adultos.  Famosos e não famosos. Povo das florestas, das montanhas, do asfalto, os ribeirinhos. Os que habitam comunidades carentes e os que vivem em palácios, todos sem exceção e juntos fizessem um juramento, daqueles que saem do  do coração, do interior da alma – UM JURAMENTO DE AMOR AO PRÓXIMO, À NATUREZA E TUDO QUE NELA EXISTE E HABITA!
Quem sabe, agindo assim possamos ficar mais tranqüilos com os próximos vinte anos!
Edison Borba

segunda-feira, 11 de junho de 2012

ECOS DA ECO 92

Quando da realização da ECO 92, aqui no Rio de Janeiro, tive o privilégio de presidir uma mesa de debates, cujo tema central foi: A ECOLOGIA ESCOLAR.
Na ocasião  discutimos e analisamos, a situação da maioria das escolas brasileiras. A partir do pressuposto que a escola é um espaço onde se realizam as reações de aprendizagem, e que todo ser vivo necessita de condições adequadas para exercerem suas funções vitais, a maioria das nossas Unidades de Ensino, não oferecia condições para  nossos estudantes  realizarem suas funções vitais adequadamente. Fato que se refletia diretamente na aprendizagem.
Em todo o Brasil, o que tínhamos na época eram escolas funcionando em condições precárias sem condições de segurança e até de higiene.
Em algumas cidades, nem prédios existiam. Pequenas choupanas sem paredes com crianças sentadas no chão.
Em todas as regiões do Brasil a situação era a mesma. Crianças e jovens caminhando horas para terem acesso ao ambiente escolar. Salas lotadas de alunos e professores recebendo salários aviltantes e sem condições de se manterem atualizados.
Prédios, em que no mesmo ambiente, os professores atendiam estudantes de diversas séries. Cabendo ao mestre o árduo trabalho de se dividir em vários para ensinar diversas séries.
Material escolar precário ou inexistente. Em 1992, este era quadro da maioria das nossas escolas. Tudo isso foi pessoalmente constatado e apresentado nas discussões da ECO 92.
O que contrastava com essa situação era a disponibilidade de trabalho dos professores. Homens e mulheres, verdadeiros guerreiros, fazendo o impossível para que crianças e jovens não perdessem a vontade de sonhar. Um quadro de evasão escolar preocupante. Em muitas regiões a luta pela vida começava cedo. Antes dos dez anos de idade, muitos brasileiros deixavam os bancos escolares para cumprir rígidos horários de trabalho.
Como ensinar aos nossos estudantes questões ecológicas, proteção aos animais e vegetais, e toda uma conceituação de proteção ao planeta Terra para quem está ameaçado de extinção. Salvem as baleias, mas, não esqueçam as nossas crianças, foi uma observação que fizemos na ocasião, no sentido de sensibilizarmos o mundo para as crianças e jovens estudantes brasileiros.
Sabemos que muitas mudanças aconteceram e que houve melhorias consideráveis. Porém, muito do que foi prometido não passou de assinaturas em documentos. Depois de vinte anos esse problema entre muitos outros não receberam a devida atenção. Protocolos, cartas e promessas tudo esquecido.
A ganância, a fome financeira, os desmandos, a supremacia dos poderosos foi maior do que as necessidades ecológicas. O meio ambiente? Esse continuou a ser tratado com desdém como as nossas crianças.
Chegamos  a  RIO + 20. Novos encontros. Novas promessas. Novos documentos. Esperamos  não continuarmos com os velhos problemas.
Vamos participar! Vamos comparecer! Vamos fazer valer a nossa vontade!
Edison Borba


domingo, 10 de junho de 2012

ESPÉCIE HUMANA EM PERIGO!

Quando eu era criança, minha mãe trazia as compras da feira, em bolsas feitas de pano. Eram coloridas e confeccionadas com pequenos retalhos de diversos tipos de tecidos. Meu irmão tinha um carrinho de madeira e rolimã, que também era usado para pequenos transportes.
Feijão, arroz e farinha eram comercializados por quilo e colocados em sacos de papel. Carne, ovos e peixe embrulhados, também com papel. Os refrigerantes e o leite eram comprados em garrafas de vidro retornáveis.
Não havia sacolas “plásticas” nem latinhas. Usava-se guardanapos e  coador de café  feitos de pano que eram lavados e reutilizados.
Os aparelhos, como televisões e geladeiras, eram duráveis. E dificilmente apresentavam defeitos. As casas mobiliadas com objetos resistentes e duráveis.
O progresso nos trouxe muitas “coisas” boas. Não podemos negar os grandes avanços em diversas áreas, isso é muito louvável.
Porém, alguns produtos foram inseridos em nossas vidas sem que houvesse um estudo sobre seus usos e nem preocupação sobre suas ações em relação ao meio ambiente e sobre as nossas vidas. Sacos de plástico, latinhas para refrigerantes, desodorantes em spray, além de outras tantas modernidades que usados em excesso e de forma inadequada causaram grandes danos ao meio ambiente e consequentemente sobre a  saúde da humanidade.
Atualmente campanhas são intensificadas para mudarmos alguns hábitos, que nada mais são do que um retorno ao passado.
Chegamos a um patamar onde só nos resta parar, refletir e em alguns casos resgatar antigas formas de vida. Para que os movimentos ecológicos possam atingir seus objetivos, será necessário nos despirmos de algumas vaidades e fazer uma viagem ao passado resgatando o que for benéfico para a nossa sobrevivência. Será preciso encontrar um caminho entre o moderno e o antigo, tirando de cada um aquilo que for melhor para todos nós. Alguns “confortos” precisarão ser deixados em função da manutenção do equilíbrio ecológico. Diminuir a quantidade de produtos químicos que cada um de nós utiliza diariamente para a higiene pessoal e ambiental, será um sacrifício necessário.
Precisamos rever o uso de sabões, sabonetes, desodorantes, detergentes e muitos outros elementos que estão causando grandes danos aos diversos ecossistemas.
Perdemo-nos no combate às grandes ações de desmatamento pelo corte de árvores e por queimadas, os garimpos desregrados e a contaminação das águas de rios e lagoas, também são grandes problemas ambientais. A grande poluição oceânica é outro desastre que temos enfrentado constantemente.
Com a chegada da RIO + 20, será necessário que cada cidadão se conscientize sobre suas ações em particular, sem a qual não haverá uma consciência globalizada. É preciso lembrar que esse evento  NÃO É UMA FESTA!
Desde a  RIO 92, até os dias de hoje, avançamos muito pouco quanto aos aspectos de uma consciência sobre meio ambiente e humanidade.
Não existe um meio ambiente separadamente dos seres animais, vegetais e humanos. Nós todos somos o ambiente. É inconsistente o discurso de “vamos salvar o meio” como se nós fossemos algo em separado. O meio ambiente sempre existirá, mesmo que em péssimas condições para a vida humana. Nós é que estamos em extinção à medida que alteramos os nichos ecológicos. Salvar a mata pela mata, sem a percepção de que nós somos seus dependentes  chega a ser ingênuo. Proteger o mico-leão-dourado sem observar que ele faz parte de uma cadeia alimentar que será abalada com o seu desaparecimento é extremamente falho. Precisamos de uma conscientização clara de que nós precisamos de um meio ambiente saudável. Nossa sobrevivência é que está em perigo. O meio ambiente poderá se modificar e o planeta Terra ter a sua atmosfera transformada de tal forma que a espécie humana desaparecerá. Mas, o meio ambiente continuará a existir sob outras condições, físico químicas, nós humanos é que estamos em perigo de sermos extintos!
Edison Borba