quinta-feira, 6 de fevereiro de 2014

JOVEM ACORRENTADO

    Num bairro nobre da zona sul do Rio de Janeiro, um jovem de quinze anos foi encontrado espancado e acorrentado a um poste. Levado pelos soldados bombeiros, a vítima foi reconhecida como um “menor” com algumas passagens pela polícia. Reconhecido como agente de alguns roubos e furtos na área onde foi encontrada, a vítima, que também é autor de delitos, foi preso, julgado e executado por um grupo de homens, que se intitula “justiceiros”.
Os “justiceiros” são produto de uma sociedade que se sente desprotegida, por um governo ausente que não consegue exercer suas funções adequadamente. Há um grande abandono da cidade, que não é um problema novo, há anos (muitos anos), que o descaso e a incompetência é a marca registrada dos governos. A justiça “pelas próprias” mãos, nos leva ao primitivismo, ou seja, ao tempo em que não havia leis. O “olho por olho – dente por dente” é algo assustador e que caracteriza o início do caos.
Este caso, aparentemente isolado, é apenas um elo de uma corrente, que amarra todos os cidadãos num só problema, segurança. Diariamente os meios de comunicação divulgam mortes, assaltos, tiros e tantos outros problemas que tornam a vida na cidade uma verdadeira maratona de sobrevivência.
A cada dia, surgem novos grupos consumindo crack, um problema que também é mais um elo na corrente da insegurança. O consumidor,  liga-se ao vendedor, que está ligado ao produtor, que está amarrado aos que transportam e assim, elo a elo, a corrente envolve todos os habitantes, marginais e trabalhadores, num só problema. Direta ou indiretamente fazemos parte do pacote, mesmo quando nos refugiamos em nossos lares.
Estamos nos acorrentando em casa, a cada dia, mais cerceados dos nossos direitos. Acorrentamos nossa família, para protegê-la dos perigos da cidade, mas infelizmente, sem que percebamos estamos todos juntos e misturados, acorrentados a um grande poste, na nossa cidade, Rio de Janeiro.
A questão dos “justiceiros” é muito séria! Eles refletem os “milicianos”, que por sua vez são cópias dos “traficantes”. Todos quando surgem, oferecem justiça e proteção, até se tornarem perigosos.
São problemas que geram problemas fazendo com que todos os habitantes da cidade, estejam presos ao mesmo poste, junto com o adolescente acorrentado.
Edison Borba

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