Essa
pergunta é feita às crianças diariamente em todas as partes do mundo. Um questionamento confuso e que ao ser feito,
nega a existência do indivíduo.
Toda
criança é um ser pensante que possui
desejos, vontades e sonhos, que irão se modificando a medida que o desenvolvimento acontece.
O
que você vai ser, causa a impressão do “não
ser nada”. É como se o perguntado não existisse e somente ao chegar à idade
adulta poderá ser alguma coisa.
Muitas
vezes, quando fui questionado dessa forma, eu não sabia o que responder e na
minha confusão mental sofrendo a pressão
do adulto, inventava algo, para ficar livre da situação.
Sozinho,
ficava imaginando um milhão de coisas, de pessoas e profissões. Porém, tudo
estava muito longe da minha vida.
Como
chegar a ser algo, se eu nada sou? Como eu farei para ser? Como se faz um
trabalhador?
Para
piorar a situação, até na escola o fato se repetia. Levei anos estudando sem
saber o motivo de receber tantas informações.
Leituras,
números, mapas e histórias de um tempo que eu não conseguia localizar no meu
cotidiano. Fui cumprindo todas as etapas sem conseguir objetivar os conteúdos na
minha vida.
Pedro
Álvares Cabral, rio Amazonas, somar e dividir, informações confusas eram para
mim elementos complexos e que surgiam como fantasmas em meus sonhos.
O
tempo passou novas práticas pedagógicas surgiram, tecnologias foram criadas;
aparelhos sofisticaram as salas de aula, mas esse processo de conquista e “enamoramento”
pela saber ainda não atingiu a sua
função. É muito raro encontrar escolas, que conseguem cativar seus alunos. Não me
refiro, ao uso de computadores ou de instrumentos similares, mas ao prazer pelo
adquirir conhecimento.
Acredito
que está acontecendo uma confusão entre gostar de “mexer” nos aparelhos e
gostar de aprender. Ter vontade de saber pelo prazer de aprender. Ficar diante
de um computador e saber ligar, desligar, teclar e conectar não torna ninguém
crítico e capaz de desenvolver conceitos claros sobre cidadania.
Nossas
crianças e jovens são seduzidas pelo lúdico das salas de bate papo, face books,
orkuts, mas não são levadas a tirar proveito dessa parafernália, no sentido de
sua formação pessoal.
As
famílias e as escolas quando perguntam: “o que você vai ser quando crescer?”
esquecem daquilo que a criança já é, e, o que está sendo oferecido a ela para ser.
As
escolas continuam convivendo com problemas de aprendizagem, disciplina,
aproveitamento, discriminação e relacionamentos, misturados aos celulares,
computadores e outras modernidades.
Lembrando
a raposa do Pequeno Príncipe – “tu te tornas eternamente responsável pelo que
cativas”, precisamos urgentemente cativar nossas crianças e jovens, antes que
outros indivíduos o façam. E sem nenhum escrúpulo são capazes de seduzi-las e conquistá-las
através de técnicas pouco pedagógicas e
nada ortodoxas para caminhos extremamente nocivos e sem perguntar, “o que você
vai ser quando crescer?”.
Edison Borba
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