quarta-feira, 5 de outubro de 2011

FILHO DE POLÍTICO NAS ESCOLAS PÚBLICAS?

Projeto de lei proposto pelo Senador Cristovam Buarque, em 2007, determina a obrigatoriedade de os agentes públicos eleitos matricularem seus filhos e demais dependentes em escolas públicas até 2014. Por esta proposta, os representantes dos Poderes Executivo e Legislativo federais, estaduais, municipais e do distrito Federal são obrigados a matricular seus filhos e demais dependentes em escolas públicas de educação básica.
No Brasil, os filhos e familiares dos dirigentes políticos estão matriculados em escolas particulares ou então  estudando fora do País. Essa atitude deixa claro que nossos senadores, deputados, vereadores, governadores, ministros, prefeitos entre outros que ocupam cargos públicos, sabem perfeitamente bem que o ensino público no Brasil está longe de ser considerado de boa qualidade.
Temos bons professores, alunos com excelente potencial de aprendizagem, pedagogos, gestores e supervisores qualificados e capazes de desenvolver metodologias educacionais de primeira qualidade. Porém, tudo isso acaba sendo prejudicado; por um sistema de ensino subjugado a leis retrógradas, a unidades de ensino depredadas, calendários escolares com carga horária insuficiente, grades curriculares não compatíveis com as mudanças do mundo moderno.
Existe um aspecto, que vale ressaltar, que é a relação escola privada,  e imposto de renda. Todos os políticos fazem polpudas deduções em suas declarações, graças à manutenção de seus familiares e protegidos em escolas da rede particular de ensino.
A cada ano temos mais claramente um país dividido em dois grupos sociais distintos: os oriundos do ensino privado e os formados pelo ensino público, principalmente em relação à formação básica. Sabemos que existem exceções. Nem sempre uma escola da rede privada tem ensino de excelência e existem diversas unidades de ensino da rede pública que conseguem quebrar paradigmas e são excelentes centros educacionais. Porém, não estamos tratando das exceções e sim das regras gerais e nesse sentido o Brasil ainda tem muito a melhorar no quesito educação de base. 
As escolas públicas são as escolas feitas para o povo. Nelas é que acontece a formação de cidadãos comprometidos com a nossa pátria. Elas são desrespeitadas e aviltadas, mas mesmo assim se mantém firme no seu propósito de formar cidadãos de bem. Professores que não abandonam o “barco”  fazem milagres em suas salas de aula mesmo recebendo salários baixos, sem estímulo para continuar um processo de capacitação e formação continuada, com excesso de horas de trabalho e tendo que atender turmas com grande número de alunos. Esses homens e mulheres merecem mais respeito.
Acredito, que os filhos dos nossos políticos é que saem perdendo por não freqüentarem as escolas da rede pública. Essas crianças e jovens perdem  a oportunidade de viverem uma realidade de luta e de superação. Ao freqüentarem salas de aula, que não espelham a nossa realidade, eles deixam de receber informações oriundas de mestres, que trabalham com amor e dedicação. Também não acredito que a simples presença dessas crianças e jovens nas carteiras das escolas públicas, faria com que seus pais se modificassem e mudassem suas atitudes em relação ao Brasil. Sendo maus políticos, provavelmente também são maus pais e péssimos chefes de família. Provavelmente iriam matricular seus filhos e os abandonariam como  fazem com todos os brasileirinhos, que são obrigados a estudar em ambientes pouco propícios à aprendizagem.
Obrigado ao Senador Cristovam Buarque pela tentativa de fazer com que seus companheiros políticos mudassem suas atitudes para com as nossas escolas públicas. Temos até 2014 para que essa proposta seja aprovada em plenário. Interessante será a sua aprovação, e como conseqüência  um grande número de crianças e jovens sairão do Brasil para estudar no exterior. Discretamente nossos políticos continuariam a demonstrar o seu desprezo e descaso para com o ensino público brasileiro.
Edison Borba







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