quinta-feira, 25 de agosto de 2011

SER HOMEM

Aristides era um homem franzino, pequeno e de aspecto doentio. Apesar de ter apenas 35 anos, aparentava muito mais. Mãos trêmulas e dedos amarelados pela nicotina dos muitos cigarros que consumia. Apesar dessa aparência devastada,  atraía mulheres lindas. Na verdade, ele era assediado em todos os bares e festas  que aparecia. Essa situação intrigava os  homens,  que exibiam seus gigantescos músculos, além de outras propriedades indicativas de suas virilidades. Era difícil, não encontrar alguém capaz de contar alguma história envolvendo o esquálido Aristides. Mas quem conta um conto aumenta um ponto, muitos dos seus feitos faziam parte do imaginário popular. Afirmavam que esse diferencial, ele havia herdado de seu pai, um português de fartos bigodes que mantivera um caso  com a estonteante mulata, conhecida como Zilá. Por ter nascido com uma aparência  frágil, sua mãe usou estranhas ervas em sua alimentação, que apesar de não ter agido em sua compleição física, lhe presentearam com algo, tido como fabuloso. Somando a herança paterna com os cuidados maternos, o apelido que ele recebeu parecia ser realmente verdadeiro. Toda a boemia carioca conhecia a fama do Aristides. Sua chegada nos bares espantava os garanhões de plantão, o que fazia diminuir o consumo de bebidas e aumentar a reclamação dos garçons. Ele era o rei do pedaço. As mais espetaculares mulheres disputavam uma noite de amor com o frágil Aristides. Aquela outra coisa que ele possuía, reinava absoluta, era sucesso, contagiava a conversa de todos. E para completar o quadro de intrigas, nosso herói era dono de uma sisudez impressionante. Nada de risos, mesmo quando ouvia as melhores piadas. Em torno do Aristides, alguns homens ansiosos por partilharem do segredo sonhavam um dia descobrir como fazer sucesso entre as mulheres. Mas se dependesse dele nada seria esclarecido. Apenas, nos quartos das pensões e dos motéis era que o segredo se revelava e também nos rostos felizes exibidos pelas senhoras que tinham o privilégio de usufruir  uma noite com Aristides. Havia quem desconfiasse de que nada de tão fabuloso existia, talvez tudo não passasse de uma grande armação, propaganda enganosa, envolvendo propina, suborno e muita grana. Mulheres satisfeitas financeiramente, Aristides feliz com a fama. E foi por causa desta dúvida que o plano foi engendrado. Liderados por Bertônio, um dos que se considerava muito prejudicado, alguns machões  contratou os serviços de Carlinda. Mulher da noite, vivida, experiente e muito conhecida por seus dotes físicos e fisiológicos. Plano orquestrado, cena armada, resposta positiva. Foi numa linda noite de lua cheia e temperatura amena que o encontro se consumou.  Com um imenso sorriso de felicidade, olhar tranqüilo e aparência renovada encontraram a linda dama  recostada sobre as almofadas da alcova, Carlinda suspirava feliz. Após tantos anos de vida, ela tivera uma verdadeira noite de amor. Aristides era fabuloso na arte de recitar. Foram lindos versos que enalteciam a beleza feminina. Poemas e louvores à mulher brasileira. Encantos e acalantos  fizeram Carlinda, pela primeira vez, se sentir verdadeiramente mulher. Fabuloso era o encantamento de Aristides, que possuía a arte de tocar a alma feminina como nenhum outro. Mulheres precisam de carinho, amor e respeito. Homens acordem! Macho que é macho sabe entender e satisfazer os desejos e sonhos de sua companheira sem perder a natureza de SER homem!
Edison Borba

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