(por) Edison Borba
Anel
de ouro, com a imagem de São Jorge, num dos dedos da mão esquerda. Mãos
calejadas de manusear seus instrumentos de trabalho. Braços fortes, olhar
tranquilo e um bonito bigode. Cabelos escuros, penteados para trás davam a ele
um ar austero. Homem de poucas palavras, mas de coração bondoso. Paixão pelo
Vasco da Gama, seu time querido, boa cerveja e comida farta sobre a mesa, que
sempre estava “arrodeada” de amigos.
Esta
visão, mágica visão, é a que tenho do meu pai, “seu” Oswaldo ou simplesmente
Vadinho, que gostava de vadiar, nos bares e mesas de sinuca.
Homem
forte, ainda de madrugada caminhava para o trabalho. Era capaz de carregar,
sobre seus ombros pesados fardos de carne. Nunca reclamou da vida, curtia uma
boa caneca de café na qual ele mergulhava fatias de pão.
Cresci
admirando aquele homem simples, trabalhador, silencioso mas que era capaz de
falar “coisas” engraçadas fazendo rir toda a família.
Tento
não deixar escapar sua imagem da minha memória! Lembro de segurar a sua mão,
enquanto caminhávamos rumo ao circo. Perto dele, sentia-me seguro. Cresci, me
transformei num adulto, mas quando estava ao seu lado, eu voltava a ser um
menino.
Sinto
sua falta! Saudade de quando ficávamos sentados num banco de pedra, que havia
no jardim da nossa casa. Lado a lado, meu ombro encostado no seu ombro. Ambos
calados! Silenciosos! Pai tenho que ir trabalhar! Portão aberto para eu sair! Benção pai! Vai
com Deus meu filho!
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