quarta-feira, 30 de julho de 2014

SEPULCRO

Sobre a minha cabeça escuridão sufocante
Estranhos ruídos ouço, sem poder movimentar-me

Sinto meu corpo sendo corroído lentamente
Vermes, começam a se banquetear

Como cristão, cumpro a sentença de ser apenas pó
Um resquício de consciência me faz lembrar quem fui

Homem elegante, gravatas e camisas de seda
Parido em berço de ouro, criado em vastos salões

Amante das artes, amado por artistas
Respeitado por religiosos para os quais nunca faltou ajuda

Por Deus temente, apenas pelos bens materiais
Amor nunca fez parte de minha vida,

Supérflua questão, que domina os fracos
Assim vivi. Assim convivi.

Fui vencedor. Homem de estrela. Dominador.
Conquistar e preservar. Não dividir. Aproveitar.

Metas traçadas para o bem viver
De viver bem, entre vinhos e delícias

Amantes descartáveis. Juras compradas.
Risos. Festas. Amigos bem remunerados.

Uma dor forte. Lancinante atingiu o coração.
Escuridão!

Aqui estou deitado sobre almofadas apodrecidas
Acompanhado por vermes que saciam sua fome

Ainda tento ser um ser dentro do sepulcro
Sei que a viagem terminou

Apenas uma lápide, informa quem eu fui e não quem eu sou!

Edison Borba

 

 

 

 

.

Nenhum comentário:

Postar um comentário