domingo, 30 de outubro de 2011

ADEUS

O que leva uma pessoa ao suicídio?
Que problemas podem ser tão complexos que não permitam uma solução?
Será por covardia ou coragem que alguém tenta contra sua própria existência?
Essas e outras perguntas, sempre me acompanharam e me fizeram refletir. Houve época que eram questões que surgiam na minha cabeça, por vias indiretas; notas em jornais, ou pelos noticiários da televisão ou rádio. Porém, alguém muito próximo assumiu esse ato. Nesse momento esses questionamentos ficaram mais doloridos e me trouxeram outros, que até então não faziam parte dos meus medos.
Por que ninguém percebeu o que estava para acontecer?
Por que eu, amigo tão próximo, não tive a sensibilidade de oferecer ajuda necessária?
Ficam as perguntas. Não sei até hoje quais seriam as respostas, restou apenas uma carta, que guardo com muito carinho e cuidado, buscando perceber em cada linha,  o motivo para uma atitude tão dolorida e o meu triste adeus.
“Caro amigo,
Eu sei como é difícil acharmos o verdadeiro caminho da vida. Mas, o que será o verdadeiro caminho? Ou, qual será o caminho da verdade? Não sou a melhor pessoa para indicar a direção ou a estrada mais conveniente. Eu também, apesar de já ter caminhado muito, ainda me sinto um “homem que busca  a sua verdade”.
Quando uma pessoa tenta indicar maneiras de pensar para uma outra, ela pode se tornar perigosa. Nem sempre o que é bom para um é bom para o outro.
Eu me preocupo muito com  aqueles que tentam converter ou convencer outros sobre as suas idéias, crenças e ideologias. O que cada um deve buscar é o significado da sua vida procurando dar significado à sua vida. Com fazer isso? Acredito que seja algo muito particular e íntimo. Não há receitas. Talvez um caminho seja aprender todos os dias com tudo que acontece em cada dia.  Sendo um bom ouvinte. Procurando estar  alerta e atento, como se estivesse na escola, prestando a atenção numa aula. Ouvindo as explicações de cada professor.
Pode ser que o aprendizado da vida seja feito assim: várias pessoas, através de suas experiências, vão nos passando informações. Vamos elaborando, aprimorando e organizando cada uma delas. Porém, apenas a nossa consciência poderá ordená-las,  transformando-as em aprendizado.
Por esse motivo, é que precisamos conhecer e conviver  sem preconceitos. É necessário abrir as portas do nosso coração e ouvir as diversas “verdades” que existem no mundo.
Caro amigo, deixe que o amor  guie o seu coração, pois é ele que age como a força de gravidade, atraindo as lições que poderão se transformar em boas experiências. Portanto, não devemos sair procurando pela verdade, é só olharmos ao nosso redor, que  poderemos encontrá-la.Devemos  viver com a paz, deixando de fora do nosso coração a violência, os temores e os medos. Não fique tão preocupado em buscar caminhos verdadeiros ou verdades absolutas. Viva plenamente cada dia. Seja feliz todo dia. Afinal, verdades... que verdades?
Atenciosamente, seu amigo Sérgio.
Carta encontrada junto ao corpo do meu amigo - um suicida.
Do livro DOIS EM CRISE – Editora All Print – 2010 – Edison Borba

sexta-feira, 28 de outubro de 2011

CONFUSÕES EDUCACIONAIS

Como se não bastasse  a problemática vivida pelos brasileiros no ensino infantil, fundamental e médio, todos os anos o ENEM sofre com denúncias e dúvidas quanto a lisura de sua realização. O maior acontecimento educacional do Brasil ainda não conseguiu achar o caminho certo. Desde o primeiro ano de sua aplicação algum fato nos surpreende deixando os estudantes nervosos e preocupados com o que poderá acontecer com as suas notas.
Sabemos das dificuldades em realizar um exame nas proporções de um país tão imenso como o Brasil. Diversidades tão grandes que fazem dele um país continente. Após tantos anos de aplicação desse tipo de exame, os seus organizadores ainda não acharam a maneira mais adequada para atender a grande diversidade de estudantes.
Vivemos, ano após ano, uma grande confusão educacional.
Melhorias podem ser observadas em alguns setores, mas ainda há muito para resolver.
O transporte escolar nas cidades do interior  é preocupante. Crianças e jovens caminham longas distâncias para terem acesso à suas escolas. Outras são transportadas em veículos absolutamente sem segurança, colocando diariamente  suas vidas em risco.
A merenda escolar ainda não atingiu a qualidade desejável para nutrir adequadamente nossa população estudantil. Diversos municípios sofrem com a falta de quantidade e qualidade nas refeições escolares. Além de dúvidas quanto á verba destinada à nutrição infantojuvenil.
Prédios decadentes, falta de professores e dificuldade de manutenção na formação continuada dos docentes, além de termos que conviver com o analfabetismo.
Além de tudo isso, o Brasil vive um momento de explosão tecnológica. Computadores são distribuídos numa compulsão política eleitoreira, onde a quantidade prevalece sobre a qualidade. Distribuir sem preparar. Doar sem organizar. Entregar sem observar as condições mínimas de adequação metodológica para o bom uso do material recebido deixam uma dúvida quanto à sobrevivência desse material. Outras experiências semelhantes já foram tentadas e abandonadas, por falta de planejamento, preparo e manutenção adequado para a utilização do que foi recebido pelas escolas.
Dentro do caldeirão de acontecimentos a segurança escolar passou a ser caso de polícia. Brigas, agressões, insultos, violência gratuita, tudo filmado, registrado e exibido como troféus nas telas dos nossos computadores. Vivemos numa grande confusão educacional escolar e familiar onde pais e educadores parecem perdidos numa luta sem final feliz.
E para complicar mais esse momento, alguns estudantes da USP, lamentavelmente esqueceram que Universidade é local sagrado, onde tem que prevalecer, à pesquisa, o estudo, à ética, o trabalho e o aprimoramento intelectual. É também um espaço democrático e foi nele que “uma” juventude lutou nos anos da ditadura militar. Por favor, reflitam sobre o uso que alguns querem dar a esse espaço, onde  estudantes deixaram seu sangue por um país melhor. Não usem a democracia para defender aquilo que não pode ser aceito no meio acadêmico de um país tão cheio de confusões educacionais.
Edison Borba

