quinta-feira, 25 de agosto de 2011

COISA DE CRIANÇA

Empinar papagaio, rodar pião e brincar  de boneca. Isso era coisa de criança! Pular corda, brincar de roda e de pique. Isso era coisa de criança! Aos poucos, esses folguedos foram sendo substituídos por brinquedos eletrônicos e jogos sofisticados. Mas, mesmo assim isso era coisa de criança! As bonecas se transformaram em Barbies, ficaram sofisticadas, mas ainda assim era coisa de menina! Lembro, que até bem pouco tempo, considerávamos meninos e meninas, pessoas com até quinze anos ou mais. Ouvir e ler histórias repletas de fantasia continuou a ser coisa de criança por um longo tempo. Era nos bailes de formatura, que geralmente acontecia o rito de passagem. Dançar de rosto colado, sentir um arrepio no corpo, pensar no primeiro beijo a ser roubado. Aos poucos, com cuidado e sensibilidade, o mundo infantil ia se distanciando e aos poucos, surgia um ser adulto. Mesmo sabendo que toda regra tem exceção e que muitos problemas existiam nesse passado mundo, ser criança era um fato que no mínimo envolvia saúde, amor e segurança. Sem que déssemos conta, coisa de criança saiu de moda. Estamos sendo anestesiados por notícias sobre gangue de meninas, que invadem e roubam numa demonstração de agressividade nunca imaginável como sendo coisa de criança. Meninos promovem quebra-quebra em hotel e apavoram  hóspedes. O bullying acontece em diferentes espaços escolares e é dolorido imaginar que usar crack virou coisa de criança. Numa sociedade globalizada, altamente especializada, que se propõem a ser inovadora e criativa em tudo que constrói, no admirável mundo novo de grandes tecnologias, o que podemos considerar como sendo coisa de criança?  A situação que envolve o mundo infantil está muito conflitante. Crianças “meninas”, cujo metabolismo hormonal ainda está iniciando o seu funcionamento, se exibem e se vestem como adultas. “Garotos” crianças, que deveriam estar correndo, pulando ou jogando bola são vistos portando armas que mal conseguem segurar. A sociedade e muitas vezes os familiares, sem perceber influenciam indiretamente nessa mudança de comportamento, num pseudo-amadurecimento. A educação através de bons exemplos sempre foi fundamental na construção de cidadãos. Atualmente temos que conviver com padrões nada saudáveis. Algumas situações, que até bem pouco tempo eram tidas como politicamente corretas, hoje não são incentivadas. O excessivo culto ao corpo em detrimento às questões intelectuais deturpou o antigo lema “mens sana e corpore sano”.  O corpo sadio transformou-se em idolatria e ditadura muscular. Quem não estiver enquadrado nas medidas estabelecidas pelos controladores da moda, será destratado e considerado um E.T. Este tipo de necessidade transformou-se em coisa de criança. Meninas e meninos mergulhados em academias, não pela questão da saúde, mas pela beleza física a ser alcançada. Cirurgia plástica, agora é coisa de criança. Maquiagem, moda, desfiles, poses, fotos e comportamento afetado e caricaturado virou coisa de criança. Ficar, transar, fazer sexo com diversos parceiros passou a ser tão natural, que não se fala mais do amor. Surgiu um novo personagem no universo familiar, o “namorido”. O que isso significa? Se cada vez mais o mundo infantil está diminuindo de tempo, surge uma questão: atualmente, até quando um indivíduo pode ser considerado criança. Infelizmente, quando crimes acontecem, roubos efetuados e furtos realizados. Quando a droga é encontrada ou um acidente de carro é provocado, nessas circunstâncias cruciais, dependendo de quem está envolvido, surgem observações, discussões, análises e quando se constata que o agente da ação é um “di menor” tudo fica muito claro, trata-se de coisa de criança.
Edison Borba

Nenhum comentário:

Postar um comentário