Impossível
esquecer os doces produzidos na cozinha da casa onde passei a infância. Uma avó
mineira e outra portuguesa garantiam que a minha gulodice e a de meus irmãos e
primos fosse aguçada diariamente. Eram bolos, cocadas, balas, pudins e outras
inesquecíveis iguarias das vovós. Nas quintas-feiras, acontecia uma reunião de netos
para a merenda da tarde. Em volta de uma grande mesa, crianças de diversas
idades, salivavam diante da enorme quantidade de tentações culinárias.
Doces
tardes, recheadas de doces e
encantamentos que até hoje gosto de relembrar.
Emerenciana
e Deolinda, minhas avós, mas que poderiam se chamar Picucha, o “doce”
personagem vivido pela grande atriz brasileira, Fernanda Montenegro, eram
encantadoras.
Assistindo
ao filme “Um Doce de Mãe”, viajei pela minha vida e relembrei através das cenas
cinematográficas, muitas “cenas” de família. Minha relação com irmãos e primos
e principalmente com minhas avós.
A
premiadíssima Fernanda vive uma senhorinha de oitenta e cinco anos com a leveza
de uma jovem de quinze. Suas “artes” são incríveis e deliciosas como as suas
panquecas. Ver a atuação desta Dama da dramaturgia, permitiu-me ter doces recordações da infância.
É
maravilhoso, assistir Fernanda atuar, seja na comédia ou no drama, no teatro,
cinema ou televisão, ela consegue se renovar a cada espetáculo.
Ainda
sinto as emoções de “As
Lágrimas Amargas de Petra von Kant” e não esqueço a cena final da peça “É”, no teatro Maison de France, os anos passaram,
mas as emoções continuam em minha alma.
Fernanda
Montenegro e minhas avós fazem parte da minha vida. Todas me emocionaram com
suas atuações, na cozinha e nos palcos.
Não
podemos esquecer essa doce senhora Fernanda, que através de sua obra, nos
encanta e faz refletir. Fora dos palcos, ela se comporta como cidadã
consciente, sempre pronta a participar, junto com o povo, expondo as suas
ideias e ideais de brasileira. Corajosa senhora Fernanda, que também é mãe e
avó, como tantas donas de casa brasileiras. Ela é um grande exemplo de mulher
trabalhadora.
No
papel de Dora, a “escrevedora” de cartas da estação de trens, ou como Picucha, a
encantadora vovó, ela conseguiu sensibilizar a todos com sua arte de fazer arte.
Obrigado
às minhas avós e obrigado à Fernanda Montenegro, por terem adoçado a minha
vida!
A
elas a minha reverência!
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