A GUERRA DO ACARAJÉ

Você já foi a Bahia? Não! Então vá!
Lá tem caruru. Lá tem vatapá. E também tem acarajé!
Mas o verdadeiro acarajé,  só existe nos tabuleiros das baianas, como cantou o mestre Dorival Caymmi. Essa iguaria está ameaçada de perder a sua essência. Com o crescimento de restaurantes e shoppings, na cidade de Salvador, o acarajé está sendo comercializado de forma inadequada.
Não basta juntar os ingredientes e levá-los ao fogo como uma refeição qualquer. O verdadeiro acarajé tem que ser preparado obedecendo a um ritual, que só as baianas com os seus tabuleiros de madeira sabem fazer. É preciso tratar os ingredientes com respeito, pois cada um deles faz parte da magia e religiosidade que envolve o seu preparo.
Prato africano que chegou ao Brasil, trazido pelos escravos, não perdeu a sua essência com o passar dos anos. Quebrar o feijão-fradinho colocá-lo de molho e esperar soltar a casca, faz parte do processo em que cada etapa tem que ser rigorosamente seguida conforme os preceitos religiosos. Usar colheres de madeira de diferentes tamanhos  sabendo misturar os ingredientes na dosagem certa exigida pelos Deuses africanos é sagrado no preparo do acarajé.



Mais do que juntar feijão, cebola, sal e fritar em azeite-de-dendê, é preciso saber usar a pimenta, que faz com que esse delicioso prato fique mais ou menos quente. Pela quantidade desse tempero, acarajé é conhecido como “bola de fogo”.
Comida de orixás não pode ser preparada ou servida como sendo um prato qualquer, é preciso respeitar os rituais do candomblé, para termos o verdadeiro acarajé. Portanto, não podemos aceitar que essa iguaria seja comercializada por “fast-foods” ou em shoppings, como sendo apenas uma variedade contida num cardápio comum.
Toda baiana, segue um ritual para preparar a massa, fritar os bolinhos e servi-los aos seus fregueses. É preciso pedir licença a Xangô,  salvar Iansã e Oxum, e oferecer o primeiro bolinho para Exu. Um bolinho do verdadeiro acarajé,  pode ser recheado de camarão refogado ou outro tipo de molho, mas tem que ter sempre muita fé nos orixás que permitem que a sua comida nos seja servida de forma profana.
As baianas de Salvador pedem socorro e solicitam que seja delas a primazia e privilégio de comercializarem essa iguaria. Mulheres trabalhadoras, que sobrevivem das tradições culturais dos nossos ancestrais, estão perdendo para o poder econômico que está “roubando” de seus tabuleiros não apenas o direito de comercializar um prato típico da Bahia, mas a nossa tradição.
Precisamos ajudar as queridas baianas nessa luta pelo seu espaço de trabalho e pela manutenção de uma das nossas maiores tradições.
Temos que agradecer e apoiar essas guerreiras, que enfeitam as ruas de Salvador com seus tabuleiros recheados de iguarias e magia.
Vamos ouvir a voz e o pedido dessas queridas mulheres:
Cristina Silva – “eu larguei tudo para me dedicar ao acarajé, porque é uma coisa que eu faço com amor”.
Norma  Santos – “o acarajé sem o axé, sem amor, sem o dendê, não é acarajé. É outro bolinho qualquer, mas acarajé não é. Com ele criei meus 12 filhos”.
Rita Santos – “as grandes empresas têm em suas prateleiras mais de dez mil itens de mercadorias para se vender. O acarajé é uma areinha nesse oceano. Para a baiana, ele é o oceano inteiro.
O verdadeiro acarajé só existe no tabuleiro das BAIANAS!
Edison Borba

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

CARTAS / BILHETES / EMAILS

A comunicação é um ato humano, encontrado nas paredes das cavernas, deixando evidente  que é uma expressão característica da nossa espécie.
Das inscrições em pedras até os dias de hoje, a forma de deixar mensagens foi se transformando. Escritas a mão, datilografadas e atualmente digitadas, como os emails, os recados são passados de pessoa a pessoa.
Bilhetes entregues por mensageiros marcavam encontros entre os amantes, e foram responsáveis por famosos casos amor. Furtivamente seguiam de mão em mão. Amassados e escondidos, essas pequenas mensagens transportavam grandes emoções. Um bilhete interceptado poderia causar a morte de alguém. Fugas de amantes, cujos amores eram proibidos, dramas familiares eram escritos nesses pequeninos pedaços de papel e entregues aos mensageiros, que se tornavam cúmplices de intrincados dramas.
Cartas escritas a tinta, com letras desenhadas, levavam informações de nascimentos ou manchadas por lágrimas, anunciavam a morte de alguém. Muitas dessas missivas foram guardadas por muitos anos, e quando encontradas, nas páginas amareladas e com suas letras desbotadas, revelavam importantes segredos.

As cartas e os bilhetes, manuscritos, desenhados letra a letra, deixavam transparecer a emoção do seu autor. Escrita firme ou trêmula eram um registro do que motivou aquela mensagem. Uma frase interrompida, uma linha riscada, muitas vezes revelavam  momentos  de arrependimento ou apenas um erro ortográfico. Essas mensagens foram usadas como temas de romances e em letras de música. As famosas cartas de amor, mensageiras de declarações que se tornaram célebres na literatura como também, as que foram trocadas entre amigos. Grandes nomes da humanidade deixaram importantes revelações em cartas enviadas a seus amigos. Mensagens que se interligavam. O texto de uma dava continuidade ao conteúdo da outra. E assim sucessivamente, longos manuscritos, grandes idéias, famosas reflexões se construíram e quando se tornaram públicas, revelaram importantes pensamentos, para toda a humanidade.

Cartas perfumadas, que mesmo antes de serem abertas faziam a imaginação de quem a recebeu sonhar com o seu conteúdo. Nem havia necessidade de olhar o remetente, o agradável cheiro revelava o conteúdo, provavelmente  de um grande amor ou lembranças alucinantes de uma intensa noite de paixão.
A datilografia trouxe para o mundo da comunicação, a rapidez e a formalidade. Letras padronizadas, escritas por mãos ágeis mudaram o rumo da história, tornando as secretárias personagens importantes nos casos de amor. Relacionamentos entre chefes, máquinas e datilógrafas, deixavam para os textos apenas o papel de coadjuvante e seu conteúdo  uma simples mensagem comercial.
As histórias, os amores e as paixões humanas não mudaram, porém a forma de transmiti-las  seguiu a linha do tempo. Hoje os emails são portadores dos mesmos sentimentos desenhados de outra forma. Palavras abreviadas dão conta de romances mais curtos e de amores efêmeros. A pressa de enviarmos as mensagens, permite a mudanças drásticas e com a mesma rapidez de um clique o redirecionamento do nosso foco. Basta digitar, armazenar, colar e enviar e distribuímos nosso amor para um milhão de amigos em todo o mundo.
Cartas, bilhetes ou emails?  O que importa é o conteúdo da mensagem!
Edison Borba

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

VARRENDO A CASA, O LIVRO

O Professor Francisco José Barros de Almeida é o autor do Prefácio do livro VARRENDO A CASA, de autoria de Edison Borba.

