sexta-feira, 14 de outubro de 2011

ARMADILHAS DO DESTINO

Há quem não acredite em destino, porém existem situações que para serem aceitas, precisamos creditar o fato na conta dele, o destino. Encontros e desencontros, idas e vindas, mudanças de rumo, heranças, viagens inesperadas e tantos outros acontecimentos, que nos deixam pensativos e refletindo.  Os autores de novelas utilizam as “armadilhas” da vida para escreverem suas tramas e promoverem as cenas impactantes e emocionantes, que nos levam às lágrimas. A história de Gerson poderia se transformar num dramalhão cinematográfico. O que  aconteceu com ele só pode ser “coisa” do destino.
Homem atraente, cabelos grisalhos, olhos azuis e um sorriso que deixava as alunas e  colegas de magistério bastante excitadas. Com mestrado em literatura e iniciando doutorado, Gerson sempre se orgulhou da carreira acadêmica.
Orgulhoso dos seus dotes físicos e intelectuais, ele fazia questão de se fazer notado. Sempre usando camisas impecáveis,  calças e sapatos de marca. Assim era o Gerson, querido por muitos, sempre desfilando seu charme pelos corredores da Universidade.
Sentia  prazer ao chegar em sala e perceber os olhares  das alunas. Mesmo assim ele se fazia obedecer: “Há que se ler muito! Há que se escrever mais ainda!”, repetia sempre. Sua fama era mantida como professor exigente. Sua predileção por  alunas, novas e bonitas, era também conhecida por todos.
As alunas que eram feias sofriam em suas aulas. Ele era seguidor do lema de que a beleza era essencial!
E assim, mantinha sua fama.
Gerson concluiu seu doutorado, mas nunca abandonou as salas de aula. Isso, porque era ali que  encontrava afago para o  ego. Nas salas ele ostentava sua arrogância e narcisismo.
Freqüentemente chamado para palestras, esbanjava conhecimentos sobre literatura universal.
Sabia como ninguém interpretar diversos escritores. Conhecia as mais diferentes definições de amor, paixão e ódio.
Nos auditórios lotados de jovens “suspirantes”, ele despejava poemas e mais poemas, alguns declamados de forma absolutamente erudita e sensual.
Entre os rapazes, havia uma certa mágoa. Porém, alguns eram seus seguidores e sonhavam um dia em se igualar a ele.
Gerson era divorciado e sem filhos.
Num certo ano letivo, ao se iniciarem as aulas, conheceu uma jovem que estranhamente chamou a sua atenção.
Após tantos anos de adoração, uma aluna  o ignorava por completo.
Aula após aula, ela se mantinha atenta, porém indiferente. Quando argüida apresentava  respostas adequadas, o que fazia com que o mestre ficasse mais interessado nela.
Curioso e atormentado com aquela jovem resolveu chamá-la até a sua sala. Inventou um pretexto para fazer com que ela o encontrasse num horário de pouco movimento na Universidade.
Gerson recebeu sua jovem aluna, controlando a sua excitação. Toda a sua sensualidade estava sendo testada naquele momento. Inventou algumas questões acadêmicas para  a moça. Porém, não conseguindo segurar suas emoções, partiu para o ataque. Usando o seu poder e a sua força física, forçou a jovem aluna a fazer sexo com ele. Durante a relação, Gerson percebeu algo de familiar no rosto dela. Ao vê-la assim tão de perto, lembrou-se de alguém com quem se relacionara. Seu rosto, lábios,  seios trouxeram lembranças  de sua juventude.
Saciado e feliz, Gerson sentiu-se vitorioso. Mais uma vítima sucumbira ao seu poder e encantos. À noite, recebeu um telefonema. Era a voz de uma mulher, que se identificou como sendo uma antiga namorada, com quem ele havia tido um caso de amor. A notícia veio como um tiro no coração. Aquela aluna que ele acabara de fazer sexo era  sua filha!                   
      Do Livro DOIS EM CRISE – Editora AllPrint / 2010 -  Edison Borba




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