quinta-feira, 18 de julho de 2019

QUEREMOS VIVER



(por) Edison Borba

De um lado a polícia e do outro a população
Tiros, gritos é mais um corpo no chão
Quem atirou? Quem matou?
Era um trabalhador? Tinha carteira assinada!
Estava armado! Há um revolver ao seu lado!
Mas, a arma não é dele. Foi alguém que a “plantou”
A mãe está em prantos. O pai silencioso.
A comunidade vai queimar pneus
Vai fazer barricada e não vai adiantar nada
Mais um corpo na calçada
Já não representa nada
Amanhã a chuva lava a rua e o sangue se esvai
Ninguém mais vai lembrar do homem que era pai
Deixou viúva e três filhos, muitas dívidas e dor
Quem irá se lembrar desse homem, que dizem
“era trabalhador!”
Amanhã haverá outro corpo para velar
Amanhã haverá outro morto na calçada
Amanhã haverá discussão e oração
Quem morreu? Quem matou!
Ninguém mais quer saber
Recolhe o corpo que queremos viver!

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