Edison Borba traz a tona seu passado em linhas carinhosas e agradáveis. É o menino que amava os livros  antes de começar a escrevê-los, brigava com seu íntimo porque seu nome ainda não estava na capa. Queria um livro seu, um livro no qual pudesse transformar aquele HEROI num herói humanizado, que  tivesse falhas, que sofresse, que amasse, que se alegrasse e chorasse. Não o esboço da perfeição que nunca podemos ser. O que seria das manhãs de verão em que buscamos a praia ou uma refrescante cachoeira se não houvesse as tardes gris de inverno? Esses dias cinza são o contraponto do azul do pai, do vermelho da mãe, ou do amarelo da irmã. Cinzas são as lembranças e saudades provocadas pela ausência e pela distância das pessoas queridas, resolvida apenas pela Internet. Edison relembra  o pão com manteiga, o café sempre à mesa longe da televisão onde a família era família e não um arremedo que não sacraliza o diálogo. Hoje resta a lembrança de uma mesa vazia ou do velho sofá  cheio de marcas das brigas e carinhos de outrora. Brigas com o seu interior, como se constata na inquietude trazida pela notícia de um anjo que chegou ao céu voando por uma janela. Pega na caneta e vem logo um poema  ou um texto. Algumas vezes não consegue se expressar. Mas parado ele não fica, pega a vassoura e vai varrer a casa. Tirando o pó do chão, mas não levantando o tapete, ele nos aponta uma época de um Rio de Janeiro mais carioca, com suas grandes musas. Ao prestar homenagem a essas mulheres, elas o abençoam com um livro quase pronto. Quase, pois esse, só se resolve numa boa leitura com um copo de chocolate quente ou chá com biscoitos e ao final do livro você vai sentir que valeu a pena. Que valeu a pena parar para ler, para se questionar, para viver, para errar, para acertar, para amar e nunca agir com ódio ou violência. É um livro com sabor de fruta fresca, com o doce mel das boas coisas da vida. Sempre vale a pena sentir o sabor de fruta colhida com as mãos. Vale a pena viver para lembrar! Vale a pena reviver bons momentos! Edison nos presenteia com as suas lembranças, como um biscoitinho  que nos enche de vontade de comer mais e mais. Belo livro! No seu final, temos  vontade de perguntar pelo próximo, que ainda se engendra na cabeça do autor. Viva!

O livro Varrendo a Casa encontra-se a venda na:

Blooks Livraria – (21) – 2559-8776 – Praia de Botafogo, 316 – Galeria Arteplex de Cinemas – Rio de Janeiro – R.J.

All Print – Editora / SP – www.allprinteditora.com.br








terça-feira, 25 de outubro de 2011

CORDÃO DE OURO

Cordão de ouro, meu cordão de ouro.
Cordão de ouro, todo o meu tesouro.
Cordão de ouro que me trazia sorte.
Cordão de ouro causou a minha morte.
Passeava com meu filho de treze anos por uma rua de um populoso bairro da cidade do Rio de Janeiro. O lugar se chama Méier. Nele tem lojas, restaurantes, shoppings, salões de beleza e muita gente que passeia pelas suas calçadas.
Lá tem também escritórios e consultórios. Tem gente trabalhando e ganhando honestamente seu salário. Tem crianças nas calçadas, gente jovem e estudantes.
Com seus uniformes variados alunos de várias escolas, andam em bandos como andorinhas. Seus risos e alegria contagiam a todos que passeiam ou caminham pelas ruas desse aprazível lugar.
Automóveis e ônibus trafegam pelas ruas estreitas, num vai-e-vem interminável. Pessoas entram e saem das lojas. Sobem e descem dos coletivos. Se esbarram nas calçadas. Param diante das lindas vitrines num fervilhar humano, muito parecido com um formigueiro.
Guardas apitam nas esquinas, misturando o som dos seus apitos com os das buzinas, num alvoroço interminável.
Tudo isso é vida! Tudo isso é cidade! Tudo isso é movimento!
Coloquei meu cordão de ouro, segurei a mão de meu filho e fomos passear pelas ruas desse incrível lugar. Nos misturamos na multidão. Nos perdemos pelas calçadas. Nos detivemos em frente as luzes das lojas para nos deliciarmos com a variedade de artigos. Roupas, sapatos, brinquedos, presentes e perfumes.
Doces nas prateleiras nos convidavam a um banquete. Lindos, com  dourados cremes, reluziam mais que o meu cordão de ouro.
Eu e meu filho, olhos reluzentes, caminhávamos felizes pelas ruas do Méier, encantados pelo lindo dia de sol.
O ouro do meu cordão brilhou nos olhos malvados do homem mau, despertando a cobiça e a vontade de ter aquilo que não lhe pertencia.
O homem mau levou meu cordão. Levou minha vida. Levou os meus sonhos. O homem mau levou do meu filho o brilho dos olhos.  Deixando  lágrimas, dor e emoção apenas para ter o brilho de um cordão!
 Para o pai assassinado no bairro do Méier – dia 24 de outubro de 2011. Mais uma vítima, mais um número para as estatísticas da criminalidade no Rio de Janeiro.
Edison Borba


segunda-feira, 24 de outubro de 2011

BRASIL - PAÍS DO FUTEBOL?

