Estranhos ruídos ouço, sem poder movimentar-me
Sinto meu corpo sendo corroído
lentamente
Vermes, começam a se banquetear
Como cristão, cumpro a sentença de
ser apenas pó
Um resquício de consciência me faz
lembrar quem fui
Homem elegante, gravatas e camisas
de seda
Parido em berço de ouro, criado em
vastos salões
Amante das artes, amado por artistas
Respeitado por religiosos para os quais
nunca faltou ajuda
Por Deus temente, apenas pelos bens
materiais
Amor nunca fez parte de minha vida,
Supérflua questão, que domina os
fracos
Assim vivi. Assim convivi.
Fui vencedor. Homem de estrela. Dominador.
Conquistar e preservar. Não dividir.
Aproveitar.
Metas traçadas para o bem viver
De viver bem, entre vinhos e
delícias
Amantes descartáveis. Juras compradas.
Risos. Festas. Amigos bem remunerados.
Uma dor forte. Lancinante atingiu o
coração.
Escuridão!
Aqui estou deitado sobre almofadas
apodrecidas
Acompanhado por vermes que saciam
sua fome
Ainda tento ser um ser dentro do
sepulcro
Sei que a viagem terminou
Apenas uma lápide, informa quem eu
fui e não quem eu sou!
Edison Borba
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