sábado, 23 de junho de 2012

MULHERES MALVADAS

Uma garotinha. Uma janela. Uma madrasta.
Uma jovem. Seus pais. Um namorado.
Uma mulher. Um bebê. Um marido.
A morte reúne três mulheres num mesmo espaço – a penitenciária. As três se igualam pelo comportamento tranqüilo, frio e calculista.
Uma ocupando o lugar de madrasta.  A outra, o lugar de filha. E a terceira, de esposa. Três mulheres envolvidas em crimes cruéis. O que as une, através de uma linha reta, é o fato de se manterem “equilibradas” diante das tragédias.
Menina é jogada de uma alta janela de um edifício. As  marcas de tortura no corpo da garotinha e todas as evidências coletadas, apontaram a madrasta como uma das pessoas envolvidas no assassinato.
Casal é encontrado morto no quarto da casa em que viviam. Durante o enterro, a jovem filha chora a triste perda. Após as investigações, a linda adolescente é apontada como a mandante do terrível crime.
Homem  desaparece de sua casa onde vive com a esposa e um bebê.  A polícia analisa o caso e descobre três malas contendo pedaços de gente. Antes que os analistas apontassem um culpado, a bela esposa confessa. Os pedaços de carne humana eram de seu marido que ela havia esquartejado.
Três mulheres bonitas, com  bom nível de escolaridade e pertencentes, no momento dos crimes, a uma privilegiada classe média.
Advogados, Doutores, Legistas, Psicólogos e Psicanalistas se reúnem, debatem, analisam e tentam entender os motivos que levaram  essas mulheres a serem malvadas.
Psicopatas? Mentes doentes? Desequilibradas?
Como classificá-las?
Até o dia das ocorrências,  demonstravam um comportamento social adequado.
Eram mulheres comuns inseridas no contexto social moderno.
As bruxas das histórias infantis possuem aparência capaz de identificá-las. Verrugas na ponta do nariz, queixo pontudo e se locomovem em  vassouras. As  rainhas  que mandam matar as enteadas, são extravagantemente elegantes. Abusam dos espelhos e das roupas coloridas. Moram em grandes palácios e não escondem suas maldades.
Essas mulheres não fugiam ao “comum”. Agiam como a maioria das pessoas.
Onde encaixá-las? São discretamente elegantes, de rosto meigo,  delicadas e femininas. Quando filmadas e fotografadas nada demonstram de anormal. Como perceber a crueldade de seus corações? Não têm verruga na face, não se apresentam de forma extravagante diante de espelhos mágicos e  não montam  vassouras.
Onde essas malvadas mulheres escondem seus ódios, suas raivas e seus rancores? Elas são muito mais do que assassinas. São más, cruéis tranquilamente malvadas!
Edison Borba


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