Essa pergunta pode ser respondida com um sim, porém fazendo a observação que o Brasil é o país do futebol FEMININO.
Ou então o país da natação, do handebol, do voleibol, da ginástica, do atletismo, dos esportes à vela, do judô, do box, do tênis, do tiro e de muitas outras formas de esportes, porém no futebol masculino, nosso país vem decepcionando seus admiradores.
Eliminado de forma triste e vergonhosa do Panamericano de Guadalajara, nossos atletas se retiraram de campo de cabeça tão baixa que um dos jogadores não estendeu a mão para cumprimentar um menino mexicano, deixando o jovem torcedor com uma triste imagem do seu possível ídolo.
Jogando de maneira amadora, nossa seleção conseguiu empates e uma derrota. Não que isso seja uma desonra. Perder, ganhar e empatar faz parte de qualquer competição esportiva. Sair sem medalhas, não seria vergonhoso se por trás dos bastidores não houvesse uma trama política que envolve até a nossa seleção fantasma que pretende disputar a Copa do Mundo. Temos acompanhado alguns jogos amistosos, com seleções absolutamente sem nenhuma expressão, que são convidadas para “perderem” para os nossos ídolos dando a falsa impressão de que estamos no caminho certo para conquistarmos o hexa. Sem pessimismo, mas mantendo os pés na realidade, nós cariocas temos que nos preparar para irmos ao Maracanã, com camisas vermelhas, azuis ou brancas e deixar a canarinho em casa, na espera de outra geração de atletas, que possivelmente existirá em 2020.
Repetindo o vexame acontecido aqui no Rio de Janeiro, quando da realização do Pan, em 2007, saímos dos jogos sem termos demonstrado nenhum entrosamento com a realização das competições.
Nossos jogadores de futebol precisam mudar suas atitudes. Acostumados a ser colocados em patamares acima dos demais atletas, lamentavelmente esses “atletas” perdem o amor à sua pátria e se isolam num casulo onde o espírito de luta, a vontade de competir, a alegria de participar, dá lugar a uma atitude esnobe e pretenciosa de que são os melhores.
É uma pena vermos o isolamento dos “craques” da bola, alimentados por uma imprensa que pouco divulga e enaltece os demais esportistas brasileiros.
Em Guadalajara, ganhamos cartões vermelhos e expulsões deixando claro que não temos o tão difundido espírito esportivo.
Ainda temos tempo para exercitar a humildade, o espírito de equipe, o respeito aos torcedores e deixar de culpar o peso da camisa verde amarelo. Aproveitem o tempo para assistir os jogos das meninas do futebol, dos atletas do handebol e vôlei além da participação dos demais atletas, que entram nas quadras, campos, piscinas e ginásios demonstrando que amam o esporte que praticam e que estão competindo pelo amor ao seu povo e sua pátria.
Jogadores de futebol brasileiro (independente de seus clubes) ainda é tempo de descer de falsos pedestais e reconhecer que se vocês conseguem fama e dinheiro, é desse povo que sai o patrocínio.
Por favor, MAIS RESPEITO!

Edison Borba

domingo, 23 de outubro de 2011

SERÁ QUE TEM GRAÇA?

Rir faz bem a saúde e uma boa gargalhada “desopila” o fígado são observações que ouvimos constantemente. Realmente rir é uma boa terapia. Por esse motivo, atualmente, muitos hospitais recebem grupos de voluntários, que através de brincadeiras e palhaçadas ajudam crianças e adultos a enfrentarem graves problemas de saúde.
Neste campo, os palhaços são mestres. Arrelia e Carequinha são grandes exemplos de que trazer alegria é um dom divino. No cinema a figura do “Carlitos” criada e imortalizada por Charles Chaplin, nos emociona até os dias de hoje. Todos esses artistas, apesar de fazerem um humor “simples”, além de fazer rir e emocionar, provocam  reflexões sobre as desigualdades sociais e os preconceitos.
Eram personagens engraçados, isto é, cheios de graça e alegria. Capazes de fazer rir pessoas de todas as idades. No cinema brasileiro Oscarito e Grande Otelo, durante décadas arrancaram gargalhadas criando os mais variados personagens, sempre atuando com dignidade sem ferir, humilhar ou depreciar seu público.
Interessante observar, que todos esses comediantes nunca caíram em “desgraça”. Eles atravessaram décadas sendo engraçados e não “desgraçados”. Sem ofender e nem agredir, viveram situações variadas e aparentemente desprovidas de seriedade, mas que não deixavam de levar mensagens sérias sobre as mais diferentes situações sociais.
Nos programas radiofônicos, outros “palhaços” levaram sua graça por todo o Brasil, brincando com políticos e com a política. Criticando e denunciando as desigualdades sociais e as relações desumanas, como no famoso quadro “primo pobre e primo rico”.
Duplas sertanejas como Jararaca e Ratinho, foram grandes divulgadores de um tipo de humorismo que nem sempre agradava as autoridades políticas. De forma simplória, eram sérios trabalhando à conscientização do povo, quanto aos seus direitos como cidadãos.
Fazer rir, ser engraçado, saber fazer humor é uma difícil arte, que requer inteligência e sutileza. Existe um limite entre fazer rir e ofender. Ser engraçado ou ser desgraçado, eis a questão!
Atualmente temos acompanhado o surgimento de um novo tipo de humor (??!!??). Caracterizado por textos ofensivos, preconceituosos e agressivos que ridicularizam e depreciam pessoas numa tentativa de fazer rir. Usando como pano de fundo, o humorismo verdade e jornalístico se tornaram inconvenientes e em nada contribuindo para o uso do humor como um caminho para defender e lutar por causas nobres como a luta da mulher contra a violência, os direitos do exercício de preferências religiosas e sexuais entre outras causas.
Esse novo formato de humor será que tem graça?
Edison Borba

sábado, 22 de outubro de 2011

DEIXE

 
                       Deixe eu mimar você ...
                       Deixe eu cuidar de você ...
                       Deixe eu ficar com você ...

                    Eu juro!

        Fico calado ...
                               Fico ao seu lado ...
                               Fico escondido ...

                          Eu prometo!

Não me intrometer ...
                        Nem me mexer ...
                        Não fazer você sofrer ...

                    Eu lhe peço!

Deixe eu mimar você ...
                        Deixe eu cuidar de você ...
                        Deixe eu ficar com você ...

                         Eu me comprometo!

Não reclamar ...
                        Não me agitar ...
                        Nem respirar ...

Deixe eu mimar você ...
                                   Deixe eu cuidar de você ...
                                   Deixe eu ficar com você ...

            Eu estabeleço!

Não perguntar ...
                        Nem indagar ...
                        Nem me insinuar ...

            Deixe eu mimar você
            Te presentear!

            Deixe eu cuidar de você ...
                                    Fazer teu café!

