terça-feira, 23 de agosto de 2011

TÁ SERVIDO?

Carne seca com abóbora, frango com quiabo e truta defumada, muita água na boca. Olhos arregalados para carnes grelhadas, grão de bico com cebola e salmão marinado.  Coração batendo forte diante  da feijoada e costelinha de cordeiro. O corpo fica arrepiado com o cheiro das panquequinhas de batata baroa  e um delicioso bobó de camarão. Entregar  e  alma ao risoto de frango ou de carne com muito arroz branco e batatinhas fritas. Enlouquecer com fettuccine ao molho pesto, mas manter o olho grande na fritada bem quentinha. Se entregar a strudel de maçã sonhando com o pavê de bananas. Se encharcar de calda de chocolate derramada sobre sorvete de caramelo. Abraçar o queijo coalho com melado. Ficar  embevecido com cubinhos de toucinho dourando ao azeite no fundo da frigideira. Demonstrar seu amor, às claras batidas em neve com açúcar e casquinha de limão. Não ter vergonha da sua paixão pelo bacalhau, com pimenta-do-reino, salsa e coentro. Ter carinho com o pão-doce coberto de creme. Não rejeitar o rigatone, o canelone, o macarrão e tudo que vier da Itália, sem desprezar o yakisoba, o yakimeshi e os frangos empanados, agridoces, com brócolis tão gentilmente oferecidos pelos nossos amigos japoneses. Olhar enternecidamente para aquela salada de atum, a ser saboreada antes do prato quente. Mas quando faltar tempo para sentar à mesa, leve carinhosamente em sua sacola o tradicional hot dog, o misto quente e os apaixonantes franlitos. Ficar de joelhos diante das tortas de nozes. Rezar pelo cheesecake pensando em bombons recheados de licor. Perdão Senhor por demonstrar publicamente toda essa loucura gastronômica. Meus sonhos alimentares sempre tão democráticos, onde o quibe pode vir acompanhado pelo pastel de queijo e outras iguarias provenientes de diversas partes do mundo. Tudo bem arrumado sobre linda toalha de renda e iluminado por candelabros de prata. Taças de cristal, talheres reluzentes guardanapos de seda. Sabores, odores e cores em bandejas recortadas com detalhes que lembram a arte barroca. Fantasias, sonhos e delírios e eu aqui, diante deste prato de salada verde. Olhando as alfaces e as rodelinhas de tomate, cobertas por azeite e pouco sal. Um pouquinho de arroz integral e aquele bifinho, fininho, magrinho e tostadinho pronto para ser mastigado e engolido como a última refeição de um condenado. A vitamina e a gelatina  completam o meu desespero. Eu mereço!
Edison Borba 

Um comentário:

  1. hahaha adorei ! me deu até fome ! ...te convido pra jantar ok ? mas nao vai comer tanto como no texto ..hahaha...

    abraços

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