Usando antigas observações de que
novela é uma obra aberta, os folhetins seguem rumos inesperados, muitas vezes
dependendo da opinião do público. É necessário manter a audiência e os
patrocinadores satisfeitos. Existem personagens que crescem enquanto outros
descem. Um casal de heróis que não se entrosa, sem “química” hormonal nas horas
mais sensuais, é um grande acidente para uma trama. O autor tem que fazer
malabarismos para segurar o público diante da telinha.
Levando tudo isso em conta, é que faço
a seguinte sugestão: as novelas não teriam o último capítulo. No auge da
história, o escritor abandonaria o texto deixando para os fãs resolverem cada
uma das intrincadas situações que surgiram no decorrer das gravações. Provavelmente
teríamos finais inusitados!
Nos diversos canais que exibem esse
tipo de entretenimento, há vários anos que os últimos capítulos se repetem,
como cópias xérox. Casamentos (vários), festas (muitas), revelações (diversas),
nascimentos (em profusão) e muitas reconciliações. Existe uma preocupação dos
autores em juntar pessoas: ninguém pode ficar sozinho!!!
É tudo muito semelhante. Quem viu um
final, já viu todos. A falta de criatividade e a necessidade de aumentar a
audiência tem sido catastrófico para os finais dos ricos folhetins. É triste
ver tanto aparato para gravar cenas que não apaixonam os “telenoveleiros”.
É tudo muito previsível. A impressão
que sentimos é que chegou uma ordem para terminar aquela história. Matem os
inconvenientes, chamem as parteiras, curem as doenças, costurem os vestidos de
noiva, preparem as festas, com os doces que sobraram da novela anterior. O
sabor é o mesmo. Existe uma pressa nas interpretações, misturada com o cansaço
dos atores. A sensação que temos é que todos precisam se livrar daquilo o mais
rapidamente possível. Todas as emoções de centenas de gravações são empurradas
no último capítulo.
Que pena! Que desperdício de talentos!
Quantas frustrações!
E para fazer o final ficar mais
grotesco, os anúncios da novela substituta atropela a agonizante. Novos galãs,
belas heroínas, os malvados, o núcleo do bem e tudo o que vai se arrastar por
meses é mostrado, tirando o “foco” do amigo da poltrona.
No recente último capítulo de “Amor à
Vida”, há que se resaltar alguns momentos que merecem destaque:
>o final da Amarilys, foi muito bem
resolvido, com os atores dando conta do recado.
>a homenagem ao Chacrinha, deu um toque de nostalgia.
>Paulinha (personagem nas mãos de
uma futura grande atriz).
>o trio Cesar, Kiko e Félix e as cenas
familiares foram simples, sem exageros e de grande ternura, incluindo o tão
esperado beijo gay masculino. O diretor e o autor souberam dosar a cena, onde o
amor prevaleceu sobre o sexo.
>grande destaque para o final, pai
e filho juntos ao por do sol. Excelente duelo de dois grandes atores, Antonio
Fagundes e Mateus Solano. Texto simples, interpretações corretas, emocionais,
tudo bem dosado e de extremo bom gosto.
Apesar de todas as críticas, as
novelas, sejam elas de qualquer emissora de televisão, é uma oportunidade do
exercício da dramaturgia.
Apesar dos finais previsíveis,
continuaremos a assistindo as histórias, torcendo pelos heróis e mocinhas,
suspirando com os beijos e criticando, sempre de forma construtiva.
Vou trocar de canal e assistir outra
história, quem é noveleiro está sempre com o controle remoto nas mãos. Até a
próxima!
Edison Borba
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