quarta-feira, 2 de outubro de 2019

GOTAS DE MÁGOA!

(por) Edison Borba
                                                 


Bastou uma gota para do cálice transbordar, e o vinho manchar a bela toalha de linho branco, que cobria a  mesa de mogno. Sentada à mesa frente ao cálice do tinto vinho, uma gota de lágrima, escoria pela face pálida da mulher solitária. Ali, sozinha frente ao jantar servido, apenas ela e seus sentimentos. Mais uma noite vazia, solitária sem a presença de seu grande amor. Lembranças da despedida, quando sob uma chuva fina, seu rosto molhado pelas gotas que do céu caiam, misturavam-se com suas lágrimas. Um amor quase perfeito! Durou o tempo dos sorrisos, dos abraços, dos afagos e da amizade. Tudo lindo e borrifado por gotas de amor. Eles amavam de correr na noite deixando que gotas de orvalho lhes molhassem seus corpos. Dançavam sob a chuva e se fartavam com os sabores das águas límpidas das cacheiras. Podemos dizer esse amor sempre foi abençoado por águas bentas, dessas que recebemos nas igrejas e templos. Certo dia, uma gota diferente foi notada no corpo dele. Era uma dessas gotinhas perfumadas, que são capazes de provocar uma chuva de dúvidas. Essa ínfima gotícula, foi capaz de inundar de mágoas o seu coração. A mulher solitária disse não! Ele partiu! Não acenou, não se despediu. Apenas partiu, levando com ele todos os seus amores. Agora, mais uma vez sozinha, ela se lembra das muitas gotas de suor de seus corpos entrelaçados de amor. As gotas, mínimas porções de líquidos! Pequenas, mínimas mas que são capazes de fazer transbordar um oceano, fazer derramar um copo e tirar a paz de um coração. Ele, foi a gota d'água, que a fez virar solidão!

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