sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

FELIZ SOZINHO?

Tenho milhões de amigos
Cujos rostos não conheço
Recebo milhões de abraços
Mas sem nenhum  aconchego
Correspondo-me com o mundo
Sem sair da minha casa
Sou feliz e solitário
E às vezes solidário
Participo de campanhas
Sem saber quem ajudei
Apenas um botão apertando.
Vou me comunicando.
Meus sentimentos desaparecendo.
Meus sorrisos são figuras
Minhas lágrimas  pintura.
Raiva,  rancor e ódio, para tudo tem carinhas,
Mas nenhuma delas, minhas dores representa.
E  também as alegrias, dissabores e amores.
Ontem me olhei no espelho e vi um rostinho redondo
Que sorria para mim, amarelinho engraçado.
De susto quase morri!
Era eu?  Era eu! Era eu!
Sim, era eu ali no espelho pintado.
Perdi minhas emoções, minhas mãos são corações.
E meu passivo rosto,  já não possui contrações.
Virei boneco sem vida.
Não sei rir, não sei chorar, nem a língua esticar,
Para careta fazer, como menino levado,
Debochando dos amigos.
Sou refém do modernismo ou será do animismo?
Sou objeto abjeto, sem forma e sem valor.
Sou boneco amarelo ou até de outra cor.
Sou marionete,  feliz, sou alegre e sozinho.
Sou um homem atual
Vivo no  virtual
Tenho um milhão de amigos
Que nunca vou encontrar,
E não preciso abraçar!
                     

Edison Borba

                                      

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