sábado, 9 de junho de 2012

GENTE QUE ASSUSTA A GENTE

Um homem, uma mulher, uma criança, um revolver, um tiro e três malas. Homem em pedaços. Mulher presa. Criança órfã. Revolver sem bala. Tiro na cabeça. Malas macabras. Mulher mata homem, corta em pedaços coloca nas malas e vai ao cabeleireiro. Amamenta a criança. Cuida de casa e vai ao cinema. Mulher pega as malas, com pedaços do homem e deixa na cidade. Volta pra casa, faz café vê televisão e espera o marido. Mas, ele está nas malas.
O marido cortado é jogado nas ruas dentro das malas.  Pedaços de homem que era empresário, agora é ossário nas mãos do legista.
Mulher tranqüila, arrumada e bonita procura a polícia e diz que matou. Confessa que cortou e explica como esquartejou. Usou de técnica médica. Sangue não derramou. Tudo calculado e bem explicado como receita de bolo e café. Onde cortar, por onde começar e o que fazer para desmembrar? Como cuidar para o sangue não derramar?
Tudo milimétricamente calculado. Tranquilamente revelado. Pacientemente executado.
Advogado afirma que foi passional. Paixão em excesso. Será a verdade?
A criança órfã, um dia ao crescer irá conhecer o crime das malas. Sua mãe loura e bela, alegando ciúmes, matou o seu pai. Fez picadinho, tudo bem cortadinho e empacotado. Como contar pra menina, o crime das malas. Será que ela entenderá o tiro, os cortes, o crime e o macabro ritual? Foi por amor? Ciúme ou foi dor? Dor de paixão!
Fico a imaginar, como será cortar e picar e depois colocar um corpo nas malas. Como será olhar para o rosto de quem, mesmo sem vida, tem direito de se manter perfeito como um cidadão. Será que a mulher que picou o marido, olhava seu rosto na hora que cortava e o mutilava? Um corpo que um dia se juntou ao seu. Foi seu marido, amante e amor. Será que houve amor? Que trágico sentimento de amor?
Como será cortar devagar uma pessoa a quem se abraçou e até se beijou? Como será desmembrar cada pedaço desfazendo um todo, que foi um amante?
Alguém que falava,  cantava,  pensava e até sonhava.
Por  que? Por  que? Será sempre a nossa pergunta.
Crime das malas. Não foi o primeiro. Será o último?
Será que outras malas serão usadas?
Lado doente da alma humana.
Horror! Pavor! É o que sentimos diante de um caso assim. O que também nos assusta é saber que o matador é gente igual à gente. Sem ter nada de diferente. Pelo menos aparentemente.
Gente que assusta a gente!
Edison Borba

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