terça-feira, 19 de junho de 2012

SAUDADE DE MARIA MACHADÃO

Obras de arte não devem ser tocadas e nem “trocadas”. Não se pode imaginar alguém refazendo Mona Lisa ou tentando esculpir  outra Pietá.  Seriam cópias sem valor. Não acredito que algum famoso diretor de cinema pense em filmar Gilda 2012. Nunca haverá uma mulher como Rita Hayworth, a verdadeira e única Gilda.
Como seria refazer o Rick’s Bar de Casablanca, sem Humphrey Bogart e o seu inseparável cigarro, sofrendo por Ilza, a bela Ingrid Bergman.
As adaptações existem e com elas, o mundo do cinema, teatro e televisão se alimenta. Os famosos “remake” invadem nossas telas e telinhas. Nos teatros, jovens atores tentam fazer renascer grandes personagens. Porém, existem obras que marcaram de tal forma nossas lembranças, que qualquer tentativa de reproduzi-las deixa no ar uma grande saudade do original.
Por maior que seja o cuidado com a produção, elenco, uso de  novas tecnologias, cenários, luzes, som e cores, apesar de tudo isso, não há como segurar a nostalgia e as lembranças.
Que saudade de Maria Machadão reinando absoluta no Bataclan. Com menos luzes, cores e coreografias, mas com a paixão brotando em cada cena. No bordel  se revolviam as questões do cacau e da política da cidade. E Machadão a grande matriarca.
Por onde andará a Gabriela, que um dia, nos anos setenta subiu no telhado para pegar uma pipa? Menina nordestina,  pura como os anjos enfeitiçou toda a sociedade conservadora da velha Bahia e apaixonou o Brasil.
Não estou tecendo críticas à nova versão de tão bela história. Sem dúvida, houve preocupação em oferecer ao público uma bela produção. Atores e atrizes buscando fazer o melhor, mas não há como não sentir vontade de viajar no tempo para abraçar Malvina e Jerusa. Amigas inseparáveis. Sonhadoras mas diferentes em seus objetivos de vida. Que dor quando lembramos  Dona Sinhazinha e seu amor por São Sebastião. Desejo, paixão e fé misturados na pureza da bela senhora.
Ainda sinto o cheiro do tempero e o gosto dos bolinhos do bar do “seu” Nacib.
As vozes dos coronéis, mantendo toda a cidade nas rédeas do Coronel Ramiro Bastos, ecoam  nas nossas lembranças.
Creio que um dos méritos da nova versão é justamente nos levar a um belo passeio e reviver cenas inesquecíveis de uma grande obra de arte.
Gabrielas, Ilzas, Tietas, Gildas e Porcinas serão sempre mulheres inesquecíveis!
Que saudade de Maria Machadão!
Edison Borba

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