Um
homem, uma mulher, uma criança, um revolver, um tiro e três malas. Homem em
pedaços. Mulher presa. Criança órfã. Revolver sem bala. Tiro na cabeça. Malas
macabras. Mulher mata homem, corta em pedaços coloca nas malas e vai ao
cabeleireiro. Amamenta a criança. Cuida de casa e vai ao cinema. Mulher pega as
malas, com pedaços do homem e deixa na cidade. Volta pra casa, faz café vê
televisão e espera o marido. Mas, ele está nas malas.
O
marido cortado é jogado nas ruas dentro das malas. Pedaços de homem que era empresário, agora é
ossário nas mãos do legista.
Mulher
tranqüila, arrumada e bonita procura a polícia e diz que matou. Confessa que
cortou e explica como esquartejou. Usou de técnica médica. Sangue não derramou.
Tudo calculado e bem explicado como receita de bolo e café. Onde cortar, por
onde começar e o que fazer para desmembrar? Como cuidar para o sangue não
derramar?
Tudo
milimétricamente calculado. Tranquilamente revelado. Pacientemente executado.
Advogado
afirma que foi passional. Paixão em excesso. Será a verdade?
A
criança órfã, um dia ao crescer irá conhecer o crime das malas. Sua mãe loura e
bela, alegando ciúmes, matou o seu pai. Fez picadinho, tudo bem cortadinho e
empacotado. Como contar pra menina, o crime das malas. Será que ela entenderá o
tiro, os cortes, o crime e o macabro ritual? Foi por amor? Ciúme ou foi dor?
Dor de paixão!
Fico
a imaginar, como será cortar e picar e depois colocar um corpo nas malas. Como
será olhar para o rosto de quem, mesmo sem vida, tem direito de se manter
perfeito como um cidadão. Será que a mulher que picou o marido, olhava seu
rosto na hora que cortava e o mutilava? Um corpo que um dia se juntou ao seu. Foi
seu marido, amante e amor. Será que houve amor? Que trágico sentimento de amor?
Como
será cortar devagar uma pessoa a quem se abraçou e até se beijou? Como será
desmembrar cada pedaço desfazendo um todo, que foi um amante?
Alguém
que falava, cantava, pensava e até sonhava.
Por
que? Por que? Será sempre a nossa pergunta.
Crime
das malas. Não foi o primeiro. Será o último?
Será
que outras malas serão usadas?
Lado
doente da alma humana.
Horror!
Pavor! É o que sentimos diante de um caso assim. O que também nos assusta é
saber que o matador é gente igual à gente. Sem ter nada de diferente. Pelo
menos aparentemente.
Gente
que assusta a gente!
Edison Borba
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