Num bairro nobre da zona sul do Rio de Janeiro, um jovem
de quinze anos foi encontrado espancado e acorrentado a um poste. Levado pelos
soldados bombeiros, a vítima foi reconhecida como um “menor” com algumas
passagens pela polícia. Reconhecido como agente de alguns roubos e furtos na
área onde foi encontrada, a vítima, que também é autor de delitos, foi preso,
julgado e executado por um grupo de homens, que se intitula “justiceiros”.
Os “justiceiros” são produto de uma sociedade que se
sente desprotegida, por um governo ausente que não consegue exercer suas
funções adequadamente. Há um grande abandono da cidade, que não é um problema
novo, há anos (muitos anos), que o descaso e a incompetência é a marca
registrada dos governos. A justiça “pelas próprias” mãos, nos leva ao
primitivismo, ou seja, ao tempo em que não havia leis. O “olho por olho – dente
por dente” é algo assustador e que caracteriza o início do caos.
Este caso, aparentemente isolado, é apenas um elo de uma
corrente, que amarra todos os cidadãos num só problema, segurança. Diariamente os
meios de comunicação divulgam mortes, assaltos, tiros e tantos outros problemas
que tornam a vida na cidade uma verdadeira maratona de sobrevivência.
A cada dia, surgem novos grupos consumindo crack, um
problema que também é mais um elo na corrente da insegurança. O consumidor, liga-se ao vendedor, que está ligado ao
produtor, que está amarrado aos que transportam e assim, elo a elo, a corrente
envolve todos os habitantes, marginais e trabalhadores, num só problema. Direta
ou indiretamente fazemos parte do pacote, mesmo quando nos refugiamos em nossos
lares.
Estamos nos acorrentando em casa, a cada dia, mais
cerceados dos nossos direitos. Acorrentamos nossa família, para protegê-la dos
perigos da cidade, mas infelizmente, sem que percebamos estamos todos juntos e misturados,
acorrentados a um grande poste, na nossa cidade, Rio de Janeiro.
A questão dos “justiceiros” é muito séria! Eles refletem
os “milicianos”, que por sua vez são cópias dos “traficantes”. Todos quando
surgem, oferecem justiça e proteção, até se tornarem perigosos.
São problemas que geram problemas fazendo com que todos
os habitantes da cidade, estejam presos ao mesmo poste, junto com o adolescente
acorrentado.
Edison Borba
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