Na minha vida de
estudante e de Professor, participei de muitas reuniões da SBPC. Estive em
várias em diversos estados, como: RJ,
SP, MA, RS, PE e outros. Além das palestras proferidas por excelentes
pesquisadores brasileiros e de outros países, as apresentações de experiências
profissionais, nos enriqueciam como cidadãos e trabalhadores. Havia muita
interação e nos grupos que se formavam, experiências Pedagógicas eram trocadas
entre os Docentes. Foi numa dessas reuniões que uma professora da Região Norte,
fez uma observação, sobre o material didático que ela havia recebido para
trabalhar como alfabetizadora. A colega, de maneira simples falou com
serenidade e seriedade: “Gente em minha terra, a vovó não vê a uva. Lá ele vê o
açaí, o murici e o camu-camu!”
Houve risos, e eu
também naquele momento não alcancei a excelente crítica que a professora fez ao
seu material didático, cujo conteúdo estava distante da sua realidade. Ela
questionou o processo “elitizado” do material escolar, que privilegiava os usos
e costumes de outras regiões brasileiras, talvez mais “ricas”.
Depois de algum tempo,
lembrando o que ouvi naquela reunião da SBPC, pude perceber o quanto, naquela
época, os “construtores” da metodologia educacional do meu País, pouco sabiam
da nossa realidade.
Hoje, ao lembrar este
“causo” acontecido nos anos 80, ainda me questiono se as mudanças realmente
aconteceram ou se todas as vovós brasileiras “ainda” continuam a ver a uva.
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