segunda-feira, 8 de agosto de 2011

COM A TESOURA NO CORPO


O alarme soou quando uma mulher, em São Paulo, tentava visitar  parente detido numa penitenciária. Após a revista os policiais constataram que ela não portava nenhum material considerado perigoso. Mistério! O que provocou a sirene? Em que parte de seu corpo ela havia escondido o material proibido? Levada a um interrogatório, a mulher informou que sofria de fortes dores abdominais há 28 anos, desde o nascimento de seu último filho. Examina daqui, estuda dali e se constatou que essa brasileira trazia em seu abdome um objeto metálico, esquecido  durante o parto do seu caçula.  Aos 58 anos e desde os 30 sofrendo com as perdas do marido, que se afastou por não poder manter com a mulher uma vida sexual normal. A liberdade do ir e vir. A perda do controle doméstico, restrita por seus movimentos e tendo que conviver com o sentimento de culpa do filho. Ela perdera o prazer de viver. Quem paga por tanto sofrimento? Entre os diversos consultórios por onde passou, ninguém teve a sensibilidade de solicitar um simples exame de raios X. O que está acontecendo com o pessoal da saúde? Foi necessária uma sirene de penitenciária para que um erro fosse esclarecido. O material encontrado – uma pinça, comumente usada em procedimentos cirúrgicos. Dúvida: existe uma conferência do que é usado numa cirurgia? Algum funcionário é responsável pela contagem da quantidade desses instrumentos? Felizmente, após o caso ocupar as manchetes de alguns jornais, tornando-se de domínio público, a senhora S, foi operada e aos poucos retoma a sua rotina. Sorridente, abraçada ao filho revela: - “agora quem renasceu fui eu!”. Vaidosa, marcou hora em salão de beleza e busca ser feliz com seus familiares.Com certeza essa jovem senhora vai recuperar o tempo perdido, ou melhor, o tempo pinçado ou cortado pelo instrumento esquecido em seu corpo. Seja bem-vinda!

Edison Borba

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