(por) Edison
Borba
Um telejornal, esses do
horário da manhã, apresentou o resultado de uma pesquisa que apontou para – na
sociedade moderna, ninguém quer perder tempo! Porém, perguntamos: que tempo? O
resultado da pesquisa nos dá a impressão de que o “tempo” é algo sólido, que
podemos segurar, prender ou gastar como eu quiser. Mas tempo não é isso. Tempo
é algo que não há como guardar, acumular ou perder. Como eu posso perder aquilo
que eu não posso reter. As primeiras palavras desse texto foram escritas a
alguns segundos que já não me pertencem. Quando eu consigo adiantar algum
compromisso, e afirmo que me sobrou tempo para sentar-me à beira mar e saborear
um gostoso sorvete, não se enquadra no mundo da Física. Porque o que
supostamente ganhamos já começamos a perder, imediatamente, após o termino do
compromisso, quando estamos à caminho da sorveteria. O tempo é retilíneo, não
para nunca, seguindo sempre o tique – taque dos ponteiros dos segundos. Se eu
ganho, eu gasto imediatamente após ganhar, logo nada pode ser acumulado quando
se trata de tempo. Estou aqui frente ao computador escrevendo, gastando o tempo
que tenho de vida e que eu poderia estar lendo, mas ao ler, estarei perdendo um
tempo que poderia estar na praia, logo em se tratando de tempo, o ganhar e o
perder estão no mesmo plano.
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