sexta-feira, 7 de setembro de 2012

NOSSOS BRASILEIRINHOS

Dia sete de setembro do ano de dois mil e doze. Televisão apresentando as notícias da manhã. Jornalista, mulher inteligente e bonita, apresenta matéria sobre as famílias que trabalharam no lixão da cidade de São Gonçalo. Um grupo de homens mulheres e crianças, que sobreviviam com os resíduos encontrados no antigo depósito de lixo, e que após a sua desativação, buscam novas formas de vida, enquanto aguardam alguma solução das autoridades.
Durante o trabalho, a profissional da imprensa, entrevistou diversos homens e mulheres e entre dramas e tragédias, houve momentos de riso. Apesar de toda a miséria em que se encontram aqueles cidadãos, alguns coseguem manter a verve, a força e até alguma alegria.
Porém, a jovem Jornalista, reúne um grupo de crianças ao seu redor e inicia com elas uma conversa informal. Uma menina, de oito anos, apesar de apresentar uma aparência de menos idade, pela magreza e olhar triste,  questionada sobre alimentação, respondeu à profissional da imprensa, que para ela poder comer, a sua mãe abria mão da alimentação. E com a simplicidade dos anjos, coseguiu dizer: “- isso não é justo, minha mãe também precisa comer”.
A jornalista, naquele momento, tendo ao seu redor vários meninos e meninas, que possivelmente passam pela mesma situação, chorou. Com a voz embargada, pediu desculpas aos telespectadores e encerrou a matéria.
Essa mulher, profissional da nossa televisão, trabalhando com jornalismo, naquele momento representou toda nação trabalhadora, que não aguenta mais viver num país de tantas desigualdades sociais.
“Nossos brasileirinhos”, como é comum ouvirmos da nossa Presidente, ao se referir às nossas crianças,  crescem desnutridos. Não recebem educação de qualidade. São obrigados e sobreviverem em condições precárias de higiene e saúde. Um país, que se orgulha em receber a Copa do Mundo e as Olimpíadas, de ver alguns de seus monumentos tombados como patrimônio da humanidade, e exibe uma natureza exuberante e rica, não consegue alavancar  as questões sociais. Nas classes políticas, a corrupção ainda é uma realidade. A falta de humanidade e escrúpulos entre alguns empresários que destroem nossa natureza transformando rios em depósitos de produtos químicos. Esse país de contrastes não tem tempo para cuidar de seus brasileirinhos, que são usados como material de propaganda nos períodos de eleição. A distribuição de bolsas e mais bolsas, numa atitude protecionista, não resolve as questões básicas da miséria brasileira.
Nossos brasileirinhos, das diversas regiões  ainda terão que caminhar muito sob  sol ardente, pés no chão e barriga vazia, para frequentarem escolas mal cuidadas e professores mal remunerados. Muitos morrerão antes da adolescência e diversos pais e mães, terão que deixar de comer para que seus filhos possam sobreviver.
Nossos brasileirinhos, me junto à jornalista e também choro por vocês!
Edison Borba

 

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