            Deixe eu ficar com você .
            Num espaço qualquer
                                   Do seu coração
                                   Da sua emoção
                                   Do seu pensamento

Nem que seja por um momento!

Deixe eu mimar você ...
                        Deixe eu cuidar de você ...
                        Deixe eu ficar com você ...

            Edison Borba











sexta-feira, 21 de outubro de 2011

SERGIO BRITTO - UMA LENDA

Existem homens que se transformam em lenda. A  vida deles será passada de geração em geração e contada em verso e prosa. Ao redor das mesas e onde cidadãos de bem se reunirem, as suas histórias serão lembradas e eternizadas.  Alguns pelos seus atos heróicos em batalhas e guerras. Outros pela atuação política ou então no campo da física, química ou medicina.
São pessoas que ultrapassaram os limites da maioria dos seres humanos. Heróis, superdotados ou abençoados por forças infinitas eles ocupam um lugar especial na galeria dos humanos.
Nesse grupo não podemos deixar de incluir Sérgio Pedro Corrêa de Britto, ou simplesmente como é conhecido por todos os amantes das artes – Sérgio Britto.
Ator, diretor, criador e escritor Sérgio é bem sucedido em tudo que faz. Tudo que toca vira arte e arte vale mais que ouro.
Conta a lenda, que por pouco ele não se transformou em médico. É possível que na ciência  a sua genialidade também se fizesse presente. Provavelmente criaria uma nova vacina ou algum remédio que traria mais beleza e luz para todos nós. Foi exatamente isso que ele fez no mundo das artes. Impossível destacar o seu melhor papel. No palco dos teatros, nas telas dos cinemas ou nas televisões, Sérgio brilhou, emocionou, fez rir e fez chorar. Qualquer texto se transforma em obra prima através de suas interpretações. Coragem, força e energia sempre foram características deste talentoso homem.
Referência para outros atores, Sérgio valoriza seus companheiros de cena através de interpretações sensíveis e emocionantes.
Levado pelos deuses do teatro  entrou em cena através de Shakespere fazendo o papel de Benvoglio em Romeu e Julieta, no teatro universitário amador. Nascia mais que uma paixão: um amor visceral pela arte de interpretar. Nascia ali o SENHOR DOS PALCOS.







Interpretar é pouco para definir Sérgio Britto. Ele tem a capacidade de se transformar, como um camaleão. Ele usa a metamorfose como ninguém. No palco não é o homem Sérgio, em cena esse mutante se transforma  nos mais incríveis personagens em peças como: Tio Vânia, O Jardim das Cerejeiras, Assim é se lhe parece, A gaivota entre tantos outros magníficos textos este homem entrega seu corpo e sua alma para o brilho do espetáculo.
Já foi rei, padre, mendigo, jogador, conde entre tantos outros personagens, mas sempre atuando de forma sofisticada. Um estudioso da arte teatral, Sérgio não se limita a repetir um texto, ele estuda, analisa, mergulha fundo buscando a essência de cada “tipo” a ser vivido em cena.
Em todos os seus muitos anos de carreira, ele se mantém renovado a cada representação. Um ator que acompanhou as mudanças da arte teatral se mantendo atualizado e integrado aos mais modernos meios de comunicação.
Aos 80 anos, após vencer problemas de saúde, Sérgio, trabalhando num espetáculo na lona cultural, num bairro do Rio de Janeiro (Guadalupe), ele caiu do palco, fraturou quatro costelas. Levantou-se sozinho e continuou em cena sob aplausos da platéia. Quando questionado sobre o acidente, respondeu: “Não se impressionem com o tombo. Foi de propósito. Caio todo dia num lugar”.
Esse é Sérgio Britto, um orgulho para todos os brasileiros. Uma lenda do teatro universal.
Edison Borba

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

APRENDER: UM ATO CONSTANTE DE ALFABETIZAÇÃO

Precisamos, urgentemente, formar homens capazes de perceber que a natureza somos nós. Que a nossa vida e a de todos os outros animais e vegetais, estão interligadas formando uma grande cadeia que envolve além dos seres vivos, todos os outros elementos que compõem o nosso planeta.  Somos partes de um todo, um elo da grande cadeia da vida. Tudo o que fazemos com o nosso corpo e com o  meio ambiente, gera reações em cadeia, que interfere no Universo.
O desenvolvimento dessa consciência acontece na infância, durante a construção das estruturas cognitivas. Nesse período ocorrem reorganizações  neurológicas de caráter bioquímico. É a partir dessas reações que  as informações são interiorizadas e incorporadas, passando a fazer parte do comportamento humano. Portanto, o processo de ensino e aprendizagem, é altamente bioquímico, todas as estimulações recebidas  serão inseridas no nosso padrão comportamental que se refletirá na sociedade. Uma criança absorve muito mais as informações recebidas do que um adulto. Sendo assim, a educação infantil, tem uma importância muito séria, pois é nesse período que ocorre a construção de estruturas que na idade adulta irão compor a  consciência humana. Conscientizar um adulto é muito mais difícil que educar uma criança.
As Escolas de Formação de Professores para o Ensino Infantil deveriam ocupar um papel de alta relevância na sociedade, pois cabe a elas a responsabilidade de formar profissionais que atuarão nas fases mais importantes do desenvolvimento humano. É necessário que os alunos normalistas recebam uma formação consistente. E quando diplomados, sejam constantemente capacitados e informados sobre as mais diversas metodologias educacionais. As novas e modernas práticas pedagógicas, aliadas às informações dos mais tradicionais Filósofos e Educadores é que irão fortalecer esse professorado, na sua atividade de transformação das escolas em oficinas capazes de conduzirem nossas crianças para desenvolverem um comportamento empreendedor e ecologicamente correto.
Da simplicidade do ato de segurar o lápis, à realização dos movimentos para a construção das letras, até o momento da interiorização das palavras, correm importantes reorganizações nas estruturas cerebrais de uma criança. Saber aproveitar a curiosidade inata da infância, para uma atitude científica na idade adulta, irá fazer uma grande diferença. A formação de cidadãos capazes de colaborar para a manutenção de uma sociedade mais consciente quanto a sua auto sustentação ecológica e mais justa quanto ao entendimento das leis e regras que mantem o equilíbrio social.
O isolamento pedagógico das nossas escolas e professores tem sido uma barreira para que a nossa educação seja mais consistente e os nossos alunos alfabetizados, não só para decifrar o código lingüístico através da leitura de um simples jornal, mas para que possam desenvolver consciência crítica, capaz de dinamizar suas vidas.
Aprender é um ato constante de alfabetização, a cada dia novas informações precisam ser decifradas e incorporadas ao nosso organismo como proteínas  indispensáveis à construção do nosso organismo. A partir do conhecimento das primeiras letras e durante toda a nossa vida, o processo de aprendizagem é um ato contínuo e sem interrupção. A maneira pela qual, somos inseridos neste universo do saber, é absolutamente decisiva para a continuidade de todo o processo durante nossa vida.
Por todos esses fatores é que se torna necessário um grande investimento na qualificação de todos os profissionais que trabalham com educação e principalmente nos professores do ensino infantil.
Uma Nação só se torna grande e respeitada através dos seus cidadãos, portanto educação e saúde precisam ser de boa qualidade e democraticamente acessível a toda a população.
Edison Borba

