quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

DOCES MULHERES

         Impossível esquecer os doces produzidos na cozinha da casa onde passei a infância. Uma avó mineira e outra portuguesa garantiam que a minha gulodice e a de meus irmãos e primos fosse aguçada diariamente. Eram bolos, cocadas, balas, pudins e outras inesquecíveis iguarias das vovós. Nas  quintas-feiras, acontecia uma reunião de netos para a merenda da tarde. Em volta de uma grande mesa, crianças de diversas idades, salivavam diante da enorme quantidade de tentações culinárias.
Doces tardes, recheadas de doces  e encantamentos que até hoje gosto de relembrar.
Emerenciana e Deolinda, minhas avós, mas que poderiam se chamar Picucha, o “doce” personagem vivido pela grande atriz brasileira, Fernanda Montenegro, eram encantadoras.
Assistindo ao filme “Um Doce de Mãe”, viajei pela minha vida e relembrei através das cenas cinematográficas, muitas “cenas” de família. Minha relação com irmãos e primos e principalmente com minhas avós.
A premiadíssima Fernanda vive uma senhorinha de oitenta e cinco anos com a leveza de uma jovem de quinze. Suas “artes” são incríveis e deliciosas como as suas panquecas. Ver a atuação desta Dama da dramaturgia,  permitiu-me ter doces recordações da infância.
É maravilhoso, assistir Fernanda atuar, seja na comédia ou no drama, no teatro, cinema ou televisão, ela consegue se renovar a cada espetáculo.
Ainda sinto as emoções de  As Lágrimas Amargas de Petra von Kant”  e não esqueço a cena final da peça “É”,  no teatro Maison de France, os anos passaram, mas as emoções continuam em minha alma.
Fernanda Montenegro e minhas avós fazem parte da minha vida. Todas me emocionaram com suas atuações, na cozinha e nos palcos.
Não podemos esquecer essa doce senhora Fernanda, que através de sua obra, nos encanta e faz refletir. Fora dos palcos, ela se comporta como cidadã consciente, sempre pronta a participar, junto com o povo, expondo as suas ideias e ideais de brasileira. Corajosa senhora Fernanda, que também é mãe e avó, como tantas donas de casa brasileiras. Ela é um grande exemplo de mulher trabalhadora.
No papel de Dora, a “escrevedora” de cartas da estação de trens, ou como Picucha, a encantadora vovó, ela conseguiu sensibilizar  a todos com sua arte de fazer arte.
Obrigado às minhas avós e obrigado à Fernanda Montenegro, por terem adoçado a minha vida!
A elas a minha reverência!
 Edison Borba

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