Obras
de arte não devem ser tocadas e nem “trocadas”. Não se pode imaginar alguém
refazendo Mona Lisa ou tentando esculpir outra Pietá. Seriam cópias sem valor. Não acredito que
algum famoso diretor de cinema pense em filmar Gilda 2012. Nunca haverá uma
mulher como Rita Hayworth, a verdadeira e única Gilda.
Como
seria refazer o Rick’s Bar de Casablanca, sem Humphrey Bogart e o seu inseparável
cigarro, sofrendo por Ilza, a bela Ingrid Bergman.
As
adaptações existem e com elas, o mundo do cinema, teatro e televisão se
alimenta. Os famosos “remake” invadem nossas telas e telinhas. Nos teatros,
jovens atores tentam fazer renascer grandes personagens. Porém, existem obras
que marcaram de tal forma nossas lembranças, que qualquer tentativa de reproduzi-las
deixa no ar uma grande saudade do original.
Por
maior que seja o cuidado com a produção, elenco, uso de novas tecnologias, cenários, luzes, som e
cores, apesar de tudo isso, não há como segurar a nostalgia e as lembranças.
Que
saudade de Maria Machadão reinando absoluta no Bataclan. Com menos luzes, cores
e coreografias, mas com a paixão brotando em cada cena. No bordel se revolviam as questões do cacau e da
política da cidade. E Machadão a grande matriarca.
Por
onde andará a Gabriela, que um dia, nos anos setenta subiu no telhado para
pegar uma pipa? Menina nordestina, pura
como os anjos enfeitiçou toda a sociedade conservadora da velha Bahia e
apaixonou o Brasil.
Não
estou tecendo críticas à nova versão de tão bela história. Sem dúvida, houve
preocupação em oferecer ao público uma bela produção. Atores e atrizes buscando
fazer o melhor, mas não há como não sentir vontade de viajar no tempo para abraçar
Malvina e Jerusa. Amigas inseparáveis. Sonhadoras mas diferentes em seus
objetivos de vida. Que dor quando lembramos Dona Sinhazinha e seu amor por São Sebastião.
Desejo, paixão e fé misturados na pureza da bela senhora.
Ainda
sinto o cheiro do tempero e o gosto dos bolinhos do bar do “seu” Nacib.
As
vozes dos coronéis, mantendo toda a cidade nas rédeas do Coronel Ramiro Bastos,
ecoam nas nossas lembranças.
Creio
que um dos méritos da nova versão é justamente nos levar a um belo passeio e
reviver cenas inesquecíveis de uma grande obra de arte.
Gabrielas,
Ilzas, Tietas, Gildas e Porcinas serão sempre mulheres inesquecíveis!
Que
saudade de Maria Machadão!
Edison
Borba
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