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

MENINAS E FITAS

Arcos, bolas e fitas. Meninas lindas, brincando e dançando na quadra. Bolas voam e voltam para as suaves mãos das garotas atletas. Músicas e ritmos variados fazem as jovens dançar e pular. Seus corpos maleáveis impressionam pela maleabilidade e sutileza com que os gestos são executados.
Roupas coloridas e rostos maquiados tornam mais belo o que já é infinitamente bonito. Anjos que voam pelo espaço em saltos e piruetas impossíveis de imaginarmos serem realizados por simples mortais. Meninas anjos com asas invisíveis que as protegem e as elevam sobre as nuvens e sonhos.
Fitas e cores circulam formando desenhos incríveis. Meninas e fitas bailando, girando e nos levando a sonhar com um mundo presente, todo enrolado em coloridas fitas.



E arcos e bolas e malabares e meninas brincando. Como seria a vida se todas as nossas meninas pudessem brincar e sonhar como essas que são atletas.
Os arcos giram em seus corpos. Rodopiam pela quadra num vai-e-vem encantado. Com obediência eles vão e voltam para as suas “donas” que carinhosamente os lançam pelo ar correm e os deixam envolver seus corpos.
Perdemos o fôlego, quando essas meninas malabaristas executam saltos e mais saltos. Nossos corações pulsam, e temos vontade de envolvê-las em nossos braços, como pais e mães que protegem seus filhos.
Meninas felizes e orgulhosas exibem suas medalhas conquistadas com esforço, trabalho e vontade de mostrar para o  mundo que no Brasil existem muitas meninas iguais a elas. Apenas lhes faltam oportunidades para que possam mostrar do que são capazes. Garotas que também poderiam estar em quadras brincando e sonhando com fitas coloridas. Jogando bolas e dançando com suavidade. Meninas que deveriam estar crescendo de maneira saudável, estudando e exercitando seus corpos para se tornarem cidadãs produtivas e combativas, como tantas outras mulheres brasileiras.
Obrigado as meninas brasileiras que trouxeram mais do que medalhas, a certeza de que podemos sonhar com uma juventude saudável e feliz num país que um dia certamente saberá conduzi-las e educá-las com igualdade e fraternidade.
Edison Borba

terça-feira, 18 de outubro de 2011

NA LOCADORA - 09

Entre os diversos filmes que abordam o tema educação, existem três, cujo foco  está na figura do professor. São eles:
AO MESTRE COM CARINHO – com Sidney Poitier

ADORÁVEL PROFESSOR – com Richard Dreyfuss

SOCIEDADE DOS POETAS MORTOS – com Robin Willians

Três homens, que se envolveram com o processo educativo, por caminhos diferentes.

O engenheiro desempregado que resolve dar aulas apenas por um período, mas acaba se apaixonando pela profissão. Sidney Poitier,  está incrível como um jovem e inexperiente professor enfrentando uma rebelde turma de jovens. Ao Mestre Com Carinho,  emociona principalmente pela canção título interpretada por Lulu, ainda muito executada nas festas de formatura.

Em Adorável Professor, Richard Dreyfuss, também procura o magistério como forma de sobreviver apenas por um tempo. Músico e sem muita paciência para lecionar, se envolve de tal forma que passa toda a sua vida, mergulhado na função de educador. Um filme comovente cuja história nos permite uma visão histórica dos hábitos e costumes dos nossos jovens por várias décadas, além de nos envolver na vida do professor que também é pai, marido e um homem com suas dúvidas e medos.

Robin Willians, em Sociedade dos Poetas Mortos, nos permite uma reflexão sobre o papel do professor inovador. Como romper com o processo educativo tradicional? Como levar os jovens ao questionamento? Como quebrar paradigmas sem causar problemas familiares e sociais? É um filme polêmico, onde a figura do professor aparece como a de um libertador. Até onde devemos e podemos conduzir nossos alunos a repensar o tipo de educação que estão recebendo?

 São três bons filmes sobre educação e educadores que merecem ser conhecidos ou revisitados. Eles permitem uma excelente reflexão sobre a arte de educar.
Edison Borba

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

BRONZE / PRATA / OURO

Guadalajara, México, Jogos Panamericanos – lágrimas, sorrisos, alegria, felicidade, desapontamento, garra, desafios, coragem, tristeza, superação, erros e acertos. Todas essas palavras podem se transformar em sentimentos durante as competições. É emocionante acompanharmos atletas lutando para conquistar medalhas, ouvir o hino de seu país e ocupar um dos lugares no pódio.
Seria maravilhoso se em todas as atividades da vida humana, nosso comportamento fosse semelhante ao dos atletas. Competir seguindo  regras. Respeitar os adversários. Lutar sem usar de artifícios inadequados. Aceitar desafios com coragem. Saber corrigir  erros e tentar novamente. Não deixar que os acertos superem a vontade de melhorar. Ter em seu coração a convicção de que lutar não é sinônimo de brigar e que oponente não é inimigo. Saber sorrir mesmo quando a queda for inevitável e chorar pelo prazer da conquista. Que o mais importante não é o valor da medalha, mas competir com seriedade e ética. Abraçar seus companheiros e compartilhar os bons e maus momentos. Superar a si mesmo. Buscar sempre a vitória, não se importando com o número de tentativas, pois cada uma delas é um passo para alcançar os objetivos traçados. Sonhar sempre e buscar a realização desses sonhos. Ter o coração e a mente sempre voltados para a sua pátria. Cada atleta é parte de um todo que se chama País.
Durante o período em que ocorrem as competições, vemos que viver em paz é possível. Sentimos  orgulho de sermos seres humanos, ao acompanharmos cada competição. Nos sensibilizamos diante da luta que cada atleta individualmente, trava com seu próprio corpo, superando dores e controlando emoções.
Ver as diversas bandeiras tremularem juntas sem que haja   opressor e oprimido é emoção indescritível.
Nas piscinas, quadras, tatames, estádios e ginásios homens e mulheres se tornam diferentes apenas pelas cores de seus uniformes. Todos são atletas. Todos são competidores. Todos acatam as regras do jogo. Todos são apenas um na vontade de vencer, brilhar e representar dignamente a sua modalidade esportiva.
Nas arquibancadas os torcedores aplaudem os competidores, com ou sem medalhas, todos merecem respeito e incentivo.
Que os Jogos Panamericanos possam servir de modelo para a construção de países mais justos, sem preconceitos e supremacias. Que todos os atletas possam servir de modelo para nossas crianças e jovens. É possível ser feliz sem drogas. É possível superar limites. É possível sonhar e realizar os sonhos. É possível vencer os medos.





