segunda-feira, 29 de novembro de 2010

SENHORAS DONAS PARTEIRAS

Mariana, Zezé, Maria, Sebastiana, Rozinha, Severina, Piró e Josefa são algumas entre tantas outras mulheres de mãos santas que ajudam a chegar ao mundo, diversos brasileirinhos. São as parteiras!  Essas mulheres estão desaparecendo. As  mudanças culturais onde as conversas familiares se tornam cada vez mais escassas seus conhecimentos estão deixando de passar adiante. Conhecimentos que seguem de avós para filhas e netas. De tias para sobrinhas e de amiga para amiga.
Entre  suas clientes encontramos meninas de doze anos, crianças que nem sabem o que está acontecendo em seus corpos e vidas. Criança gerando criança. Há também mulheres que já pariram dezenas de meninos e meninas e que ainda irão continuar com essa tarefa por muito tempo. São máquinas reprodutoras de cópias brasileiras que ficarão sem carimbo de reconhecimento e qualidade. A maioria não recebe registro de existência.
Essas sagradas senhoras, não existem apenas para o atendimento na hora do parto. Elas fazem um trabalho de acompanhamento pré-natal. Visitam suas clientes periodicamente durante a gravidez, se tornando   comadres, enfermeiras, conselheiras, madrinhas e rezadeiras. Receitam chás, banhos, benzeduras além de tantas outras coisas que garantem a sobrevivência de mães e filhos.
Durante o dia, noite ou madrugada, sob o forte sol e calor encarando chuvas e tempestades, elas vão onde existe uma vida para chegar. Todas essas mulheres possuem outros afazeres, são bordadeiras, artezãs ou agricultoras que recebem como “paga” pelos  seus serviços  presentes como galinhas, porcos, cestos de bananas, espigas de milho e potes de doces. Mas é o carinho, amor e agradecimento das famílias e o orgulho de ter trazido ao mundo tantos brasileiros, a sua melhor recompensa.
Essas senhoras, sem nenhum conhecimento científico,  ajuda tecnológica e pouco “letradas”, nos ensinam muito através de inteligentes observações sobre a vida:
            “Choro de menino novo é sinal de vida!”
“A gente não é Deus, mas recebe a ajuda dele!”
“Nossa Senhora do Parto é que me ajuda!”
“Perder um bebê dá uma dor de impotência!”
“Pai trabalha, mãe trabalha o menino que vai chegar também vai ser trabalhador!”
“Menino quando nasce já vai tomando conta de tudo!”
“Corto o cordão umbilical e solto o menino pro mundo!”
E como tem menino e menina soltos pelo mundo brasileiro, alforriados pelas mãos santas dessas santas mulheres!
Como ficará o Brasil caboclo, quando elas deixarem de existir?
Salvemos as parteiras, que através de suas ações garantem que não faltem mãos trabalhadoras para segurar a “grandeza” dessa Pátria Gentil – Terra amada Brasil!
                                        Edison Borba


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