quarta-feira, 17 de agosto de 2011

OFICINAS DO SABER

Mesmo com toda a parafernália existente no mundo moderno, computadores e celulares entre tantos outros objetos que fazem parte da nossa vida no século XXI, nas salas de aula, a figura do professor é indispensável. Essas oficinas do saber precisam da orientação do mestre, que irá reger a orquestra, interligando os sons, as palavras, os textos e os conteúdos numa melodia infinitamente harmoniosa que se chama aprendizagem. Cada aula exige uma preparação específica. O tema pode ser até o mesmo, porém para cada platéia ou turma, o ritmo terá que ser adaptado. Para alguns, será necessário um movimento mais para o frenético enquanto para outros, o ritmo terá que ser suave. Cabe ao maestro, perceber qual a melhor cadência para conduzir os seus grupos rumo ao saber. As atividades pedagógicas  exigem do regente, equilíbrio, sofisticação, metodologia, criatividade, paciência e conhecimento para ninguém perder a sintonia e desafinar. Todos os integrantes da orquestra devem caminhar harmoniosamente. Para conseguir essa façanha, o professor, busca metodologias diferenciadas mantendo  seu grupo, ligado na sua palavra. Nada substitui a ação, o fascínio e o carisma de um mestre. Durante muitos anos, assumi a regência de diversas classes tendo a Biologia e as Ciências Naturais como pauta musical. Corpo humano, plantas, células, animais, genes, meioses e mitoses eram alguns temas que eu regia para cérebros atentos e curiosos. Diariamente buscava novos caminhos, para manter aquela meninada atenta ao meu comando, na tentativa de transformar a sala de aula numa oficina de saber. Gravuras, livros, jornais, filmes, projeções e tudo mais que pudesse manter o interesse era levado para ajudar na construção daquelas jovens mentes, altamente lubrificadas por hormônios. E foi nesta busca pelo envolvimento dos meus alunos, que organizei algumas frases, cujos conteúdos absurdos, a princípio não tinham nada com a minha formação científica. Contrariando os programas e as exigências pedagógicas, levei para minha sala algumas frases quebra-língua. O objetivo era forçá-los a pronunciar palavras esquisitas, em frases com estranhos significados, forçando-os a pensar em “coisas”  absolutamente diferentes até do que eles encontravam nas suas pesquisas via internet. Para minha surpresa, a brincadeira agradou às turmas, possivelmente abrindo espaço para que eles viessem a entender melhor os mistérios dos conteúdos que eu lhes oferecia em nossos encontros biológicos. O aprendizado melhorou, incluindo o meu para com meus aprendizes. Na dificuldade de pronunciar algumas palavras grupos se formaram numa ação conjunta onde alunos e professor, maestro e orquestra executaram uma linda melodia. Algumas dessas malucas frases estão relacionadas a seguir. Será que atualmente elas ainda fariam sucesso? Experimentem brincar com seus alunos lendo em voz alta: “Zuleica zuniu no zelador zeloso o zodíaco de zinco do zarolho” – “O parlamentar parlapatão parou perto da parreira do parque onde havia um parquímetro” – “Ele descambou no descaminho e ficou descamisado sem descansar ficando descaracterizado” – “Astrogildo é astronauta e astrônomo, ele gosta de astros  e estuda astrocopia na astrosfera” – “Havia uma barraca na barra perto do barracão barracento onde um burro estava amarrado” – “O rei com remorso roeu a roupa da rainha reforçando a regra ruim de Roma” – “Os zigofiúros zangados zanzavam perto das zamiáceas dos zangões”. Aprender e ensinar devem ser atos prazerosos. O professor como um maestro, envolvido pela melodia produzida por seus alunos envolvidos na mesma atmosfera de encantamento transformam uma simples sala de aula numa grande e incrível oficina do saber.    
Professores artesãos - maestros atuando e colaborando com a natureza na formação de organismos cidadãos. Parabéns!

Edison Borba

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