domingo, 5 de agosto de 2012

O QUE VOCÊ VAI SER QUANDO CRESCER?

Essa pergunta é feita às crianças diariamente em todas as partes do mundo. Um  questionamento confuso e que ao ser feito, nega a existência do indivíduo.
Toda criança é  um ser pensante que possui desejos, vontades e sonhos, que irão se modificando a  medida que o desenvolvimento acontece.
O que você  vai ser, causa a impressão do “não ser nada”. É como se o perguntado não existisse e somente ao chegar à idade adulta poderá ser alguma coisa.
Muitas vezes, quando fui questionado dessa forma, eu não sabia o que responder e na minha confusão mental  sofrendo a pressão do adulto, inventava algo, para ficar livre da situação.
Sozinho, ficava imaginando um milhão de coisas, de pessoas e profissões. Porém, tudo estava muito longe da minha vida.
Como chegar a ser algo, se eu nada sou? Como eu farei para ser? Como se faz um trabalhador?
Para piorar a situação, até na escola o fato se repetia. Levei anos estudando sem saber o motivo de receber tantas informações.
Leituras, números, mapas e histórias de um tempo que eu não conseguia localizar no meu cotidiano. Fui cumprindo todas as etapas sem conseguir objetivar os conteúdos na minha vida.
Pedro Álvares Cabral, rio Amazonas, somar e dividir, informações confusas eram para mim elementos complexos e que surgiam como fantasmas em meus sonhos.
O tempo passou novas práticas pedagógicas surgiram, tecnologias foram criadas; aparelhos sofisticaram as salas de aula, mas esse processo de conquista e “enamoramento” pela saber ainda não atingiu  a sua função. É muito raro encontrar escolas, que conseguem cativar seus alunos. Não me refiro, ao uso de computadores ou de instrumentos similares, mas ao prazer pelo adquirir conhecimento.
Acredito que está acontecendo uma confusão entre gostar de “mexer” nos aparelhos e gostar de aprender. Ter vontade de saber pelo prazer de aprender. Ficar diante de um computador e saber ligar, desligar, teclar e conectar não torna ninguém crítico e capaz de desenvolver conceitos claros sobre cidadania.
Nossas crianças e jovens são seduzidas pelo lúdico das salas de bate papo, face books, orkuts, mas não são levadas a tirar proveito dessa parafernália, no sentido de sua formação pessoal.
As famílias e as escolas quando perguntam: “o que você vai ser quando crescer?” esquecem daquilo que a criança já é, e, o que está sendo oferecido a ela para ser.
As escolas continuam convivendo com problemas de aprendizagem, disciplina, aproveitamento, discriminação e relacionamentos, misturados aos celulares, computadores e outras modernidades.
Lembrando a raposa do Pequeno Príncipe – “tu te tornas eternamente responsável pelo que cativas”, precisamos urgentemente cativar nossas crianças e jovens, antes que outros indivíduos o façam. E sem nenhum escrúpulo são capazes de seduzi-las e conquistá-las através de  técnicas pouco pedagógicas e nada ortodoxas para caminhos extremamente nocivos e sem perguntar, “o que você vai ser quando crescer?”.
Edison Borba

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