quarta-feira, 10 de agosto de 2011

A BOCA DE QUEM FALA

Como nas histórias infantis, há muito tempo, uma linda jovem era escolhida e nomeada como a namoradinha do Brasil. O tempo passou e ela continua, nos encantando com seus personagens em novelas.  Quem não se emocionou com Regina Duarte? Lágrimas, suspiros e encantamento podem traduzir o que essa atriz nos proporcionou. Famílias a queriam como filha e rapazes como namorada. Encantadora e inocente tornava mágico tudo o que falava. Um dia, ela se transformou em Porcina, escandalizou o público, vivendo uma viúva fogosa cuja risada ecoava por todas as nossas casas. A namoradinha do Brasil havia crescido e se transformado numa mulher inteligente e brilhante atriz.  Agora, de sua boca podiam sair outras palavras e não apenas os suspiros e lindas declarações de amor. Vendeu muitos produtos através de comerciais – o que vinha de sua boca era garantia de boa qualidade. Até na política, teve a sua fala questionada, quando  demonstrou a sua opinião. O tempo passa e uma nova namoradinha surge para os brasileiros. Menina, cantora, surgiu em nossas vidas como um cometa. Família de artistas estava sempre rodeada por uma aura de ternura, carinho, beleza e castidade. Junto com seu irmão, fiel escudeiro, dançava e rodopiava nos palcos com as músicas do seu primeiro álbum “Aniversário do Tatu”. A garotinha crescia como um modelo a ser seguido. Criou-se ao seu redor um mistério. Sagrada, santa e imaculada foram rótulos perigosos que envolveram essa brasileira. O mundo, na necessidade de cultuar a inocência, não percebeu que a garotinha se transformara numa linda mulher. A nova  namoradinha do Brasil, surgiu como uma Devassa  viúva Porcina. O Brasil escandalizou-se  com a escolha de sua menininha. Ela traiu a confiança das famílias, que por longos anos a usaram como um modelo. Será que ela bebe? É apenas um comercial? Um golpe de marketing? A garotinha crescera de tal forma, que aprendeu a cantar sozinha. Estava emancipada! Sem o irmão por perto, ela  começou a expressar suas vontades. Porém, um príncipe encantado surge para salvar a  princesa. E como num conto de fadas, ela sobe ao altar. Usando branco, deixava claro que sua honra estava preservada. A nossa namoradinha e cantora, não foi morar num castelo, seu brilho está nos palcos, sua vida é a sua voz.  Abre-se a cortina e aparece em cena uma mulher madura, dominando seu canto e suas vontades. Além de cantar ela pensa e age como mulher. Tem desejos e vontades. É professora e eleitora. É livre. É esposa e companheira. Mas o mundo a quer menina, inocente, imatura e infantil. Como é difícil se libertar de uma imagem solidificada no imaginário popular. Dizem até que ela quer se livrar da fama de certinha! Esperamos que a nossa namoradinha, continue a nos encantar com sua doce voz e a ser “certinha”, como mulher e cidadã brasileira. Deixando sair de sua boca, além de lindas canções, exemplos de cidadania. Que em seu Manuscrito, esteja escrito mensagens de amor e paz para um mundo melhor. As namoradinhas do Brasil carregarão sempre o ônus de pertencerem a um país que necessita de bons exemplos. Vocês também possuem o direito de manifestarem suas vontades, mas não esqueçam que de suas bocas espera-se muito mais do que simples opiniões.

Com carinho para Regina Duarte e Sandy.

Edison Borba




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