sábado, 22 de fevereiro de 2014

INFELIZMENTE ...

          Foi aplaudindo, que grande maioria da população brasileira recebeu a informação de que o Brasil seria a sede da Copa Mundial de Futebol. A forte campanha que antecedeu à escolha amorteceu a capacidade de perceber que o problema não estaria nos jogos, mas na grande armação que aconteceria a partir deste fatídico dia, 30 de outubro de 2010.

Uma fantástica campanha promocional anunciava que o futebol voltava para casa, após a grande derrota de 1950. Chegara finalmente a hora da vingança! Cada brasileiro sentiu-se um jogador e vestiu a camisa canarinho.

Iniciava-se naquele momento a orgia financeira.

Quando os organizadores do evento escolheu doze estados para sediar os jogos, já havia uma divisão de bens, sendo planejada. . A grande extensão territorial do país deu margem para uma enganosa democratização da festa. Nenhuma região deixaria de participar do grandioso espetáculo e todos os governadores teriam seus “ganhos”.

Provavelmente, o primeiro sentimento contrário à realização da Copa, veio da “distraída” boca do jogador, Ronaldo, ao falar impensadamente que os estádios eram mais importantes que os hospitais, com a  frase: “Não se faz copa do mundo com hospitais!”

Neste momento ficou claro, que morra o povo, mas salvemos o jogo!

Reações populares foram ouvidas em vários cantos do país, que passou a olhar com mais cuidado para as fortunas gastas  na construção das arenas.

Porém, em meio à pobreza e miséria, um a um, os majestosos estádios foram erguidos, com sangue e cimento.

A ganância dos empresários e políticos, sob o manto da FIFA, deu início, a um dos maiores escândalos financeiros do Brasil. Obras, adiadas, verbas recalculadas, prazos modificados, tudo acontecendo a céu aberto como numa grande partida entre o povo e poder. Os juízes exigindo um padrão FIFA, para as arenas mesmo que para isso a população fosse jogada aos leões. Os hospitais, como afirmou o famoso atleta, continuaram sangrando  as escolas emudecidas e o povo vagando sem rumo.

Como massa de manobra, a população, rendeu-se à intensa propaganda esgotando os ingressos, que foram comercializados a preços exorbitantes.

Mais uma comprovação, do que cantou Zé Ramalho:   

                         “Se tem água de chuva e luz do sol
                                          Pode ser o país do futebol
                                          Mas não é com certeza o meu país”

E novamente em outra de suas composições: 

     " Eh, ôô, vida de gado
                 Povo marcado, ê
                 Povo feliz
                 Eh, ôô, vida de gado
                 Povo marcado, ê
                 Povo feliz"

A força da mídia, continuou agindo, construindo obras de propaganda, muito bem direcionadas, para cada região do país, incluindo até o acarajé da Bahia, para derrotar as equipes de futebol, rivais ao Brasil.

As cidades que abrigarão as diversas comitivas estrangeiras têm seus egos alimentados e sentem-se honradas com este privilégio. Todos, ou quase todos os brasileiros, esqueceram os problemas socais e abraçaram o evento.

INFELIZMENTE, o problema não está na realização dos Jogos da Copa Mundial de Futebol.

INFELIZMENTE, o problema está no Brasil, mais especificamente nas mãos de alguns brasileiros, que fazem desta pátria uma oficina de prazer.

Por que doze arenas? Por que tantas suntuosas construções? Por que padrão FIFA? Por que tantas alterações nos calendários das obras? Por que alguns empresários são beneficiados? Por não aproveitar o que já existia? Por que não realizar os jogos no padrão brasileiro? Por que temos que ser obedientes à FIFA?

Estas e outras questões estão nos nossos pensamentos, e ainda existem outras,  muito sérias:

O que vai acontecer com estas arenas? Quem irá mantê-las? Qual o futuro destes “elefantes brancos”? Quem vai pagar por toda essa farra?

INFELIZMENTE, deixamos o joio crescer no meio do trigo e estamos embaraçados pelos cipós que nos amarram através de uma intensa lavagem cerebral, feita de forma excelente pela mídia. Os jogos irão acontecer!

Talvez seja a hora de seguirmos uma proposta de outro atleta brasileiro, que é considerado o atleta do século:

  “Pelé pede para brasileiros esquecerem a manifestação e apoiarem a seleção”

                                                     INFELIZMENTE ...

Edison Borba

 

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