Parabéns a todos os atletas e especialmente aos brasileiros meus compatriotas que vestem a camisa desse País que nem sempre os reconhece como filhos queridos!

Edison Borba

domingo, 16 de outubro de 2011

EXPLOSÕES CARIOCAS

A cidade do Rio de Janeiro se caracteriza por ser intensa, alegre e festiva onde explodem emoções o ano inteiro. O “réveillon” é um dos mais animados do mundo. Milhares de pessoas  se acumulam nas praias e nas ruas para receberem o novo ano. Um povo místico por essência canta e dança para santos e orixás numa explosão de esperança para que o novo período seja de fartura e felicidade. Os sons dos festejos pela passagem do ano misturam-se com os tambores do carnaval. E novamente o rio de Janeiro explode em festas, danças, cantos, desfiles e samba muito samba. Dias e dias de folia, em que os cariocas e turistas se misturam numa loucura musical, colorida pelas fantasias. Reis, piratas, odaliscas, havaianas, príncipes e mendigos misturados numa democracia cujo governo é garantido pelo Rei Momo.








A Páscoa na Cidade Maravilhosa, não perde a sua religiosidade, mas também é um período em que bombas de chocolates explodem trazendo alegria para os lares. Coelhinhos fazem a alegria das crianças, que tentam achar ovos recheados de esperança. É o tempo do renascimento e da crença numa cidade mais segura e feliz.
Uma explosão de fogos de artifício anunciam a  chegada dos meses de inverno: junho, julho e agosto, e com eles as festas “juninas”. Fogueiras, danças, comidas tradicionais, transformam o Rio num grande “arraiá”. São meses para se comemorar Santo Antonio, São João e São Pedro. Bandeirinhas coloridas muita alegria e felicidade fazem do Rio uma cidade abençoada. Sinhazinhas e caipiras dançam a  quadrilha, lembrando o Brasil caboclo e ingênuo, que ainda teima em existir fora dos grandes centros urbanos.
Setembro chega trazendo a primavera e os festejos cívicos.  Comemoramos a nossa independência com desfiles militares e estudantis. É tempo de manifestações públicas e de lembrarmos que a independência de um povo se conquista todos os dias.
Em outubro comemoramos as crianças sob a expectativa da chegada do Natal e mais um “réveillon”.
Tudo isso e muito  mais, caracterizam do Rio de Janeiro como cidade alegre. Comemorações para saudar São Sebastião e São Jorge padroeiros de todos os cariocas, católicos ou não. Atabaques, missas e orações fazem do Rio uma cidade ecumênica onde reina a liberdade religiosa.
Cidade de festivais vem a cada dia se firmando no mundo das artes e da música. Exposições e muita cultura nos encontros Literários que acontecem durante todo o ano.
Assim  é o Rio, uma cidade que explode em emoções o ano inteiro. Infelizmente, nossa querida metrópole não está suportando as explosões de botijões de gás e de bueiros, que tornam público, uma corrupção silenciosa, onde documentos autorizam o funcionamento de estabelecimentos sem condições de segurança e higiene necessários à saúde da população.
Queremos continuar a explodir nossa alegria, nossa esperança e a nossa confiança nas autoridades governamentais. Que saibam exercem dignamente as suas funções, honrando cada voto recebido nas eleições!
Edison Borba

sexta-feira, 14 de outubro de 2011

ARMADILHAS DO DESTINO

Há quem não acredite em destino, porém existem situações que para serem aceitas, precisamos creditar o fato na conta dele, o destino. Encontros e desencontros, idas e vindas, mudanças de rumo, heranças, viagens inesperadas e tantos outros acontecimentos, que nos deixam pensativos e refletindo.  Os autores de novelas utilizam as “armadilhas” da vida para escreverem suas tramas e promoverem as cenas impactantes e emocionantes, que nos levam às lágrimas. A história de Gerson poderia se transformar num dramalhão cinematográfico. O que  aconteceu com ele só pode ser “coisa” do destino.
Homem atraente, cabelos grisalhos, olhos azuis e um sorriso que deixava as alunas e  colegas de magistério bastante excitadas. Com mestrado em literatura e iniciando doutorado, Gerson sempre se orgulhou da carreira acadêmica.
Orgulhoso dos seus dotes físicos e intelectuais, ele fazia questão de se fazer notado. Sempre usando camisas impecáveis,  calças e sapatos de marca. Assim era o Gerson, querido por muitos, sempre desfilando seu charme pelos corredores da Universidade.
Sentia  prazer ao chegar em sala e perceber os olhares  das alunas. Mesmo assim ele se fazia obedecer: “Há que se ler muito! Há que se escrever mais ainda!”, repetia sempre. Sua fama era mantida como professor exigente. Sua predileção por  alunas, novas e bonitas, era também conhecida por todos.
As alunas que eram feias sofriam em suas aulas. Ele era seguidor do lema de que a beleza era essencial!
E assim, mantinha sua fama.
Gerson concluiu seu doutorado, mas nunca abandonou as salas de aula. Isso, porque era ali que  encontrava afago para o  ego. Nas salas ele ostentava sua arrogância e narcisismo.
Freqüentemente chamado para palestras, esbanjava conhecimentos sobre literatura universal.
Sabia como ninguém interpretar diversos escritores. Conhecia as mais diferentes definições de amor, paixão e ódio.
Nos auditórios lotados de jovens “suspirantes”, ele despejava poemas e mais poemas, alguns declamados de forma absolutamente erudita e sensual.
Entre os rapazes, havia uma certa mágoa. Porém, alguns eram seus seguidores e sonhavam um dia em se igualar a ele.
Gerson era divorciado e sem filhos.
Num certo ano letivo, ao se iniciarem as aulas, conheceu uma jovem que estranhamente chamou a sua atenção.
Após tantos anos de adoração, uma aluna  o ignorava por completo.
Aula após aula, ela se mantinha atenta, porém indiferente. Quando argüida apresentava  respostas adequadas, o que fazia com que o mestre ficasse mais interessado nela.
Curioso e atormentado com aquela jovem resolveu chamá-la até a sua sala. Inventou um pretexto para fazer com que ela o encontrasse num horário de pouco movimento na Universidade.
Gerson recebeu sua jovem aluna, controlando a sua excitação. Toda a sua sensualidade estava sendo testada naquele momento. Inventou algumas questões acadêmicas para  a moça. Porém, não conseguindo segurar suas emoções, partiu para o ataque. Usando o seu poder e a sua força física, forçou a jovem aluna a fazer sexo com ele. Durante a relação, Gerson percebeu algo de familiar no rosto dela. Ao vê-la assim tão de perto, lembrou-se de alguém com quem se relacionara. Seu rosto, lábios,  seios trouxeram lembranças  de sua juventude.
Saciado e feliz, Gerson sentiu-se vitorioso. Mais uma vítima sucumbira ao seu poder e encantos. À noite, recebeu um telefonema. Era a voz de uma mulher, que se identificou como sendo uma antiga namorada, com quem ele havia tido um caso de amor. A notícia veio como um tiro no coração. Aquela aluna que ele acabara de fazer sexo era  sua filha!                   
      Do Livro DOIS EM CRISE – Editora AllPrint / 2010 -  Edison Borba




