quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

AS MULHERES DE ALCAÇUZ (ou serão de Atenas?)




Rio Grande do Norte, estado do nordeste brasileiro, presídio de Alcaçuz, janeiro de 2017. Rebelião transforma o local num inferno. Os presos se enfrentam numa guerra entre facções rivais. Luta sangrenta na qual não há vencedores ou perdedores, apenas confronto, sangue, mortos, cabeças decepadas, deixando evidente que o sistema carcerário brasileiro está falido.

Do lado de fora, mulheres mães, mulheres esposas, mulheres amantes, mulheres irmãs, mulheres filhas – mulheres. Elas choram e gritam. Ajoelhadas na terra vermelha do sertão,  carpem seus mortos em tristes lamentos.

Como em “Morte e Vida Severina” de Suassuna, elas sabem que restará apenas as covas rasas onde seus homens serão enterrados. Pequenos lotes onde seus amores habitarão, para a eternidade como parte que lhes cabe de um latifúndio.

As mulheres de Alcaçuz, lembram as de Atenas, que choram por seus heróis, orgulho das guerras. Para elas todos são amados, heróis errados que lutam armados, pela sobrevivência de uma vida que já nem vale mais a pena ser vivida.

Mulheres de Alcaçuz ou as mulheres de todos os detentos que ocupam as cadeias do Brasil, que mais se parecem ratoeiras, espalhadas por todo o território brasileiro, sabem que seus homens se conseguirem sair ou fugir destes infernos, estarão em piores condições humanas.

Ah! Mulheres de Atenas ou de Alcaçuz choram e se martirizam por seus amores, não importa o que fizeram, ou que dores causaram, para elas todos são garotos arteiros que precisam de colo e carinho para que se transformem em seus queridos meninos.

Edison Borba

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