segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

O CHARME DOS VILÕES

          Que me desculpem os galãs e as mocinhas, mas o charme dos vilões e vilãs,  é inquestionável. Chega-se em alguns momentos a torcer por eles. Na maior parte da trama, mostram-se mais inteligentes conseguindo representar  diferentes emoções. São personagens imprevisíveis, capazes de criar dúvidas em nossos sentimentos.
Atualmente, estão em exibição  em vários canais  folhetins que abrem espaço para essas criaturas do mal, fazerem a festa. Independentemente da atuação do ator ou atriz, a postura dos vilões é um prazer à parte.
Quem não fica inebriado com a presença da malvada Baronesa – Constância.. Capaz de amar e odiar na mesma intensidade. Entre o neto e a “nora”, ela passeia sentimentos múltiplos.
Vivendo situação opostamente semelhante, Berenice, é o espelho da Baronesa. Tão má e tão amante do seu companheiro, a quem manipula deliciosamente. Uma no castelo, outra na favela, mas ambas deliciosamente cruéis.
Podemos somar a essas duas vilãs, outra extremamente ferina, a mãe do delegado. Dona Eulália escondida pela batina do padre e as rezas de confessionário, é cruelmente maliciosa. É capaz de destilar seu veneno em meio às orações, numa crueldade cristã de dar inveja ao demônio.
Todas são maravilhosamente más. Suas presenças são marcantes, deixando as mulheres do bem, sempre atônitas com suas múltiplas formas de enganar.
Em outro canal, é a vez do galã  vilão. Escondido por uma aparência de bom menino, ele (Dagoberto) apaixona as mulheres que o rodeiam. Entre crimes e mentiras  encanta pela astúcia e aparência  de  menino carente, deixando a turma do bem, com suas vidas comprometidas com  suas artimanhas.
Viajando entre Brasil e Turquia, o russo encanta mulheres  experientes. Usando de um charme, oposto aos dos galãs bonzinhos, esse vilão é capaz de conquistar gatos e gatas com suas pegadas de  galã às avessas.
O personagem Wanda nos encanta pela capacidade de driblar a vida. Age com tanta naturalidade que às vezes chegamos a duvidar das suas intenções. Para ela o mal e o bem estão separados apenas por um ponto de vista, o dela.
E assim, as novelas mostram um lado desumano da vida. Sabemos que no final, o bem sempre vence o mal, apesar das dificuldades para se chegar a esse desfecho.
Os vilões são tão perfeccionistas, inescrupulosos, cautelosos e inteligentes que os autores se tornam suas vítimas. Para exterminá-los são obrigados a criar finais pouco prováveis de serem levados a sério.
A vida imita a arte ou a arte imita a vida: nesse quesito temos verdadeiros exemplos de que os maus vêm superando os bons. Não é necessário fazermos grandes esforços para encontrarmos exemplos em nossos dias. Quando abrimos os jornais, encontramos condenados eleitos para ocupar cargos de altíssima importância no país. Assistimos passivamente nossa sociedade apoiando os vilões, enquanto os mocinhos se perdem em discursos vazios.
Apesar de constrangido, tiro o meu chapéu para eles.
Edison Borba

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