quinta-feira, 13 de outubro de 2011

POEMA DEMENTE

Não estou doente /
Nem com dor de dente/
Mas não estou contente/
Mas tem muito inteligente/
Que é persistente/
Fica impertinente/
Querendo, infelizmente/
Azarar a vida da gente/
Loucamente/
Periodicamente/
Se  fazem insistentes/
Mas eu que sou coerente/
E nunca fiz parapente/
E não sou tenente/
Não tenho patente/
Sou apenas um inocente/
Às vezes sou carente/
Mas não sou demente/
Fico sempre contente/
E não é só aparente/
Gosto de café quente/
E de sopa fervente/
Isso sempre freqüente/
Estou me tornando repelente/
Não consigo terminar esse poema indecente/
Nem eu, nem toda essa gente/
Por favor, chamem alguém competente/
Estou ficando doente/
Tudo volta à minha mente/
Consequentemente/
Mas seguindo em frente/
Não sei  se repentinamente/
Encontro quem invente/
Um poema malemolente/
Que me faça parar essa situação deprimente/
Por favor me acorrente/
Me prendam e não me alimentem/
Quero ficar simplesmente/
Calado, paralisado, sendo apenas um sobrevivente/
Consegui acabar – felizmente!

Edison Borba


EDUCAÇÃO MARGINAL

Nós brasileiros e principalmente os cariocas, já nos acostumamos a ver meninos e adolescentes portando armas e trabalhando para os senhores do tráfico. Imagens tristes de uma juventude sem futuro. Soldados, fogueteiros e guardiões das “bocas” de fumo, estão marcados para ter uma vida breve. Paralelamente a eles, as meninas mulheres, que nos bailes “funks” exibem seus jovens corpos, num bailado sensual, sensibilizando e entristecendo a todos que assistem aquelas deprimentes cenas. Caras e bocas e movimentos corporais, tentando ser, aquilo que não são. Apenas meninas travestidas de adultos numa ridícula e triste tentativa de ser mulher.
Esse grupo, em sua maioria pertence às classes menos favorecidas. São moradores de comunidades e que tem seus comportamentos explicados pela educação deficiente e ausência de contatos culturais capazes de fazê-los perceber, que existe  outro mundo com melhores oportunidades.
Porém, para espanto maior, os noticiários mostram constantemente, jovens, de classe média e alta, filhos de pais com excelente nível cultural, social e financeiro procedendo de forma violenta, próxima à barbárie. Jovens que bebem e se drogam provocando cenas deprimentes nas madrugadas da cidade. Promovendo arruaças e demonstrando preconceitos de diversas formas, eles promovem uma imagem comparada aos dos outros e outras que vivem nas comunidades carentes.
Que famílias e pais, presenteiam seus filhos e filhas com carrões e cartões de crédito, como cartas de alforria, dando a eles o direito de vida e morte sobre a vida de outros cidadãos. Jovens bonitos, malhados em academias, nível universitário, usando roupas de marca e principalmente os nomes de seus familiares para se colocarem acima do bem e do mal. É comum presenciarmos, elegantes mães, atrás de seus escuros óculos, defendendo seus “bebês” que brincando com seus carros importados matam sem nenhum arrependimento.
Mas, também assistimos mães de comunidades, que honradamente entregam seus filhos à polícia na tentativa de fazê-los cidadãos honestos.
Madames e operárias, mães com atitudes opostas quanto à ética e a moral. Que contraste!
O que leva a atitudes tão diferenciadas? Pagar polpudas fianças para defender filhos bêbados ou drogados que desrespeitam as leis? Que valores norteiam essas famílias? Que tipo de amor acontece nesses lares empilhados de móveis, jóias  e aparelhagens eletrônicas, mas vazios de diálogo e de amor verdadeiro. O ter é mais importante do que o ser, talvez seja uma explicação.
Sabemos que para toda regra, existem exceções. Não podemos generalizar,  a educação marginal não é privilégio das comunidades carentes e nem acontece em todos os lares financeiramente abastecidos. Existem vários fatores que levam nossos jovens, meninos e meninas, a desenvolverem comportamentos não éticos.
Amor é uma palavra mágica. Conversar, ouvir, respeitar e acompanhar: excelentes verbos para as famílias conjugarem em conjunto. Cuidado com os verbos comprar, presentear, permitir, ignorar que se conjugados em excesso podem levar ao desrespeitar.
Afagar, acarinhar, aconchegar, fazer refeições em conjunto, buscar diversões coletivas, partilhar e acolher valem mais que presentes caros, custam pouco e são antídotos preventivos para muitos problemas familiares e sociais.
Edison Borba