segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

A DOR É MINHA ...

(por) Edison Borba
                                 

Uma simples dor de cabeça, aquela que vem devagarzinho e passa o dia todo com a gente, incomodando, aborrecendo tirando-nos o prazer de viver. Essa dor tão comum, que acomete um grande número de pessoas, é simplesmente única. Cada um tem a sua própria dor de cabeça.
Outras dores que invadem nosso corpo deixando-nos incomodados com um dente, rins, estômago ou qualquer outra parte do organismo é sempre individual. Ninguém saberá jamais avaliar o que sente o outro. “A dor é minha em mim doeu” afirmou o poeta.
Porém, existem situações em que o corpo não está doente. Nenhuma parte dele está desorganizada. São questões que provocam dores violentamente fortes e difíceis de ser entendidas e curadas. Elas acontecem fora do nosso corpo, são situações que nos cercam e que se transformam em algo muito maior que uma dor orgânica. São fatos, acontecimentos, coisas que fogem ao nosso controle, mas que nos atingem como bombas nucleares. Machucam, sangram, deixam cicatrizes e é necessário que haja muita força para aceitá-los e conviver com as marcas que ficam em nossa vida. 
Enumerar essas dores é impossível, mas citar algumas pode nos indicar à sua delicada forma de nos fazer sofrer, como: Arrumar o quarto do filho que morreu. Ficar sozinho vendo seu amor ir ao encontro de outro alguém. Ser acusado por algo que não se fez. A ingratidão, principalmente de quem gostamos muito. Ser discriminado. Desconhecer o paradeiro de alguém querido.
Essas e outras dores, são difíceis de explicar, elas ultrapassam a carne, entram pelo corpo físico e atingem o espírito, a alma, o âmago causando um sentimento muito maior do que uma dor física. Não existe na medicina, analgésico capaz de diminuir o sofrimento causado por esses males.
O tempo, a fé, a ocupação com tarefas de utilidade pública, o cultivo de flores são algumas formas de cicatrização para essas feridas. Cada um deve buscar uma forma de remédio para sanar suas dores. Transformá-las em amor por algo, alguém ou até um animal pode minimizá-las. Mas, as marcas causadas serão cicatrizes que jamais deixarão de existir.


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