quinta-feira, 13 de outubro de 2011

EDUCAÇÃO MARGINAL

Nós brasileiros e principalmente os cariocas, já nos acostumamos a ver meninos e adolescentes portando armas e trabalhando para os senhores do tráfico. Imagens tristes de uma juventude sem futuro. Soldados, fogueteiros e guardiões das “bocas” de fumo, estão marcados para ter uma vida breve. Paralelamente a eles, as meninas mulheres, que nos bailes “funks” exibem seus jovens corpos, num bailado sensual, sensibilizando e entristecendo a todos que assistem aquelas deprimentes cenas. Caras e bocas e movimentos corporais, tentando ser, aquilo que não são. Apenas meninas travestidas de adultos numa ridícula e triste tentativa de ser mulher.
Esse grupo, em sua maioria pertence às classes menos favorecidas. São moradores de comunidades e que tem seus comportamentos explicados pela educação deficiente e ausência de contatos culturais capazes de fazê-los perceber, que existe  outro mundo com melhores oportunidades.
Porém, para espanto maior, os noticiários mostram constantemente, jovens, de classe média e alta, filhos de pais com excelente nível cultural, social e financeiro procedendo de forma violenta, próxima à barbárie. Jovens que bebem e se drogam provocando cenas deprimentes nas madrugadas da cidade. Promovendo arruaças e demonstrando preconceitos de diversas formas, eles promovem uma imagem comparada aos dos outros e outras que vivem nas comunidades carentes.
Que famílias e pais, presenteiam seus filhos e filhas com carrões e cartões de crédito, como cartas de alforria, dando a eles o direito de vida e morte sobre a vida de outros cidadãos. Jovens bonitos, malhados em academias, nível universitário, usando roupas de marca e principalmente os nomes de seus familiares para se colocarem acima do bem e do mal. É comum presenciarmos, elegantes mães, atrás de seus escuros óculos, defendendo seus “bebês” que brincando com seus carros importados matam sem nenhum arrependimento.
Mas, também assistimos mães de comunidades, que honradamente entregam seus filhos à polícia na tentativa de fazê-los cidadãos honestos.
Madames e operárias, mães com atitudes opostas quanto à ética e a moral. Que contraste!
O que leva a atitudes tão diferenciadas? Pagar polpudas fianças para defender filhos bêbados ou drogados que desrespeitam as leis? Que valores norteiam essas famílias? Que tipo de amor acontece nesses lares empilhados de móveis, jóias  e aparelhagens eletrônicas, mas vazios de diálogo e de amor verdadeiro. O ter é mais importante do que o ser, talvez seja uma explicação.
Sabemos que para toda regra, existem exceções. Não podemos generalizar,  a educação marginal não é privilégio das comunidades carentes e nem acontece em todos os lares financeiramente abastecidos. Existem vários fatores que levam nossos jovens, meninos e meninas, a desenvolverem comportamentos não éticos.
Amor é uma palavra mágica. Conversar, ouvir, respeitar e acompanhar: excelentes verbos para as famílias conjugarem em conjunto. Cuidado com os verbos comprar, presentear, permitir, ignorar que se conjugados em excesso podem levar ao desrespeitar.
Afagar, acarinhar, aconchegar, fazer refeições em conjunto, buscar diversões coletivas, partilhar e acolher valem mais que presentes caros, custam pouco e são antídotos preventivos para muitos problemas familiares e sociais.
Edison Borba

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