- : "Um rojão daquele não tem enPróximoAn
Comunicamos o falecimento do Senhor
Santiago Ilídio Andrade de 49 anos, brasileiro, trabalhador, casado e residente
na cidade do Rio de Janeiro. O cidadão deixa esposa e filho.
Segundo a Secretaria Municipal de
Saúde, a sua morte foi causada por um
acidente provocado por um objeto inflamável lançado durante os protestos contra
o aumento das passagens de ônibus aqui na cidade maravilhosa.
Santiago era profissional da imprensa,
lotado numa famosa rede de televisão, onde exercia o papel de cinegrafista. Trabalhador
competente, cidadão cumpridor de seus deveres,
eleitor e pai de família. Sua morte aconteceu durante o exercício de sua
profissão. Com uma câmera no ombro, ele filmava os acontecimentos no meio da
multidão. Repetindo uma jovem apresentadora de um telejornal: “Santiago trazia o jornalismo na veia”.
No Brasil, infelizmente morre tanta gente,
sendo uma grande maioria de trabalhadores e trabalhadoras, que corremos o risco
de acrescentarmos mais esse nome na lista e nas estatísticas da violência e
amanhã esquecermos o fato. A banalização da vida humana no país está se
tornando tão comum, que somos capazes de assistirmos aos noticiários nas horas
das refeições e não perdemos a fome.
Este episódio, em especial, aconteceu dentro da casa de milhares brasileiros, que
naquele momento assistiam aos telejornais. Foram cenas inimagináveis! Um cidadão
trabalhando quando um rastro de fogo o atinge. Ele ainda se curva segurando a
sua câmera e cai. Se fosse um filme, teria que ser proibido para menores.
Uma onda de indignação tomou conta do
país, da mesma forma que em 2011, outro cinegrafista de televisão também foi
assassinado durante a sua jornada de trabalho. Vítima, de bala perdida, Gelson Domingos da Silva, morreu durante uma operação da polícia, na favela de Antares,
na Zona Oeste do Rio e Janeiro.
Santiago e Gelson, brasileiros,
casados, cinegrafistas, trabalhadores que morreram no exercício de suas
profissões. A eles os nossos respeitos e
as suas famílias a nossa dor.
Infelizmente sabemos que apesar do
esforço de algumas autoridades, este acontecimento corre o risco de se perder
nos arquivos policiais e nos nossos cérebros.
Dizem que nós brasileiros temos
memória curta, que a nossa alegria contagiante nos leva esquecer rapidamente.
Porém, que pelo menos estes fatos, fiquem registrados nos jornais, livros,
revistas, blogs e outros meios de comunicação para que Santiago e Gelson façam
parte da História de um país que ainda luta por um processo democrático.
Edison Borba
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